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Roda-gigante em SP divide moradores; projetos do tipo se espalham pelo Brasil

Iniciativas inspiradas na London Eye também chegaram ou estão planejadas para Rio, Balneário Camboriú, Porto Alegre e Foz do Iguaçu

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Foto do author Priscila Mengue

Inspirados na London Eye, na Inglaterra, projetos de grandes rodas-gigantes ganham espaço em cidades brasileiras, com elogios e também insatisfação de parte dos moradores do entorno. O primeiro foi inaugurado em 2019 no Rio, mas há previsão de semelhantes em Balneário Camboriú (SC), Porto Alegre, Foz do Iguaçu e São Paulo

A roda gigante paulistana, prevista para o fim de 2021, será instalada dentro do Parque Cândido Portinari, nas proximidades de bairros de classes média e alta da zona oeste, como Alto dos Pinheiros, Vila Leopoldina e City Boaçava. Entre a população, a novidade divide opiniões, recebendo tanto críticas por um possível aumento de circulação de pessoas de outras regiões quanto elogios daqueles interessados em frequentar a atração.

Projetos de grandes rodas-gigantes ganham espaço em cidades brasileiras Foto: Levisky Arquitetos

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A variedade de opiniões ocorre até mesmo dentro de associações de bairro, como a Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros (SAAP). Representante da entidade no conselho dos Parques Villa-Lobos e Portinari, a psicóloga Maria Helena Bueno, de 77 anos, não gostou da novidade. “Eu e o representante da SAB (Sociedade Amigos do Boaçava) manifestamos nossa discordância em virtude do provável impacto na vizinhança."

Já a arquiteta Ignez Barreto, de 66 anos, nova representante da associação no conselho dos parques acredita que o debate sobre a iniciativa foi prejudicado pela pandemia, mas elogia. “Me pareceu maravilhoso, muito bem feito e profissional, de grande envergadura, que deverá se transformar num ponto turístico relevante para a cidade”, diz. 

“A localização exigirá uma solução de acesso com mais alternativas, para conectar a atração ao entorno, bem como um estudo para equacionar a capacidade de estacionamento necessária”, afirma. “A cidade carece de atrações abertas a todos os públicos. E, num espaço público, é importante que assim seja.”

Proposta virou alvo de piadas e críticas também na intenet

Na internet, o tema também virou alvo de piadas, especialmente por estar perto do Rio Pinheiros, conhecido pela poluição e presença de insetos. “Provavelmente será movida por pernilongo”, brincou um perfil em rede social. “Até dentro do metrô de Pinheiros, quase no centro da terra, tem os malditos”, completou outro.

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Em uma publicação do Estadão sobre o espaço na internet, um comentário dizia apenas “imagina a fila da ralé”. Esse tipo de declaração fez com que internautas lembrassem de outras manifestações nos últimos anos envolvendo bairros nobres, como a de parte dos moradores de Higienópolis, no centro expandido, contra uma estação de metrô e o recente inquérito aberto por um promotor por causa do barulho de uma escola pública em Pinheiros, também na zona oeste.

O empreendimento de São Paulo tem previsão de inauguração em 2021, dentro de um pacote de intervenções de “revitalização” do Rio Pinheiros Foto: Concorrência nº 02/2020/CPP/Reprodução

Sobre a polêmica com moradores, o Estadão também procurou a Sociedade Amigos do Boaçava (SAB), que não quis se pronunciar sobre o tema. Na quinta-feira, ela afirmou a uma reportagem do portal G1 que solicitaria um estudo de impacto, pois considerava o estacionamento do parque insuficiente para atender o possível aumento do fluxo de frequentadores. 

Objetivo é atrair investimento, diz governo Doria

Com 90 metros de altura, o empreendimento de São Paulo tem previsão de inauguração em 2021, dentro de um pacote de intervenções de “revitalização” do Rio Pinheiros, o que inclui despoluição das águas até dezembro de 2022, segundo a gestão João Doria (PSDB), por meio de um programa focado em saneamento básico. 

Única a apresentar proposta para a concorrência pública, a empresa SPBW terá um ano para instalar o equipamento após a celebração do termo de permissão de uso, com ao menos 42 cabines climatizadas e com vista 360 graus. O espaço deverá ter banheiros e espaço de espera e será instalado em uma área de 4,5 mil m², junto à Praça de Eventos do parque, que é estadual.

A empresa terá de pagar R$ 141 mil mensais (a oferta mínima era de R$ 140 mil) ou 10% do faturamento bruto, o que for maior, ao Governo do Estado pelo uso da área por 10 anos. É previsto funcionamento obrigatório nos sábados, domingos e feriados, enquanto os demais dias são facultativos.

A permissionária poderá cobrar ingresso pelo uso, mas deverá destinar parte do total para a população de baixa renda. Além disso, precisará pedir autorização caso pretenda realizar outras formas de exploração comercial do espaço.

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Segundo o edital, o governo não será responsável pela realização de qualquer obra, reforma ou manutenção na área, assim como pelo fornecimento de equipamentos, insumos, móveis, utensílios e mão de obra necessários ao funcionamento. Da mesma forma, as despesas de energia e água deverão ser pagas pela empresa.

Em nota, a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo ressaltou que a instalação tem o objetivo de “atrair investimentos para a manutenção dos parques urbanos estaduais, além de fomentar ações de educação ambiental e ser uma opção de lazer para toda a população”. A reportagem procurou a empresa SPBW, que preferiu não se manifestar.

Ministério do Turismo já destacou profusão de atrações com rodas-gigantes

A profusão de rodas-gigantes já foi até destacada pelo Ministério do Turismo, que citou a iniciativa de algumas empresas do setor, como a Gramado Parks, idealizadora do projeto em Foz e para outras cinco cidades não reveladas. 

No final de 2019, Governo do Rio de Janeiro inaugurou a Rio Star, que está entreas maiores rodas-gigantes de todo o mundo Foto: Wilton Júnior/Estadão

No Rio, a estrutura, batizada de RioStar, fica na região turística Porto Maravilha e tem ingresso individual ao custo de R$ 59 (online) e R$ 70 (bilheteria). Os responsáveis pela roda-gigante dizem que é a mais alta da América Latina, com 88 metros, título que seria perdido com a inauguração do projeto paulistano. Antes da RioStar, moradores chegaram a criar abaixo-assinado contra uma iniciativa semelhante para Praia de Botafogo, na zona sul.

Já em Balneário Camboriú, por outro lado, a população chegou a fazer uma petição de apoio ao projeto após ele ser temporariamente suspenso pela Justiça. O motivo foi envolver uma área de proteção ambiental.

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