O Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo inaugurou nesta quarta-feira, 4, a exposição “Tesouros Ancestrais do Peru”, com 162 objetos originais em cerâmica, cobre, ouro, prata e tecidos que contam a história das antigas civilizações peruanas, em especial o Império Inca, maior civilização da América-Latina no período pré-colombiano.
São cinco andares de exposição, ocupando todo o prédio do CCBB com peças anteriores ou contemporâneas do Império Inca, como facas usadas em cerimoniais incas (chamadas tumis); trombeta com cara de felino e corpo de cobra; luvas de ouro; coroas e cocares. Além disso, é possível ver objetos do dia a dia das pessoas que viveram no período, como sapatos, pinças, copos e tigelas.
O acervo pertence à Fundação Mujica Gallo e fica exposto originalmente no Museo Oro del Perú y Armas del Mundo, em Santiago de Surco, no Peru, país da América Latina com maior influência Inca – o centro comercial, político e militar do império ficava na região onde hoje é a cidade de Cusco. As peças fazem parte do patrimônio cultural peruano, tombadas pelo Ministério da Cultura do País.
“Nosso objetivo, com a exposição, é trazer ao Brasil uma imagem mais detalhada das culturas ancestrais do nosso continente, da América Latina. No caso, o Peru (foi escolhido) porque é, talvez, o país que concentra a parte mais importante da cultura pré-hispânica“, conta Rodolfo de Athayde, curador da exposição. “Há uma grande riqueza no acervo que a gente conseguiu negociar com o Museu do Ouro e das Armas do Peru.”
A exposição já passou por Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e chega agora a São Paulo, onde deve permanecer até o dia 18 de novembro. É majoritariamente expositiva, mas há também animações sobre a história do Peru, uma oficina de colares com pingentes que remetem às tradicionais máscaras funerárias Lambayeque (civilização peruana pré-incaica) e uma reprodução de casa típica das antigas civilizações peruanas – essa última é uma ação do CCBB Educativo – Arte e Cultura, exclusiva para São Paulo. Os visitantes podem entrar na casa, feita com paredes douradas, com um altar no centro.
“A gente tem uma cultura muito eurocêntrica e, com isso, acreditando que as tecnologias atuais são bem mais funcionais do que as de cerâmica, por exemplo. Mas depois de aprender mais sobre os incas, os lambayeques e os mochicas (outro povo anterior aos incas), percebi que esses povos tinham uma ciência tão avançada quanto. fiquei surpreso em saber que eles já construíam casas resistentes a terremotos”, diz César Velloso, 25 anos, educador e visitante da exposição.
Blocos temáticos
A atração é dividida em cinco blocos temáticos: linha do tempo, mineração, divindades e rituais, cerâmica e têxteis e colonização. Dessa forma, é possível viajar por mais de 10 mil anos da história andina, desde os primeiros habitantes – em geral, pescadores e caçadores – até o surgimento da agricultura, o auge do Império Inca e a invasão espanhola.
“Percebi que eu conhecia muito pouco sobre o Império Inca e sobre a cultura do Peru, em geral. O conhecimento que a exposição me trouxe está sendo super importante para entender como foi a formação daqueles povos e também perceber quais as semelhanças com a formação do nosso País”, diz Velloso.
No bloco de colonização, uma instalação de arte contemporânea leva o visitante a refletir sobre as riquezas do Peru, a história da região, o período de mineração e a colonização. “Esse bloco expositivo pretende mostrar a assimetria desse violento encontro de civilizações, que funda uma nova identidade sincrética e mestiça, sobre as ruínas do império Inca”, diz o CCBB.
- O Centro Cultural do Banco do Brasil de São Paulo fica na Rua Álvares Penteado, 112, no centro histórico da capital paulista.
- A exposição é gratuita e funciona das 9h da manhã até as 20h, todos os dias, exceto terças-feiras.
- É possível retirar os ingressos presencialmente, na bilheteria, ou pelo site. A entrada é gratuita e a exposição vai até 18 de novembro.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.