JORNAL DA TARDE"Aparições" de saci estão mais frequentes em São Paulo. Grafitado em ruas e viadutos da cidade, o personagem tem sido usado para apontar problemas urbanos e sociais. Pelo menos esta é a proposta do Saci Urbano, criado pelo artista plástico Thiago Vaz para ironizar, por exemplo, violência, falta de espaços de lazer e consumo exacerbado.Em uma parede no Conjunto Zarvos, na Consolação, o saci aparece para criticar preconceitos na abordagem policial a negros. No Viaduto Armando Puglisi, no Bexiga, critica a Prefeitura, que apaga grafites feitos por outros artistas nas pilastras.Vaz explica que a ideia surgiu em 2008 e buscou na infância o personagem. "O saci é a união da ciência com o folclore. Ele é a inteligência ignorada."O Saci Urbano divide opiniões. Para o comerciante Márcio Alexandre, dono de uma floricultura no Conjunto Zarvos, que é tombado, o desenho polui a cidade. "Faz um bom tempo que esse e outros trabalhos foram feitos aqui e o conselho responsável pela manutenção de patrimônios históricos não faz nada." A dona da banca de jornal perto do Viaduto Armando Puglisi, Elenir Dias da Mota Teixeira, discorda. "Acho legal a forma como ele retrata os problemas da cidade. Muitas pessoas passam por aqui e ficam observando." Segundo o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), as intervenções precisam de avaliação do órgão. Por outro lado, a manutenção do espaço é de responsabilidade do proprietário. A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras informa que esse tipo de trabalho não é proibido, mas é preciso fazer um acordo com o órgão responsável pelo espaço público para que haja autorização.Até no exterior. São Paulo não é a única cidade onde o Saci Urbano já foi retratado. Vaz conta que o personagem está presente também em Santos, no Rio e até em outros países, como França e Cuba. O convite para mostrar o trabalho no exterior foi feito pelo artista e fotógrafo francês, Eric Marshall. Segundo Vaz, enquanto seu trabalho encontra resistência de órgãos públicos paulistas, que, segundo ele, apagam os desenhos, em Paris ele foi preservado.J
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