Trilha no litoral norte de SP esconde antigo refúgio de piratas e aquário natural; veja como é

Na parte sul de Ubatuba, trajeto de 10 quilômetros é atração procurada por turistas com orla paradisíaca cercada pela Mata Atlântica

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Foto do author João Ker

Um trajeto com 10 quilômetros por cenários paradisíacos às margens da Mata Atlântica. É essa a proposta da Trilha das 7 Praias, a mais famosa de Ubatuba, na parte sul da cidade que é uma pérola do litoral norte de São Paulo e um dos destinos mais buscados no verão.

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O percurso inteiro pode ser autoguiado e dura de 3 a 4 horas, saindo a pé da Praia da Lagoinha (mais ao sul) ou da Praia da Fortaleza. Uma dica preciosa é sair desta última porque é dela que sai o trecho mais difícil e íngreme da trilha. Assim, você evita chegar à etapa final da aventura com mais 2,5 quilômetros de perrengue para enfrentar pela frente.

Antes de mais nada, é preciso esclarecer em que os próprios guias, barqueiros, moradores e turistas não chegam a um consenso: a nomenclatura de cada praia e como o trajeto é feito. Há quem considere que a Trilha das 7 Praias não considera seus pontos de partida e chegada (ou seja, as Praias da Fortaleza e da Lagoinha não entram nessa conta).

Ao mesmo tempo, alguns trechos de areia causam confusão por ter o início e o fim delimitados apenas por uma pedra no meio da orla.

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O Estadão percorreu o trecho por mar e considera a nomenclatura informada pela Rainha do Mar - Tour Náutico, empresa credenciada no município e com experiência na região. Outras agências podem alterar a ordem e nomes das praias e paradas, por isso incluímos entre parênteses outras formas pelas quais elas podem ser conhecidas (algumas têm até três ou quatro nomes!).

Sem demorar nessa matemática, vamos ao que importa: os cenários tropicais, paradisíacos e ímpares que transformam a Trilha das 7 Praias em uma das aventuras mais procuradas do verão em São Paulo.

Praia da Fortaleza

A reportagem partiu da Praia da Fortaleza, que tem esse nome por ter servido no passado como esconderijo de piratas e corsários do litoral paulista. Isso muito antes de funcionar como ponto de desembarque das mercadorias levadas de canoa entre o Porto de Santos e Ubatuba ou de ter investido mais recentemente em seu caráter turístico.

O investimento é visível por todo lado, fazendo com que essa e a Praia da Lagoinha sejam os pontos de maior infraestrutura da trilha. Por lá, é fácil encontrar estacionamento, tanto na rua quanto privado, a partir de R$ 20.

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Também há restaurantes, quiosques, trailers e lanchonetes, no entorno, na orla e andando pela areia. Além disso, o local tem empresas de turismo, com passeios de barco, de banana ou de disco inflável; aluguel de pranchas e equipamento para mergulho; e muitas opções de hospedagem.

Acesso ao início da Trilha das 7 Praias partindo da Praia da Fortaleza, em Ubatuba Foto: Felipe Rau / Estadão

Por isso e pela tranquilidade do mar, a Praia da Fortaleza atrai muitas famílias, das crianças aos mais velhos. Outro atrativo, além das belezas naturais, é a proibição das caixas de som, as grandes vilãs do verão no litoral. Para quem passa por lá, dois pontos são imperdíveis.

  • Pontão da Fortaleza

Acessado por uma pequena trilha também do lado direito da Praia da Fortaleza, o pontão guarda duas formações de pedra esculpidas pela natureza nas formas de tartaruga e de baleia, esta última mais próxima do mar onde, a depender do dia e da sua sorte, é possível ver ondas quebrando por trás das rochas como se o bicho estivesse respirando pelo espiráculo (aquele buraquinho redondo na cabeça por onde a água sai).

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Pedra da Baleia, no Pontão da Fortaleza, vista de frente Foto: Felipe Rau / Estadão

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  • Aquário Natural

Já pensou em nadar rodeado por peixes? Na Praia da Fortaleza, isso é possível. O aquário natural na ponta direita da orla fica em um recife antes do acesso ao pontal e mais uma das paradas obrigatórias da trilha.

Por lá, visitantes de todas as idades ficam maravilhados com a quantidade de peixes, tartarugas, estrelas-do-mar, peixes (principalmente os sargentinhos) e outros animais marinhos que visitam o ponto. Mas para vê-los é preciso chegar cedo, porque eles “começam a sumir na Sessão da Tarde e vão dormir de vez na novela das seis”, como explicou um dos vendedores locais.

Aquário Natural da Praia da Fortaleza Foto: Felipe Rau / Estadão

Praia do Cedro

Conhecida também como Praia do Cedro Sul ou Praia do Cedro do Sul (para não ser confundida com a Praia do Cedrinho, no centro), é a primeira parada para quem parte da Praia da Fortaleza. Também é uma das poucas que conta com quiosque aberto para ajudar os viajantes.

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O funcionamento, entretanto, é irregular e a barraca estava fechada no dia em que a reportagem visitou o local. Por isso, é bom não depositar muita esperança de encontrar algo para beber ou comer por ali.

A Praia do Cedro é conhecida entre os trilheiros como uma das mais exuberantes do percurso. Chegando nela, dá para entender o porquê: o local tem águas verdes e cristalinas, uma bica de água doce e pedras dispostas da maneira perfeita para você deitar e curtir a vista.

Sem falar no tanto de vegetação nativa em todo o entorno: um refúgio natural do sol forte, mas também um lembrete de que é hora de reforçar o repelente. Fora isso, é totalmente inabitado e um dos poucos trechos que não tem nenhuma casa construída perto da mata.

Para quem começa a trilha da Praia da Lagoinha, essa é a penúltima parada do trajeto, que segue por mais 2,5 quilômetros até a Praia da Fortaleza. Não à toa, ela é um famoso “ponto de desistência” para os mais cansados e tem placas com os telefones de alguns barqueiros penduradas nas árvores de entrada.

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Ainda assim, a Praia do Cedro costuma ser relativamente badalada na alta temporada, principalmente pelos visitantes que chegam a bordo das próprias embarcações. Nos dias mais movimentados, dá para encontrar facilmente aluguel de caiaque, prancha de stand up paddle ou equipamento de mergulho, apesar de o resto da trilha ter pontos melhores para isso.

Vista aérea da Praia do Cedro e da Praia do Deserto; à esquerda do barco, o conjunto de pedras que delimita as duas praias  Foto: Felipe Rau / Estadão

Praia do Deserto

Um dos principais pontos de discórdia da trilha quanto ao nome, ela também é chamada por alguns de Praia do Cedro Grande ou Praia Deserta. Por ser basicamente uma extensão da praia anterior, cujos limites são definidos por um conjunto de pedras no meio da faixa de areia, não é difícil transitar entre uma e outra nem há diferenças gritantes entre elas.

Praia do Cedro vista da Praia do Deserto  Foto: Felipe Rau / Estadão

Praia do Bonete

Conhecida também como Praia Grande do Bonete, em relação à sua “irmã” menor, foi no passado um ponto conhecido para acampamento selvagem pela grande quantidade de abricós que espalham sombra pelos mais de 2 quilômetros de orla. A atividade, entretanto, foi proibida por lá há anos.

Desde então, o local se tornou basicamente um reduto de cultura caiçara, com barqueiros de carga, cultivo de mariscos e uma barraca que eventualmente pode estar aberta ao público. Pela profundidade, serve também como ponto para embarque e desembarque de cargas marítimas.

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Por isso e pelos moradores do local, ela costuma ter mais banhistas e consequentemente menos privacidade. Por outro lado, conta com um quiosque aberto nos dias de alta temporada.

Movimento de barcos na orla da Praia do Bonete Foto: Felipe Rau / Estadão

Praia do Bonetinho

Também chamada apenas de Praia do Bonete por quem considera a anterior como a “Praia Grande do Bonete”, o fato é que está é realmente menor do que a anterior, da qual está separada por uma trilha de menos de 500 metros.

Assim como a outra, tem recebido mais turistas nos últimos anos e se tornou um dos principais pontos de parada para quem contrata os passeios tradicionais de banana boat (sainda da Lagoinha) ou escuna, como é possível ver pela foto abaixo.

Com córregos nas duas extremidades, a faixa de areia tem aproximadamente 150 metros de extensão, de onde é possível ver algumas praias no lado oposto da baía, como a Pulso, a Caçandoca e a Caçandoquinha. Apesar de pouca infraestrutura, tem dois quiosques que costumam abrir nos dias mais movimentados, mas ainda mantém o ar de local tranquilo, com menos turistas e focado no relaxamento do visitante.

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Movimento de turistas chegando à Praia do Bonetinho por escunas, lanchas e jet-skis  Foto: Felipe Rau / Estadão

Praia do Peres

Com areia monazítica (com maior concentração de metais pesado e mais escura) e cercada por casas, a Praia do Peres é o refúgio para uma comunidade tradicional de pescadores e também um ótimo ponto para fazer mergulho de snorkel.

Lá, é possível nadar com sargentinhos, peixinhos amarelos com listras pretas que aparecem em abundâncias nas duas extremidades da orla e em outros pontos de Ubatuba.

A essa altura, você já (ou ainda) tem vista para a Praia da Lagoinha. À esquerda, um píer separa o trecho principal de um menor, conhecido como Prainha do Peres. Quem chega da trilha por ali passa necessariamente pelo Pontão do Jarobá, restaurante caiçara tradicional da região e parada obrigatória dos que fazem o trajeto a pé.

Vista da areia monazítica na Praia do Peres Foto: Felipe Rau / Estadão

Praia do Oeste

Acessada por um caminho curto de terra saindo da praia anterior e passando pelos fundos de algumas casas, a Praia do Oeste é a penúltima da trilha para quem sai da Praia da Fortaleza. A teoria mais difundida é de que ela se chama assim pela beleza do pôr-do-sol visto de lá, de onde é possível ver também as orlas da Praia da Lagoinha, Sape e Maranduba.

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A orla é pequena, repleta de pedras na superfície e no fundo do mar, além de também ter areia monazítica de cor acinzentada. Por ser de fácil acesso para quem está hospedado nas imediações e ter o mar tranquilo com profundidade rasa, costuma atrair famílias com crianças e idosos.

Praia do Oeste, famoso ponto de apreciação do pôr do sol em Ubatuba Foto: Felipe Rau / Estadão

Praia da Lagoinha

Assim como a Praia da Fortaleza, é uma das mais urbanizadas da trilha, com opções de quiosques, restaurantes, hospedagens, lojas, farmácias, passeios de barco e estacionamentos. A faixa de areia chega a mais de 3 quilômetros e atrai turistas de todas as idades nos dias de calor. Andando à direita da orla, é possível chegar sem dificuldades às praias do Pontal, do Sape e de Maranduba.

Praia da Lagoinha vista do mar Foto: Felipe Rau / Estadão

Bônus: Praia Deserta

Segundo a prefeitura de Ubatuba, a Praia Deserta se chama, na verdade, Prainha da Deserta, enquanto nos mapas dos principais serviços de GPS ela aparece como Prainha do Cedro do Sul. Não que você consiga chegar até lá de carro, mas o registro existe mesmo assim.

Apesar da variação de nomes, que também inclui Praia Deserta do Cedro, todos eles trazem em comum suas duas principais características: ser deserta e estar próxima à do Cedro (do Sul).

Essa é a única do trajeto cujo acesso não é possível por terra, ou seja, só chega nela quem está com alguma embarcação pequena ou tem coragem de escalar até lá pelas pedras que saem da Praia da Fortaleza. Apesar de não ser parte oficial da Trilha das 7 Praias, é bem conhecida entre os locais e integra a maior parte dos roteiros de passeios vendidos na orla.

FR45 SAO PAULO 18/12/2023 - CIDADES - BATE-VOLTA UBATUBA - Foto da Trilha das Sete Praias, em Ubatuba.Na foto a praia Deserta do Cedro. FOTO: FELIPE RAU/ESTADÃO  Foto: FELIPE RAU

Serviço

  • Praia da Fortaleza

Coordenadas: Latitude -23.5293, Longitude -45.1658

  • Praia Deserta

Coordenadas: Latitude -23.5392, Longitude -45.1691

  • Praia do Cedro

Coordenadas: Latitude -23.5404, Longitude -45.1661

  • Praia do Deserto

Coordenadas: Latitude -23.5397, Longitude -45.1705

  • Praia do Bonete

Coordenadas: Latitude -23.5271, Longitude -45.1875

  • Praia do Bonetinho

Coordenadas: Latitude -23.5271, Longitude -45.1875

  • Praia do Peres

Coordenadas: Latitude -23.5271, Longitude -45.1875

  • Praia do Oeste

Coordenadas: Latitude -23.5258 , Longitude -45.1886

  • Praia da Lagoinha

Coordenadas: Latitude -23.5199, Longitude -45.1993

Acesso pelo km 73 da BR-101

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