Tarcísio diz agora que avalia aumentar câmeras corporais em PMs de SP

Governador, que já questionou eficácia do dispositivo no início do mês, afirmou que estuda a possibilidade de adquirir novos equipamentos

PUBLICIDADE

Foto do author Caio Possati
Atualização:

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que avalia a possibilidade de adquirir mais câmeras corporais para os policiais militares do Estado. A declaração desta segunda-feira, 22, ocorre 20 dias após Tarcísio ter afirmado no último dia 2 que a “efetividade” dos equipamentos para a segurança do cidadão era “nenhuma”.

A possível mudança de postura está relacionada ao programa estadual de segurança pública “Muralha Paulista”, que prevê a construção de uma rede que interliga dados colhidos de câmeras e radares em diferentes cidades. O sistema já funciona em forma de teste em algumas cidades desde o ano passado.

Também chamadas de 'bodycams', as câmeras acopladas às fardas foram implementadas em São Paulo durante o governo de João Doria. Foto: Taba Benedicto/Estadão

PUBLICIDADE

“A câmera corporal é uma das componentes da tecnologia que se integram ao Muralha Paulista. Então, nós vamos avaliar o uso dessas câmeras e a possibilidade até de ampliação. Isso está sendo estudado com a Secretaria de Segurança Pública”, disse Tarcísio durante a entrega de apartamentos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), em Guaianases, na zona leste da capital paulista, nesta segunda-feira, 22.

O governador disse ainda que a administração estadual pretende “entrar com um investimento muito forte” em monitoramento e em tecnologia de geração de dados “para que a gente possa, por meio da inteligência artificial, ter uma maior predição de comportamento criminoso, uma maior disposição de efetivo, e a câmera corporal também vai se integrar ao Muralha Paulista”.

Ao todo, a Polícia Militar de São Paulo conta com 10.125 bodycams — como também são chamadas as câmeras corporais — à disposição de seus batalhões. A quantidade dos equipamentos cresceu em 2022 (estava em 2.500), mas congelou durante a gestão Tarcísio e se manteve no mesmo patamar atual desde o ano passado.

Publicidade

Conforme mostrou o Estadão, cerca de 52% dos policiais do Estado já têm acesso aos dispositivos, que já fazem parte da rotina de batalhões da capital e da Grande São Paulo, cidades do litoral (Santos e Guarujá), e do interior paulista, como Campinas, Sumaré e São José dos Campos. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o programa Olho Vivo vai continuar em vigência em 2024.

As câmeras corporais acopladas nos uniformes dos policiais militares paulistas fazem parte do programa Olho Vivo, implementado nas gestões anteriores com ex-governadores João Doria e Rodrigo Garcia.

Gestão Tarcísio estuda a possibilidade de ampliar uso da câmera corporal em PMs do Estado, por meio do programa Muralha Paulista. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Estudos e especialistas em Segurança Pública afirmam que o uso de câmeras corporais é eficiente. Pesquisa do Centro de Ciência Aplicada em Segurança Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV) apontou que os equipamentos reduziram em 57% o número de mortes decorrentes de ações policiais em relação a unidades policiais onde, até aquele momento, não havia a implantação da tecnologia.

Ainda conforme o material, o Programa Olho Vivo provocou aumento de 24% do total de apreensões de armas e de 102% dos registros de casos de violência doméstica.

As gravações dos equipamentos também foram usadas pelo Ministério Público para indiciar dois policiais que teriam adulterado uma cena criminal em uma incursão da Operação Escudo, em julho do ano passado.

Publicidade

A operação foi deflagrada depois que o soldado Patrick Bastos Reis, da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, foi assassinado no Guarujá.

A operação durou 40 dias e terminou com prisão de mais de 950 pessoas e 28 mortes. Cerca de 600 policiais participaram da Operação Escudo, que tinha por objetivo prender o responsável pela morte de Patrick Reis e para reprimir a criminalidade da região.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.