‘Tempo ruim, não dá para passar’; o que se sabe do helicóptero que desapareceu a caminho de Ilhabela

É o quinto dia que equipes especializadas procuram pela aeronave, agora com foco em área de mata na região da Serra do Mar; Polícia Militar e Força Aérea Brasileira participam dos trabalhos

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Foto do author Ítalo Lo Re
Atualização:

As buscas pelo helicóptero com quatro pessoas que desapareceu no último domingo, 31, véspera de réveillon, após decolar de São Paulo com destino a Ilhabela, no litoral norte do Estado, foram retomadas no início da manhã desta sexta-feira, 5, pela Força Aérea Brasileira (FAB) e a Polícia Militar. É o quinto dia que equipes especializadas procuram pela aeronave, agora com foco em área de mata na região da Serra do Mar.

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“O raio de buscas ainda é grande e está sendo mantido na Serra do Mar entre Salesópolis, Natividade da Serra e Caraguatatuba”, afirma a Defesa Civil do Estado de São Paulo. Neste momento, no entanto, as buscas estão sendo prejudicadas pelo mau tempo na região.

Na quarta-feira, 3, um corpo ainda não identificado foi encontrado em uma represa na região de Paraibuna e Natividade da Serra, no interior de São Paulo. O local é onde equipes da Força Aérea Nacional (FAB), do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar buscam o helicóptero desaparecido. No entanto, a Defesa Civil do Estado de São Paulo disse na manhã de quinta-feira, 4, que não há indícios de relação com a queda do helicóptero. A informação foi reforçada pela Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP).

Angústia dos familiares

Parentes de duas das desaparecidas, Luciana Rodzewics, de 46 anos, e sua filha, Letícia Rodzewics Sakumoto, de 20 anos, relatam angústia diante da situação, mas se mostram otimistas com o avanço das buscas. Além delas, estavam na aeronave o piloto (identificado como Cassiano Teodoro) e um amigo da família (Rafael Torres).

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“A gente tem bastante fé. Nós estamos com um pensamento bem positivo que teremos a finalização dessa busca, que os quatro tripulantes vão voltar com vida. Foi o primeiro dia que consegui dormir”, disse ao Estadão a vendedora Silvia Santos, de 43 anos, na quarta-feira. Moradora do bairro do Limão, na zona norte, ela é irmã de Luciana e tia de Letícia.

Letícia Rodzewics Sakumoto, de 20 anos, e sua mãe, Luciana Rodzewics. Foto: Silvia Santos/Acervo pessoal

Um grupo de 12 pessoas, entre parentes e amigos das duas desaparecidas, aguardava atualizações diretamente do Aeroporto do Campo de Marte, localizado na zona norte da capital, de onde o helicóptero partiu antes de sumir no último domingo. “Se a gente vai embora, fica mais difícil de acompanhar. Então ficamos aqui para eles verem que a gente está preocupado”, disse Silvia, na ocasião.

Por lá, estavam também a mãe de Luciana e o namorado de Letícia, para quem a jovem mandou as últimas mensagens antes de o helicóptero desaparecer. “Tempo ruim”, “não dá para passar” e “medo” foram algumas das atualizações da jovem sobre a viagem. Antes de deixar de responder, ela também mandou um vídeo da neblina na região e relatou ainda que a aeronave iria voltar para a capital paulista, por conta da dificuldade de chegar até Ilhabela.

Quando o helicóptero desapareceu?

O helicóptero, de prefixo PR-HDB e modelo Robinson R44 (de cores cinza e preto), decolou às 13h15 no Aeroporto Campo de Marte. O último contato oficial com a aeronave ocorreu às 15h10, segundo informações da Polícia Militar.

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A corporação afirmou que foi gerado um alerta, por volta das 22h40 de domingo, para o Comando de Aviação e para o Corpo de Bombeiros para uma possível queda de helicóptero. Até o momento, porém, não há informações sobre o paradeiro da aeronave.

A aeronave chegou a fazer um pouso de emergência?

O helicóptero chegou a fazer um pouso de emergência durante a tarde de domingo em uma área de mata, segundo imagens enviadas por Letícia ao namorado. “Pousamos”, enviou a jovem em mensagem de WhatsApp. Ao ser perguntada onde era o local, ela não soube dizer. “Estamos voltando”, escreveu em seguida.

Como as buscas estão sendo feitas?

Conforme a FAB, o Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAV) - Esquadrão Pelicano foi acionado para realizar as buscas ao helicóptero. Já foram cumpridas aproximadamente 20 horas de voo.

O esquadrão, que é responsável por realizar ações de busca e salvamento de aeronaves e embarcações desaparecidas em todo território nacional, atua, nesta missão, com a aeronave SC-105 Amazonas.

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Diariamente, a FAB traça novas rotas. Nesta sexta-feira, o raio ainda é grande e está sendo mantido na Serra do Mar entre Salesópolis, Natividade da Serra e Caraguatatuba.

Além da FAB, a Polícia Militar também auxilia nas buscas por meio do Comando de Aviação.

FAB realiza buscas por helicóptero desaparecido a caminho de Ilhabela. Foto: Força Aérea Brasileira

Qual é a tecnologia utilizada pela FAB?

A Força Aérea afirma que o SC-105 Amazonas possui um radar capaz de realizar buscas sobre terra ou mar, com alcance de até 360 quilômetros. “Um sistema de comunicação via satélite também permite o contato com outras aeronaves ou centros de coordenação de salvamento (Salvaero), mesmo em voos a baixa altura”, disse a FAB. A bordo, estão 15 tripulantes especializados.

A aeronave, continuou a FAB, conta também com um sistema eletro-óptico de busca por imagem e por espectro infravermelho. A Força Aérea explica que essa tecnologia permite realizar buscas pelo calor, detectando, por exemplo, uma aeronave encoberta pela vegetação ou uma pessoa no mar.

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O helicóptero estava em situação regular?

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero desaparecido consta no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) em situação normal de aeronavegabilidade, mas sem permissão para realização de serviço de táxi-aéreo.

O piloto do helicóptero desaparecido possuía licença em dia?

A Anac afirmou que o piloto, identificado como Cassiano Teodoro, teve sua licença e todas as habilitações sumariamente cassadas pela agência em 15 de setembro de 2021 por condutas infracionais graves à segurança da aviação civil.

De acordo com a agência, ele foi cassado em decorrência, entre outros motivos, de evasão de fiscalização, fraudes em planos de voos e práticas envolvendo transporte aéreo clandestino.

Em outubro de 2023, após observar prazo máximo legal para a penalidade administrativa de cassação, que é de dois anos, o piloto retornou ao sistema de aviação civil ao obter nova licença com habilitação para Piloto Privado de Helicóptero (PPH). Essa licença não dá autorização para realização de voos comerciais de passageiros. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Cassiano Teodoro.

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A viagem foi planejada com antecedência?

De acordo com familiares das desaparecidas, o convite para a viagem de helicóptero ocorreu de última hora. A hipótese é que partiu do amigo da família. “A Letícia tomou café com a minha mãe no domingo e falou que previa voltar para almoçar. O convite deve ter surgido no meio disso. Era para ser bate a volta”, disse Silvia.

Ela afirma que a irmã e a sobrinha, ambas moradoras da zona norte de São Paulo, nunca tinham feito um passeio de helicóptero anteriormente. “Mas elas gostam de adrenalina, por isso devem ter se animado com o convite”, afirmou a irmã. Segundo ela, Letícia já saltou de bungee jump e tinha planos de andar de balão no futuro.

Silvia tinha combinado de passar o réveillon com a irmã na casa da sogra. No domingo, no entanto, Luciana disse que havia desistido de ir, e partiu com a filha para o passeio de helicóptero com destino a Ilhabela. Ela chegou a postar um vídeo nas redes sociais do momento da decolagem da aeronave.

“Somos muito próximas, todo sábado e domingo encontrávamos”, disse Silvia. Assim como a irmã, Luciana também trabalhava com vendas, enquanto Letícia estava começando a empreender como designer de unhas na casa da avó, com quem morava desde a infância no bairro do Limão. “Ela tinha recém-montado um salão, estava progredindo”, disse a tia.

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Corpo é encontrado em represa de SP; não há indícios de ligação com helicóptero desaparecido

Um corpo ainda não identificado foi encontrado na quarta-feira, 3, em uma represa na região de Paraibuna e Natividade da Serra, no interior de São Paulo. O local é onde equipes da Força Aérea Nacional (FAB), do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar buscam o helicóptero que saiu de São Paulo rumo a Ilhabela e está desaparecido desde domingo, 31. No entanto, a Defesa Civil do Estado de São Paulo disse na manhã desta quinta-feira, 4, que não há indícios de relação com a queda do helicóptero.

“É importante destacar que não há nenhum indício de que este episódio tenha qualquer relação com o desaparecimento do helicóptero, cujas buscas entraram no quarto dia, com apoio do Comando de Aviação da PM a equipes da Força Aérea Brasileira”, acrescentou a SSP.

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