SP inicia fiscalização com 557 patinetes apreendidos; empresas vão à Justiça

Agentes confiscaram equipamentos sob o argumento de que empresas não estavam cadastradas; companhia que administra compartilhamento diz que serviço é regido pelo Código Civil

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No primeiro dia de fiscalização das normas para uso de patinetes elétricos em São Paulo, as discussões sobre a circulação desses veículos na calçada e o uso de capacetes ficaram de lado. A Prefeitura argumentou que Grin e Yellow, as principais empresas do ramo, não estavam cadastradas para operar na cidade e, por isso tiveram os seus patinetes confiscados. Ao todo, 38 agentes municipais confiscaram os patinetes que viram estacionados nas ruas e o dia terminou com 557 veículos apreendidos.

A Grow, empresa que controla as empresas Grin e Yellow, argumenta que o serviço que ela presta é de locação de bens móveis, atividade econômica regida pelo Código Civil – que não precisa de cadastramento municipal. A empresa questiona diversos pontos do decreto do prefeito Bruno Covas (PSDB), que seriam diferentes de regras do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), e informou ter procurado a Justiça para reverter a legislação publicada há duas semanas e também as apreensões ontem. 

Fiscalização da Prefeitura deSP recolhe patinetes elétricos na Vila Olímpia, na zona sul Foto: Alex Silva/Estadão

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Na tarde desta quarta-feira, 29, caminhões e peruas com agentes de fiscalização percorreram a Avenida Faria Lima, na zona oeste, para tirar os patinetes da rua. Estavam acompanhados por guardas-civis metropolitanos.

Ao todo, as duas empresas da Grow têm 4 mil equipamentos – significa que mais de 10% da frota foi tirada de circulação. Funcionários da empresa tentaram estacionar os veículos em ruas paralelas, mas depois passaram a recolher os patinetes. Só não foram retirados os patinetes que estavam sendo usados pelos usuários – muitos deles, sem capacete. 

“Não vou ficar carregando capacete no metrô cheio para usar aqui na Faria Lima. Ando na ciclovia, não acho que (o perigo) justifique”, disse o analista Rafael Cappa, de 29 anos. “Sou totalmente contrário à cobrança de multa”, afirmou.

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O decreto sobre patinetes prevê multa de R$ 100 por transitar sem capacete a R$ 20 mil às empresas que expuserem dados de usuários, por exemplo. No caso da multa do capacete, a empresa é multada e fica a cargo dessa operadora repassar ou não a cobrança ao usuário. 

Na frente do Shopping Iguatemi, enquanto viam agentes de fiscalização, as pessoas se perguntavam se os patinetes estavam sendo apreendidos por estarem na calçada. “É por causa do estacionamento?”, questionou o agrônomo Felipe Caldas, de 38 anos. “Tem gente que anda feito louco na calçada, ali perto da (Estação de Metrô) Vila Olímpia, na faixa de pedestres. Mas, no geral, gosto dos patinetes.” 

Embate

A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes vinha estudando como regulamentar os patinetes há oito meses, mas o decreto saiu antes de os estudos terminarem. Em reunião com a Prefeitura na terça, 28, as empresas do setor pediam adiamento da fiscalização. O secretário de Governo, Mauro Ricardo disse que elas não estavam cumprindo as regras – como a de fazer seguros para terceiros. As empresas argumentaram que o mercado financeiro ainda não oferece esse tipo de produto. 

O CEO da Grow, João Sabino,questiona a fiscalização depatinetes na cidade de Sao Paulo. Foto: Alex Silva/Estadão

Outro ponto foi o uso do capacete. As empresas afirmam ter distribuído 6 mil capacetes aos usuários, com mais 20 mil encomendados – mais do que o total de patinetes em operação. Mas a Prefeitura pediu garantias de que todas as viagens seriam com o equipamento. 

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Só ontem à noite foi divulgada a explicação da falta de cadastro da Grin e da Yellow como motivo das apreensões. “Parece que (as reuniões dos últimos oito meses) eram cortina de fumaça e que eles nunca quiseram essa solução”, diz o diretor de relações governamentais da Grow, João Sabino. Para ele, a agenda da gestão Covas é “manter o status quo, e não trabalhar com quem tem compromisso com a mobilidade e a geração de empregos”. Segundo ele, a empresa tem 700 funcionários. 

Já Ricardo afirma que os executivos estavam cientes das exigências prevista. “As empresas estão interessadas no lucro”, disse, enquanto “a Prefeitura está interessada na segurança dos usuários e dos pedestres”.

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