Um tiroteio nos Jardins, região central da capital paulista, terminou com três mortos na tarde deste sábado, 16. O dono da casa, um empresário, abriu fogo contra dois policiais civis, que haviam tocado a campainha em busca de imagens de câmeras de segurança para investigar um furto ocorrido na mesma rua, no dia anterior, segundo a Secretaria da Segurança Pública. Os agentes revidaram e começou a troca de disparos.
Os mortos, segundo o boletim de ocorrência, foram o proprietário da mansão, Rogério Saladino dos Santos, de 56 anos; a investigadora do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Milene Bagalho Estevam, de 39 anos; e Alex James Gomes Mury, de 49, que trabalhava como jardineiro de Saladino.
Ainda conforme o boletim de o ocorrência, após ser alvo dos tiros, o colega de Milene, o policial Felipe Wilson da Costa, acertou Saladino. Quando o patrão caiu, Mury pegou a arma do chão para atirar contra os policiais e também foi baleado por Costa, que escapou vivo do tiroteio.
Um motorista de aplicativo, que foi chamado por uma das pessoas no interior da mansão, também teve seu carro atingido durante a troca de tiros, mas não sofreu nenhum ferimento.
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Saladino havia acabado de receber convidados em um almoço na mansão na Rua Guadelupe, de dois andares, onde também estavam sua mulher e seu filho. Ele desconfiou que a abordagem dos agentes policiais seria um “golpe” e, segundo o boletim de ocorrência, abriu o portão da garagem automático e disparou imediatamente contra Milene, que caiu ao ser atingida no braço e na axila.
O empresário foi atingido na região torácica. Ele era sócio do Grupo Biofast, da área de medicina diagnóstica que está no mercado desde 2002. Saladino também era conhecido em Trancoso, na Bahia, onde tinha uma casa de veraneio e gostava de fazer festas, segundo notas de colunas sociais.
O Estadão não conseguiu contato com a família de Saladino ou com a Biofast.
Milene Bagalho Estevam estava havia sete anos na corporação, que lamentou sua morte. Ela deixa uma filha de cinco anos.
Já Gomes Mury atuava como vigilante e jardineiro na casa de Saladino.
Uma perícia foi realizada no imóvel, onde os policiais encontraram duas pistolas de calibres .45 e .380, utilizadas por Saladino e Cury na reação à abordagem policial. “As quatro armas envolvidas na ocorrência, sendo duas dos dois policiais civis e duas do empresário, foram apreendidas”, acrescentou a SSP.
No imóvel do empresário, os policiais ainda encontraram 20 envolopes com porções de maconha, haxixe e drogas sintéticas. Ele ainda tinha, segundo a SSP, passagens por homicídio e lesão corporal, em 1989; e por crime ambiental, registrado em 2008.
Milene e Saladino chegaram a ser socorridos para a Hospital Santa Casa de Misericórdia e para o Hospital São Paulo, respectivamente, mas não resistiram aos ferimentos. Já Cury morreu no próprio local da abordagem, onde a perícia preliminar identificou um único ferimento, na região do seu ombro direito.
O caso foi registrado como homicídio e morte decorrente de intervenção policial na Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investigará o caso. A unidade da Polícia Civil é acionada para investigar casos envolvendo morte de policiais e solicitou ao Instituto Médico-Legal que fizesse os exames necroscópico, toxicológico e a coleta de material genético em Saladino, com “especial atenção” pelos “entorpecentes específicos encontrados em sua residência”.
Fábio Lopes Pinheiro, diretor do Deic, disse em entrevista ao Metrópoles que a fatalidade foi um “resultado da bebida (alcólica) com arma de fogo”. “Isso acabou vitimando uma das melhores policiais que eu tinha. De casa dez latrocínios que a gente atendia, ela e o parceiro esclareceram oito. É uma lástima, não dá para descrever nem dizer o que passou na cabeça do empresário.”
“Primeiro, se fosse bandido não ia mandar o vigilante entrar, teria entrado junto. Segundo, a casa dele tinha guarita, se desconfiasse da ação dos policiais poderia ter ligado para a PM, mas não fazer o que ele fez”, afirmou.
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