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Sesc mostra conexões entre ideias de Lélia González e festas populares do País

Exposição na unidade da Vila Mariana traz mais de 100 obras que estabelecem reflexões com a pensadora negra

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Por Gabriel de Souza
Atualização:

A feminista, historiadora e filósofa Lélia González se tornou referência na cultura brasileira por estudos de gênero, raça e classe, inspirando militantes negros mesmo após sua morte, que irá completar 30 anos dia 10 de julho. Lançada na quinta-feira, 27, a exposição gratuita no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, mostra as conexões de seu pensamento com as celebrações no País.

Lélia em nós: festas populares e amefricanidade conta com mais de 100 obras e cerca de 50 artistas diferentes que vão estabelecer reflexões com a produção intelectual de González. A mostra de arte contemporânea traz pinturas, fotografias, instalações, documentos históricos e obras inéditas de artistas.

Detalhe da obra da Lídia Lisboa que estará em exposição no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. Foto: EVERTON BALLARDIN

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“Essas obras não têm, necessariamente, diálogo direto com a Lélia, mas sim um diálogo direto com as questões trazidas na exposição. (...). Também existem possibilidades de pensar artisticamente a produção visual das festas populares. No fim, qual é a reverberação que uma experiência artística pode ter? Acho que pode destacar que Lélia desenvolveu um pensamento complexo”, diz a curadora Raquel Barreto, historiadora e curadora-chefe do Museu de Arte Moderna do Rio.

O conteúdo está dividido em cinco grandes eixos temáticos: “Festas populares: o livro”; “Racismo e sexismo na cultura brasileira. Cumé que a gente fica?”; “Pele Negra, máscaras negras”; “Beleza Negra, ou: ora-yê-yê-ô”; e “De Palmares às escolas de samba, tamo aí!”.

“Esse caminho que a gente criou em termos curatoriais, pensando a trajetória da Lélia, porque não é uma exposição sobre ela, mostra como ela circulou por esses espaços. (A mostra) Tem o que ela pensa, mas também o que vem das próprias comunidades”, completa Glaucea Britto, também curadora da exposição, gestora do Terreirão Cultural, coordenadora de espaços educativos do Akoma Institute e curadora-assistente do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

O livro que dá origem à exposição

A perspectiva da exposição tem origem no pensamento do livro Festas populares no Brasil, único título exclusivo publicado pela autora em 1987. A obra, que não foi oficialmente lançada no mercado naquela época, evidencia laços entre Brasil e África por meio de manifestações populares como o Carnaval, o Bumba-Meu-Boi, as Cavalhadas e festas afro-brasileiras como as Congadas e o Maracatu.

A nova edição, que está sendo produzida pela editora Boitempo, conta com materiais inéditos, textos de apoio e fac-símiles. Será a primeira vez que estará voltada ao mercado editorial.

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O termo “amefricanidade” foi desenvolvido por González como contraposição à ideia hegemônica de “afro-americanidade”. Trata-se de uma crítica e nova reflexão sobre as relações da diáspora africana em toda a América.

“Ela é uma referência na minha trajetória, tanto profissional, de ativista, quanto a partir dos marcadores sociais de diferença. Sou uma mulher negra no Brasil com uma profissão acadêmica, claro que guardadas as devidas proporções, mas intelectual, artística e cultural. Eu a tenho como uma grande referência. Mas é uma referência que ainda precisa ser muito mais divulgada, conhecida”', reflete Britto.

“Para mim, Lélia representa a possibilidade dentro das impossibilidades para as mulheres negras no Brasil como intelectuais, pensadoras. Estar em uma situação que difere a maioria da população negra, mas não esquecer e de onde ela veio, não esquecer o compromisso com a coletividade”, opina Barreto.

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As curadoras convidam o público a conhecer mais detalhes da exposição. Não só obras visuais e contemporâneas da arte estarão disponíveis; o evento também terá intervenções sonoras e musicais que permitirão a ambientação completa ao universo das festas e festejos afro-brasileiros. Fazemos esse recorte pensando as festas populares, assim como ela pensou, e como é possível interpretar as nossas festas populares”, diz Raquel.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com o Terreirão Cultural, entidade que realiza eventos e ações que valorizam a diversidade da cultura brasileira a partir de sua herança de matriz africana

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Serviço

Exposição Lélia em nós: festas populares e amefricanidade

Local: Sesc Vila Mariana

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Preço: Entrada gratuita

Endereço: Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana – São Paulo

Período: 27 de junho a 24 de novembro de 2024

Horários: terça a sexta (10h às 21h); sábados (10h às 20h); domingos e feriados (10h às 18h).

Grupos: agendamento.vilamariana@sesc.org.br

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