As caminhadas à beira-mar, nas primeiras horas da manhã, são sagradas para Maria do Rosário Evangelista, de 76 anos. “O céu ainda está clareando e já estou na praia”, comenta a aposentada, que nasceu em Coronel Xavier Chaves, na região de São João Del Rei - a 174 quilômetros de Belo Horizonte (MG) -, e mora em Santos, no litoral sul paulista, desde 1997.
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Maria conheceu o município paulista muito tempo antes de deixar para trás a terra natal. “Toda vida gostei daqui”, diz. Ela faz parte de uma população que encontrou na Baixada Santista muitas qualidades para uma vida saudável.
Andar na praia é certamente a atividade mais praticada, mas outros detalhes atraem cada vez mais a atenção de mulheres e homens, representantes da geração sênior - ou a terceira idade -, que busca bem-estar. Atualmente, entre os 434.359 habitantes de Santos, 80.353 têm mais de 60 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Muitos, a exemplo de Maria do Rosário, decidiram carregar “mala e cuia” para aproveitar o que a cidade oferece.
O Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL) - iniciativa do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP) - considerou Santos a melhor cidade no Brasil para se viver após os 60 anos. Florianópolis, Porto Alegre, Niterói, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Jundiaí, Americana, Vitória e Campinas também estão na lista. O estudo usou uma metodologia inédita, com o cruzamento de 63 indicadores divididos em sete variáveis (indicadores gerais, cuidados de saúde, bem-estar, finanças, habitação, educação e trabalho, cultura e engajamento), de 498 cidades brasileiras de grande e pequeno porte, avaliando até o clima.
O trabalho durou 14 meses, de julho de 2015 a setembro de 2016. “Um dos principais objetivos da pesquisa é mostrar ao gestor público que a cidade tem qualidades, mas também pode melhorar em muitos aspectos”, explica Antônio Leitão, gerente do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.
Santos teve destaque na economia por apresentar um pequeno porcentual da população com baixa renda, também pela elevada nota em cultura e engajamento e por ser uma das cinco com melhor nota em bem-estar. “O fato de Santos liderar o ranking não significa que a cidade não tem problemas”, afirma Leitão. “A desigualdade na distribuição de renda é um fator que merece atenção. E, uma vez que o município é líder no índice de envelhecimento, é necessário ampliar a oferta de condomínios residenciais para idosos”, diz o gerente.
Três rankings foram elaborados. Um para o envelhecimento da população em geral, outro para pessoas com idade entre 60 e 75 anos e o terceiro para aquelas acima de 75 anos. Para Ana Bianca Flores Ciarlini, coordenadora de Políticas da Pessoa Idosa da Prefeitura de Santos, não é surpresa que a cidade esteja no topo dessa lista, mas sim fruto de um trabalho voltado especificamente para essa população. “Nós temos diversos programas e ações instaladas em várias secretarias, centros de convivência com atividades ao longo de todo o dia e o Espaço do Idoso, onde oferecemos 30 modalidades. O atendimento foi ampliado neste mês e passamos a receber mil pessoas diariamente”, diz a coordenadora.
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A base, explica Ana Bianca, é o conceito do envelhecimento ativo. “Abrimos vagas para cursos de educação financeira, fotografia, arteterapia e outras disciplinas. A cidade mantém atividades esportivas na praia, principalmente na água, e também nos postos dos bombeiros ao longo da orla. E estamos elaborado uma pesquisa sobre o trabalho de mindfulness (técnica de meditação).”
As 25 cidades melhores (e as 25 piores) para envelhecer no Brasil
1 / 53As 25 cidades melhores (e as 25 piores) para envelhecer no Brasil
Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade
A pesquisa identifica ambientes amigáveis para idosos, levando em conta aspectos como cuidados de saúde, bem-estar, transporte, situação financeira, t... Foto: REUTERS/Ricardo MoraesMais
AS PIORES: 20 - Mossoró (RN)
O índice de longevidade em Mossoró, no Rio Grande do Norte, é 20º pior entre as cidades com mais de 100 mil habitantes avaliadas Foto: Gildo Bento/Ministério do Turismo
AS PIORES: 2 - Ananindeua (PA)
Na 2ª posição entre os municípios com as piores taxas de longevidade está Ananindeua, no Pará. Foto: REUTERS/Paulo Santos
AS MELHORES: 19 - São Paulo (SP)
Entre as cidades mais amigáveis para idosos, a capital paulista ocupa a 19ª colocação Foto: Tiago Queiroz/Estadão
AS MELHORES: 5 - São José do Rio Preto (SP)
Na 5ª colocação entre as cidades com os melhores índices, está São José do Rio Preto, em São Paulo Foto: Paulo Magri/SMCS
Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade
Um estudo do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, em parceria com a Escola de Administração deEmpresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FG... Foto: REUTERS/Mike BlakeMais
Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade
A pesquisa classificou, separadamente, as 150 cidades com maior população, e as 348 cidades brasileiras com menos de 100 mil e ao menos 50 mil habitan... Foto: REUTERS / Christian HartmannMais
AS PIORES: 25 - Olinda (PE)
Olinda, no Pernambuco, ocupa a 25ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (126ª colocação entre as 150 cidades avaliadas). Foto: Tiago Queiroz/Estadão
AS PIORES: 24 - Itabuna (BA)
Itabuna, na Bahia, ocupa a 24ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (127ª colocação entre as 150 cidades avaliadas). Foto: Wilson Oliveira/Prefeitura de Itabuna
AS PIORES: 23 - Parnamirim (RN)
A 23ª pior cidade avaliada pelo estudo entre os municípios com mais de 100 mil habitantes é Parnamirim, no Rio Grande do Norte (128º lugar no ranking ... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
AS PIORES: 22 - Juazeiro do Norte (CE)
Juazeiro do Norte, no Ceará, ocupa a 22ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (129ª colocação entre as 150 cidades avaliadas)... Foto: Leonencio Nossa/EstadãoMais
AS PIORES: 21 - Ribeirão das Neves (MG)
A 21ª pior cidade avaliada pelo estudo entre os municípios com mais de 100 mil habitantes é Ribeirão das Neves, em Minas Gerais (130º lugar no ranking... Foto: Fronteira/Wikimedia CommonsMais
AS PIORES: 19 - Maceió (AL)
Maceió, em Alagoas, ocupa a 19ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (132ª colocação entre as 150 cidades avaliadas). Foto: Tiago Queiroz/Estadão
AS PIORES: 18 - Itaquaquecetuba (SP)
Itaquaquecetuba, em São Paulo, ocupa a 18ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (133ª colocação entre as 150 cidades avaliada... Foto: Evelson de Freitas/EstadãoMais
AS PIORES: 17 - Paulista (PE)
O índice de longevidade em Paulista, no Pernambuco, é 17º pior entre as cidades com mais de 100 mil habitantes avaliadas Foto: Google Street View/Reprodução
AS PIORES: 16 - Vitória da Conquista (Bahia)
A 16ª pior cidade avaliada pelo estudo entre os municípios com mais de 100 mil habitantes é Vitória da Conquista, na Bahia (135º lugar no ranking gera... Foto: Robson Fernandjes/EstadãoMais
AS PIORES: 15 - Petrolina (PE)
A 15ª pior cidade avaliada pelo estudo entre os municípios com mais de 100 mil habitantes é Petrolina, em Pernambuco (136º lugar no ranking geral) Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
AS PIORES: 14- Feira de Santana (BA)
Feira de Santana, na Bahia, ocupa a 14ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (137ª colocação entre as 150 cidades avaliadas). Foto: Claudionor Junior /AE
AS PIORES: 13 - Magé (RJ)
Magé, no Rio de Janeiro, ocupa a 13ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (138ª colocação entre as 150 cidades avaliadas). Foto: MARCOS DE PAULA/AGENCIA ESTADO/AE
AS PIORES: 12 - Macapá (AP)
A capital do Amapá, Macapá, ocupa a 12ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (139ª colocação entre as 150 cidades avaliadas). Foto: JB NETO / AE
AS PIORES: 11 - Belford Roxo (RJ)
O índice de longevidade em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, é o 11º pior entre as cidades com mais de 100 mil habitantes avaliadas Foto: Fábio Motta/Estadão
AS PIORES: 10 - Jaboatão dos Guararapes
O índice de longevidade em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, é o 10º pior entre as cidades com mais de 100 mil habitantes avaliadas Foto: Leo Caldas/Estadão
AS PIORES: 9 - Macaranaú (CE)
Maracanaú, no Ceará, ocupa a 9ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (142ª colocação entre as 150 cidades avaliadas). Foto: Reprodução/Google Street View
AS PIORES: 8 - Santarém (PA)
Santarém, no Pará, ocupa a 8ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (143ª colocação entre as 150 cidades avaliadas). Foto: Evelson de Freitas/Estadão
AS PIORES: 7 - Juazeiro (BA)
A 7ª pior cidade avaliada pelo estudo entre os municípios com mais de 100 mil habitantes é Juazeiro, na Bahia (144º lugar no ranking geral) Foto: José Patrício/Estadão
AS PIORES: 6 - Camaçari (BA)
A 6ª pior cidade avaliada pelo estudo entre os municípios com mais de 100 mil habitantes é Camaçari, na Bahia (145º lugar no ranking geral) Foto: Mateus Pereira/GOVBA
AS PIORES: 5 - Arapiraca (AL)
Arapiraca, em Alagoas, ocupa a 5ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (146ª colocação entre as 150 cidades avaliadas). Foto: Alana Rizzo/Estadão
AS PIORES: 4 - Caucaia (CE)
Caucaia, no Ceará, ocupa a 4ª colocação entre as cidades com menores índices de longevidade (147ª colocação entre as 150 cidades avaliadas). Foto: Reprodução/Google Street View
AS PIORES: 3 - Cabo de Santo Agostinho (PE)
Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, é a 3ª cidades com os piores índices de longevidade do Brasil (considerando municípios de mais de 100 mil habi... Foto: Leo Caldas/EstadãoMais
AS PIORES: 1 - Marabá (PA)
Marabá, também no Pará, é considerada pelo estudo a pior cidade para envelhecer no Brasil, considerando os municípios com mais de 100 mil habitantes Foto: DIDA SAMPAIO/AE
AS MELHORES: 25 - Araçatuba (SP)
Entre as cidades mais amigáveis para idosos, Araçatuba, em São Paulo, ocupa a 25ª colocação Foto: Chico Siqueira/Estadão
AS MELHORES: 24 - Rio de Janeiro (RJ)
A capital fluminense é considerada pelo estudo a 24ª cidade do Brasil, entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, com a melhor taxa de longev... Foto: Fábio Motta/EstadãoMais
AS MELHORES: 23 - Londrina (PR)
Na 23ª colocação entre as cidades com os melhores índices, está Londrina, no Paraná Foto: Wilson Vieira/Ministério do Turismo
AS MELHORES: 22 - Marília (SP)
Entre as cidades mais amigáveis para idosos, Marília, em São Paulo, ocupa a 22ª colocação Foto: Wilson Ruiz/Prefeitura de Marília
AS MELHORES: 21 - Passo Fundo (RS)
Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, é considerada pelo estudo a 21ª cidade do Brasil, entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, com a melhor ... Foto: Alex Borgamann/Prefeitura de Passo FundoMais
AS MELHORES: 20 - Santo André (SP)
Na 20ª colocação entre as cidades com os melhores índices, está Santo André, em São Paulo Foto: Hélvio Romero/Estadão
AS MELHORES: 18 - Maringá (PR)
Maringá, no Paraná, é considerada pelo estudo a 18ª cidade do Brasil, entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, com a melhor taxa de longevi... Foto: Camila Mariani/Prefeitura de MaringáMais
Belo Horizonte
O valor de um apartamento de 50m² na capital mineira é, em média, R$ 800. Assim, o Galaxy S8+ e o iPhone equivalem ao custo de cinco e quatro meses de... Foto: Acervo/BeloturMais
AS MELHORES:16 - São Carlos (SP)
Entre as cidades mais amigáveis para idosos, São Carlos, em São Paulo, ocupa a 16ª colocação Foto: Masaki Kawabata Neto/Usp Imagens
AS MELHORES: 15 - Araraquara (SP)
Araraquara, também em São Paulo, é considerada pelo estudo a 15ª cidade do Brasil, entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, com a melhor ta... Foto: Sérgio Pierri/Prefeitura de AraraquaraMais
AS MELHORES: 14 - Bauru (SP)
Na 14ª colocação entre as cidades com os melhores índices, está Bauru, em São Paulo Foto: Ricardo Ursulino/Prefeitura de Bauru
AS MELHORES: 13 - Curitiba (PR)
Entre as cidades mais amigáveis para idosos, Curitiba, capital paranaense, ocupa a 13ª colocação Foto: Orlando Kissner/Prefeitura de Curitiba
AS MELHORES: 12 - Presidente Prudente (SP)
Presidente Prudente, em São Paulo, é considerada pelo estudo a 12ª cidade do Brasil, entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, com a melhor ... Foto: Jonne Roriz/EstadãoMais
AS MELHORES: 11 - Blumenau (SC)
Na 11ª colocação entre as cidades com os melhores índices, está Blumenau, em Santa Catarina Foto: Eraldo Schnaider/Prefeitura de Blumenau
Campinas
Campinas, no interior de São Paulo, tem como valor médio de aluguel de um apartamento de 50m² R$937,50. Por isso, o S8+ pode pagar cinco meses de alug... Foto: Carlos Bassan/Prefeitura de CampinasMais
Vitória
Já em Vitória, capital do Espírito Santo, o Galaxy S8+ custa o mesmo que cinco meses de aluguel. Em comparação, o iPhone 7 custa quatro meses. Foto: Elizabeth Nader/Prefeitura de Vitória
AS MELHORES: 8 - Americana (SP)
Na 8ª colocação entre as cidades com os melhores índices, está Americana, em São Paulo Foto: Marília Pierre/Prefeitura de Americana
AS MELHORES: 7 - Jundiaí (SP)
Entre as cidades mais amigáveis para idosos, Jundiaí, em São Paulo, ocupa a 7ª colocação Foto: Arquivo/Prefeitura Municipal de Jundiaí
AS MELHORES: 6 - Ribeirão Preto (SP)
Ribeirão Preto, em São Paulo, é considerada pelo estudo a 6ª cidade do Brasil, entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, com a melhor taxa d... Foto: Celio Messias/EstadãoMais
AS MELHORES: 4 - Niterói (RJ)
Entre as cidades mais amigáveis para idosos, Niterói, no Rio de Janeiro, ocupa a 4ª colocação Foto: Fábio Motta/Estadão
Porto Alegre
Em Porto Alegre, o Galaxy S8+ também custa o mesmo que quatro meses de aluguel. O iPhone 7 também mantém sua equivalência com o valor de três aluguéis... Foto: Brayan Martins/PMPAMais
AS MELHORES: 2 - Florianópolis (SC)
Florianópolis, capital de Santa Catarina, ocupa a 2ª colocação entre as cidades com as melhores taxas de longevidade avaliadas pelo estudo Foto: JB Neto/Estadão
AS MELHORES: 1 - Santos (SP)
Na primeira colocação está a cidade litorânea de Santos, em São Paulo Foto: José Patrício/Estadão
Opções. Qualidade de vida nem sempre precisa estar diretamente ligada ao que você gasta, ou investe, para manter um bom padrão de vida. Para a aposentada Mariza Pereira de Castro, de 72 anos, que nasceu em Santos e trabalha como auxiliar de secretaria na Universidade Santa Cecília (Unisanta), tirar o máximo proveito dos equipamentos públicos é uma forma inteligente de usufruir o que a cidade oferece sem pagar mais por isso. “Aqui tem muita coisa grátis que podemos aproveitar, como shows na Concha Acústica, apresentação de chorinho em frente ao Aquário Municipal, exposições e apresentações na Pinacoteca Benedito Calixto e o cinema do Posto 4. Penso que existem muitas oportunidades para diversão sem gasto”, afirma.
Já o motorista aposentado Paulo Deolindo Apolinário, de 74 anos, destaca os serviços de saúde e transporte. Após deixar ainda jovem o município de Luisiânia, no interior paulista, onde nasceu, e trabalhar a maior parte da vida em São Paulo, ele foi convencido pelos filhos a morar na praia. “Cheguei em Santos há seis anos e não penso em sair daqui.”
A rotina diária de Apolinário é agitada. “Ir somente à praia enjoa, então, eu participo de todas as atividades que a Prefeitura fornece. Faço exercícios, danço, sou voluntário em projetos municipais, vou muito aos clubes, principalmente ao Rebouças e ao Espaço do Idoso”, diz. “Só falta aqui um espaço maior para bailes, para quem gosta de dançar.” Ele elogia o transporte público e os serviços de saúde. “Uso tudo público.”