O suspeito de matar o universitário Renan Silva Loureiro em um roubo na zona sul de São Paulo no início da semana se entregou nesta sexta-feira, 29, à Polícia Civil. Acxel Gabriel de Holanda Peres foi preso por policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). O suspeito tem 23 anos e, de acordo com a polícia, já tem dez passagens criminais por roubo e receptação.
De acordo com a polícia, ele foi preso após uma longa negociação, teria confessado o crime e estaria arrependido. "Ele estava esperando o retorno da mãe, que estava no litoral, para se entregar. Ele confessa e se diz arrependido", afirmou o delegado Roberto Thomaz. Ele será indicado por crime de latrocínio (roubo seguido de morte).
“A prisão do assassino do jovem Renan não devolve a vida e o convívio dele com sua família, mas que sirva como uma clara demonstração da eficiência das polícias de São Paulo. A ordem é não dar trégua ao crime. Meus sentimentos aos pais e amigos", afirmou o governador Rodrigo Garcia.
Renan foi baleado na cabeça durante tentativa de assalto. Ele estava com a namorada na Rua Freire Farto, no Jabaquara, por volta das 22h40, quando foram abordados pelo criminoso. Câmeras de segurança gravaram o momento em que o assaltante atira para o alto e Renan se ajoelha dizendo: “Eu não tenho nada”. Quando o criminoso aponta a arma para a namorada dele, Renan reage. Depois é baleado quatro vezes. Um dos tiros atingiu sua cabeça.
A partir de informações que relacionavam um suspeito às características do criminoso, a equipe da 1ª Delegacia Patrimônio (Investigações sobre Roubo e Latrocínio) esteve em dois endereços na Vila do Encontro, também na zona sul. Em um imóvel, os policiais encontraram o revólver, bolsa, uma jaqueta e capa de chuva, material semelhante ao utilizado pelo autor do crime, de acordo com a polícia. No outro local, estavam objetos que podem ser provenientes de roubo, principalmente cartões de memória de celulares.
A polícia chegou aos locais, pois o criminoso não desligou o celular de Renan, o que facilitou sua localização. A placa da moto também foi registrada pelas câmeras de segurança. A partir da localização, começou a negociação para que ele se entregasse.
O crime causou grande comoção nas redes sociais, com a circulação das imagens do crime, e mobilizou as autoridades. Nesta quinta-feira, 28, o presidente Jair Bolsonaro prestou solidariedade à família e à namorada de Renan. O novo delegado-geral da Polícia Civil do estado, Osvaldo Nico Gonçalves, disse ter ficado abalado com o assassinato e que as equipes estão empenhadas na prisão do suspeito.
Clarice Silva divulgou uma mensagem nas redes sociais direcionada para o suspeito. “Quero ele vivo. Axcel já me tirou o meu bem mais precioso: meu filho. Você já sendo responsável por eu não conseguir rezar a perda do meu filho, eu engasgo no Pai Nosso porque não consigo concluir. Não vou me igualar na maldade. Embora meu coração oscile entre a tristeza e a raiva, você também não vai tirar a bondade de dentro de mim. Que seja preso, julgado e condenado. E cumpra a sua pena"
Suspeito preparava fuga e viu vizinhança se revoltar com o crime
A comunidade onde o suspeito Acxel vive, em Americanópolis, também na zona sul da cidade, ficou revoltada com o crime do qual ele é acusado. Por isso, ele corria risco de morte no próprio local onde morava. A afirmação é do delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Osvaldo Nico Gonçalves, após a prisão do suspeito. “A polícia tinha a informação de que ele poderia ser morto na comunidade onde estava por não aceitarem o crime cometido por ele”, afirmou. "Eles queriam fazer justiça com as próprias mãos", completa.
Procurado pela polícia, que divulgou seu nome e rosto, e acuado pelos vizinhos, o suspeito preparava uma fuga. Ele teria tentado vender o carro, um Polo preto, para fugir. O carro avaliado em R$ 28 mil foi oferecido por R$ 18 mil. O comprador o reconheceu pelas imagens e desistiu do negócio. Sem alternativas, ele fugiu sozinho para a zona leste.
Segundo o delegado Rogério Barbosa, responsável pela prisão, ele demorou para se entregar porque esperava o retorno da mãe, que estava em Itanhaém, no litoral paulista. Ainda de acordo com o delegado, Acxel confessou o crime. “Ele disse que foi roubar o celular, mas atirou diante da reação das vítimas”, disse o investigador.
O suspeito será interrogado, preso temporariamente, mas vai passar por audiência de custódia. Os investigadores apuram a sua eventual participação em outros crimes. A polícia ainda confirma a investigação de que ele teria feito um cadastro numa empresa de aplicativo, como entregador, sem nunca ter feito nenhuma entrega. Existe a possibilidade de ele ter a prisão preventiva decretada.
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