Conheça a terra do vinho, pedacinho da Europa a duas horas de SP

São Roque também conta com opções de passeios para família e crianças

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Foto do author Ana Lourenço

Famosa pelos seus vinhos e vinícolas, São Roque, a duas horas de São Paulo, também conta com atrações culturais e espaços para aproveitar a natureza. Desde 1990, a cidade é considerada estância turística justamente pelo seu grande potencial no cenário histórico, artístico, ecológico e cultural.

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A Trilha do Sabóo, por exemplo, é um passeio gratuito para quem gosta de mirantes e natureza. O morro Sabóo, que significa “pelado” em tupi-guarani, é considerado o ponto mais elevado da cidade, com cerca de mil metros de altitude

Para isso, é preciso enfrentar uma trilha difícil, não só pela inclinação, mas também pelo caminho em si, que é de terra com desníveis. Ao todo são 10 quilômetros, sendo 5km de subida e 5km de descida. Há alguns que até preferem acampar no topo para ter a visão do sol nascendo sob a cidade e recuperar as forças para a volta.

O espaço, porém, não conta com infraestrutura: apenas um bar em sua base que vende água e alguns petiscos. No caminho, é possível encontrar visitantes religiosos, que afirmam estar mais perto do céu para agradecer suas conquistas. Também há turistas esportivos, que enfrentam a trilha no ritmo de corrida.

Para quem não é de caminhada, um pouco antes da trilha há o Mirante do Sabóo, onde o visitante tem um gostinho da experiência completa do passeio - e pode garantir boas fotos do morro que dá o nome ao lugar.

Além do Mirante do Cruzeiro, onde é possível chegar de carro e ter uma vista ampla da cidade, há a imagem de São Roque, padroeira da cidade. Antes, ela ficava na antiga Igreja Matriz, do século 19. Ambos são gratuitos.

Fazenda Angolana

A melhor opção para quem viaja com criança é a Fazenda Angolana, bom espaço para o turismo rural, com zoológico interativo e atividades ao ar livre. O nome vem da criação de coelhos da espécie Angorá, que produzia lã (em espanhol laña) e ficou apelidado assim, sem relação com o país da África.

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Uma boa dica é chegar cedo, quando o parque abre. É o melhor horário para conferir a alimentações dos bichos e aproveitar que eles ainda não estão fugindo do sol para relaxar em suas casinhas. São muitas aves, bezerros, cabras, patos, coelhos, porcos e até lhamas.

Além da visita aos animais, inclusa na entrada do parque (R$ 15 por pessoa a partir de quatro anos), o visitante pode se aventurar no arvorismo (R$30), tirolesa (R$ 25), andar de pedalinho (R$ 25) e experimentar seus dons no arco e flecha (R$30).

Tirolesa é uma das atrações mais concorridas na Fazenda Angolana Foto: TABA BENEDICTO/ ESTADAO

A sensação é de estar em um hotel-fazenda. Por isso, o ideal é aproveitar a manhã por ali, sem pressa. Se quiser esticar o almoço, o espaço conta com dois restaurantes, um à lá carte e outro com serviço de buffet. Além da cafeteria que promete um típico ‘café de fazenda’, com bolos, pães e doces.

Para o final da tarde, os pequenos podem se divertir no Museu do Carro, espaço novo na região, que conta com 145 veículos, parque de diversões e shopping. Além de clássicos como Lamborghinis, Ferraris e Porches, há famosos carros do cinema como Lightning McQueen, de Carros, franquia da Disney, e o Mach 5, o carro de Speed Racer com lâminas dianteiras.

No entanto, não é possível entrar ou tocar nos carros. Somente fotos são permitidas.

No fim de março, o espaço também contará com um kartódromo, de 1.030 metros de extensão. A entrada inteira para o complexo é R$ 85,99 por visitante, além do valor do estacionamento, de R$20 por veículo.

Museu do Carro, em São Roque Foto: TABA BENEDICTO/ ESTADAO

Terra dos vinhos

A produção vinícola da região começou no século 17, com imigrantes portugueses, e se fortaleceu com a chegada dos italianos, dois séculos depois. Inicialmente, o cultivo era para o consumo próprio, mas hoje é uma das principais atividades econômicas da cidade. Para se ter ideia, a região é responsável pela comercialização de 17 milhões de litros de vinho por ano.

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Por final de semana, são cerca de 20 mil visitantes que procuram a cidade para conhecer mais sobre a produção regional da bebida. Por isso, para facilitar, foi criado o Roteiro do Vinho em 1998, que abrange as Estrada do Vinho, Estrada dos Venâncios e rodovia Quintino de Lima, com 54 estabelecimentos que fazem parte do roteiro de quem visita a cidade.

Só de vinícolas são 18, sendo a maioria empresas familiares que valorizam a cultura e história de seus antepassados. Os vinhos ali produzidos variam entre brancos, tintos, rosados, licorosos e espumantes, mas cerca de 75% são “vinhos de mesa”, com aroma e sabor mais marcante, e 25% de vinhos finos.

Segundo Marcio Aldegheri, Sócio proprietário da Vinicola Canguera, a rota ajuda as vinícolas menores a ganharem espaço no roteiro dos turistas. “Faz com que a gente cresça também, se estruture cada vez mais, aprimorando nossa variedade de uvas. Promover cada vez mais o enoturismo. Hoje 80% da nossa renda vêm da vinícola e não mais do mercado”, conta.

Na foto a técnica em segurança Gislene Soares, 27 anos, o técnico em TI João Matos, 33 anos, a arquiteta Viviane Rezende, 32 anos, e o engenheiro Felipe Marques, 32 anos, durante o piquenique degustação da Vinícola XV de Novembro Foto: TABA BENEDICTO/ ESTADAO

Vivências com vinho

Para enriquecer o enoturismo, as vinícolas oferecem diversas atividades que envolvem a cultura do vinho. De simples degustações (algumas inclusive gratuitas) a eventos e festivais, há opções para vários gostos.

Na Vinícola XV de Novembro, por exemplo, é possível fazer piquenique degustando as produções da casa (R$429 cesta para duas pessoas). Já na Canguera, o visitante tem a oportunidade de conhecer o Museu do Vinho (gratuito) enquanto degusta um sorvete feito do líquido (varia entre R$ 12 e R$ 22).

Uma das mais conhecidas da região, exatamente por investir tanto em experiências para o visitante, é a Vinícola Góes. ”O papel do viticultor é atender o turista, o visitante. Isso acontece no mundo e aqui não é diferente. Todo fim de semana tem evento, seja uma simples degustação, seja uma mais elaborada, como passeios de bikes nas parreiras, corridas ao redor dos vinhedos, festivaos de espumantes, festivais ao por do sol”, detalha o diretor do espaço, Claúdio Góes. “É um ano todo com o convívio da uva.”

O favorito dos turistas é a vindima, a colheita do fruto na parreira, que ali ocorre duas vezes no ano. “É uma técnica que foi desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e pelo professor Murilo Regina (sócio do Grupo Vitácea Brasil, empresa de exportação de mudas de videira) que, ao estudar a condição que temos aqui no Sudeste, entendeu que com duas podas na parreira, ‘enganamos’ a planta e atrasamos o ciclo produtivo dela para os meses de outono e inverno”, explica Luciano Lopreto, o diretor comercial da Vinícola Góes.

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Tradicionalmente a uva é uma fruta de amadurecimento no verão, mas ela prefere os meses secos, que são as características dos países de clima temperados, como Chile, Argentina e em partes da Europa. Nosso verão, ao contrário, é úmido.

“Com isso, temos conseguido produzir uvas delicadas, com qualidade a ponto de conquistar prêmios internacionais em alguns anos. No verão, vinhos de mesa e sucos de uva, porque as características morfológicas da uva são resistentes aos excessos de chuva e no inverno”, resume Lopreto.

Colheita da uva é feita nos meses de verão e inverno Foto: TABA BENEDICTO/ ESTADAO

Assim, quem vai no verão consegue colher a uva e ainda fazer a pisa do fruto. Já quem visita inverno, entre julho e agosto, colhe pela noite e participa de uma festa ao luar com degustação de vinho (Colheita ao Luar). Mas é bom fazer a reserva com antecedência, pois os eventos são concorridos. Os preços variam de R$ 320 a R$ 390.

Outras opção diferente é a experiência ‘Le Degorge’, na Vinícola Casa da Árvore, experiência na qual o visitante, além de conhecer a área de elaboração dos vinhos, tem a oportunidade de produzir o próprio espumante, que leva consigo para casa. O valor é R$ 390 por pessoa, incluindo o almoço.

Para encerrar o dia, opte por um dos famosos restaurantes como o Vila Don Patto ou o Viejo Papa. Nesse último, até março ocorre o ‘Sunset no Wine Bar’, que oferece drinks com música ao vivo e vista para as parreiras. Você pode acompanhar o cronograma de eventos aqui.

  • Como fazer tudo isso com carro?

Esse é um dos grandes impedimentos para quem deseja visitar a cidade e degustar as bebidas locais. A escolha mais prática é optar por um motorista da rodada, especialmente durante uma viagem entre amigos, mas também é possível contratar guias de turismo que ajudam nessa tarefa.

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No site da prefeitura da cidade há alguns contatos de guias cadastrados. As empresas Raiz Brasil e TS Tour aparecem entre as mais indicadas.

Serviço

  • Fazenda Angolana

Funcionamento: sextas, sábados, domingos e feriados, das 09h à 17h.

Endereço: Estrada Turística da Angolana , nº 257

Mais informações: www.fazendaangolana.com.br

  • Museu do carro

Funcionamento: terças a domingos, das 9h às 21h

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Endereço: Estrada do Vinho, 7901

Mais informações: www.dreamcarmuseu.com.br

  • Roteiro do vinho

Atendimento: terça à sexta, das 9h às 18h; Sábados das 9h às 17h e domingos das 9h às 13h

Informações: www.roteirodovinho.com.br | (11) 94064-8429

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