Tarcísio demite tenente-coronel apelidado de ‘Las Vegas’ e condenado por elo com cassinos

PM foi condenado pela Justiça Militar a 13 anos de prisão; à Justiça, defesa de policial afirmou que havia perseguição de colega e questionou provas usadas para embasar a investigação

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Foto do author Isabela Moya
Atualização:

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), demitiu o tenente-coronel da Polícia Militar Rogerio Carbonari Calderari. O ex-PM foi condenado pela Justiça Militar por participar de uma rede que operava cassinos ilegalmente e tinha o apelido de “Las Vegas”, segundo as investigações. Calderari recebeu pena de treze anos e três meses e prisão, em regime fechado, pelos crimes de corrupção passiva e participação em organização criminosa.

“Restou apurado que o Representado era conhecido na tropa como ‘Las Vegas’ em razão de sua intensa corrupção, sendo de amplo conhecimento que recebia com regularidade dinheiro proveniente da exploração de jogos de azar”, aponta o acórdão do Tribunal de Justiça Militar, de maio deste ano.

Tribunal de Justiça Militar de SP, responsável pela condenação de tenente-coronel apontado como integrante de esquema ilegal de cassinos Foto: TJM-SP

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Segundo a investigação, há indícios de que os negócios eram ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). À Justiça, a defesa de Calderari questionou as provas que embasaram a condenação e também apontou suposta perseguição por parte de um colega do ex-tenente-coronel (leia mais abaixo).

Os desembargadores militares declararam Calderari indigno para desempenhar a função na polícia, decretando a perda de seu posto e patente. “A decisão transitada em julgado dá conta de que o representado praticou condutas gravíssimas, ignorando a deontologia e infringindo valores fundamentais determinantes da moral policial-militar”, afirma o relator do caso, Orlando Eduardo Geraldi.

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As investigações dão conta que Las Vegas e outros oficiais, junto a seis civis, mantiveram, de 2012 a janeiro de 2018, casas de jogos ilegais na capital paulista. Ainda conforme o apurado, os membros da organização criminosa usavam armas de fogo e munições irregulares, apesar de possuírem armamentos regulares por serem policiais militares. Era comum a prática de corrupção de agentes públicos, policiais civis e militares.

Calderari trabalhava na zona sul de São Paulo, onde havia casas de exploração de jogos de azar pertencentes à organização criminosa. Sua função, segundo a acusação, era evitar ações policiais nos locais e, caso não conseguisse, impedir que a investigação policial fosse adiante.

A demissão de Calderari pelo governo foi publicada no Diário Oficial do Estado deste sábado, 12.

Em processo, defesa questionou provas usadas na investigação

Na ação judicial, a defesa afirma que não há provas contra Calderari e que ele era perseguido por outro tenente-coronel da corporação.

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Argumenta também que, na gravação usada durante a investigação que o incriminou, não foi realizada perícia, e que toda a acusação está baseada em uma suposta reunião da organização criminosa.

Ao Estadão, o advogado do ex-PM afirma que entrou com recurso junto ao STF e que “os fatos serão devidamente esclarecidos no âmago do processo judicial”.

Diz ainda que Calderari “trabalhou na Corporação por mais de 30 anos, com conduta ilibada e com respeito a legislação vigente, tanto que se apresentou voluntariamente para o cumprimento em regime fechado da pena imposta elo Tribunal de Justiça Militar, mesmo estes estando cientes que ainda nada foi julgado na esfera cível, bem como tramita recurso na mais alta corte brasileira, o que julgada procedente, anulará todo o processo por contar com procedimentos, provas e testemunhos ilegais”.

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