Trem descarrila, bate e deixa 16 feridos no Rio

Causas ainda não foram esclarecidas, mas sindicato alega falta de manutenção da SuperVia; Estação Madureira foi parcialmente interditada

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Por Antonio Pita e RIO

O descarrilamento de uma composição de trens urbanos no Rio deixou 16 pessoas feridas e levou pânico aos passageiros, na manhã de ontem. Por volta das 6h30, o trem da linha Japeri-Central do Brasil se chocou contra três pilastras da Estação Madureira, zona norte. As causas do acidente ainda não foram esclarecidas, mas o Sindicato dos Ferroviários aponta falhas na manutenção do sistema. As 16 vítimas tiveram ferimentos leves, foram encaminhadas para hospitais da região e passam bem. Lotado, o trem estava em baixa velocidade ao se aproximar da estação. Apenas o último vagão se chocou com as vigas. A frente desse carro ficou completamente destruída, com bancos retorcidos e peças soltas.Há relatos de que as portas do vagão se abriram e alguns passageiros caíram na plataforma. Os passageiros contam que um forte barulho foi ouvido no trem na estação anterior ao local do acidente. "Tinha muita poeira no ar e gente desesperada. Quem não estava machucado desceu pelo trilho, correndo. Fiquei bastante assustado", afirmou Eneias Moza, de 46 anos.A estação foi parcialmente interditada, após uma vistoria da Defesa Civil identificar sérias avarias nas vigas. A SuperVia - concessionária que administra o sistema de trens e estações - deverá realizar a contenção nos pilares, antes da liberação do acesso. As pilastras sustentavam uma das áreas de embarque, com bilheteria e lanchonetes. "A estação balançou como se fosse um terremoto", relatou Isabel Silva, funcionária de uma lanchonete.Causas. Para o Sindicato dos Ferroviários do Rio, o acidente evidencia a falta de manutenção no sistema de trens urbanos. "A empresa é negligente com os trens antigos, e isso causou uma série de ocorrências recentemente", afirmou o diretor do sindicato, Pedro de Oliveira.Em nota, a SuperVia informou que uma comissão interna investiga as causas do descarrilamento. O resultado ficará pronto em 30 dias. De acordo com a empresa, a composição é da década de 1980 e passa por vistoria regularmente. A Agetransp, agência estadual que regula o serviço, também apura as causas do acidente, que causou transtornos na circulação dos trens durante todo o dia. Denúncias. A ocorrência é o 23.º processo aberto na Agetransp contra a concessionária somente em 2012. A agência fiscaliza denúncias de má conservação dos trens, viagens com portas abertas, atrasos recorrentes e outros acidentes envolvendo o serviço. Nos últimos dois anos, as investigações resultaram em R$ 2,4 milhões de multas à concessionária.No início da tarde de ontem, um passageiro morreu atropelado por um trem da SuperVia ao atravessar a linha férrea na Estação de São Cristóvão, na zona norte. A Polícia Civil e a concessionária também investigam as causas desse acidente. Para amenizar os problemas, a concessionária informa que investirá, em 2012, R$ 284 milhões em obras de modernização. Além disso, 22 trens chineses, comprados pelo governo estadual, foram incorporados à frota, após três anos de atrasos. A expectativa é de que, até 2016, sejam 90 novos trens e 73 composições reformadas - os vagões que colidiram ontem estariam previamente relacionados para reparos.

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