SÃO PAULO - A abordagem a um suspeito na Cracolândia, no centro de São Paulo, terminou em tumulto no começo da tarde desta quinta-feira, 19. Os usuários de drogas atearam fogo em objetos, bloquearam as avenidas Rio Branco e Duque de Caxias, e depredaram a base comunitária da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
A GCM dava apoio às equipes de limpeza e zeladoria em ações de rotina na região. Segundo a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, os usuários tentaram impedir a revista do suspeito e atiraram pedras contra os agentes. Dois guardas ficaram feridos e foram socorridos. Uma viatura, afirma a pasta, também ficou danificada.
Segundo o inspetor Elias Rodrigues de Lima, comandante da equipe da GCM na região, durante o tumulto alguns dependentes químicos também foram para cima de carros na Rio Branco para tentar assaltar os motoristas. “Abordamos e prendemos mulas (quem transporta as drogas para dentro da Cracolândia) todos os dias e nunca acontece uma revolta como a de hoje (quinta-feira). Há dias que tentamos abordar esse sujeito e, quando conseguimos, houve esse tumulto no fluxo. Ele é uma liderança forte (do tráfico) no local e tem proteção do fluxo”, explicou Lima.
O homem apontado como um dos líderes do tráfico pela GCM foi levado para o 77º DP (Santa Cecília). Com ele, foi achada pequena porção de uma substância que aparentava ser cocaína.
Drogas
Em maio, o Estado apurou que um ano após ser alvo de uma megaoperação policial, a Cracolândia resiste, com o fluxo espalhado pelo centro de São Paulo.
No “quadrilátero da droga”, porém, o cenário mudou: usuários dividem território com espigões residenciais de 17 andares, recém-construídos. Com obras, desapropriações e demolições em andamento, frequentadores e moradores vivem clima de incerteza – e o acirramento da tensão tem provocado conflitos com guardas-civis e policiais, e até invasões nos novos prédios.
Pontos de droga
Levantamento inédito do Departamento Estadual de Narcóticos (Denarc) aponta que há ao menos 275 pontos de venda de droga no varejo na cidade de São Paulo.
O mapeamento indica, ainda, que o crack se disseminou e já é vendido em cerca de 80% das biqueiras – como são chamados os locais de tráfico. Com a expansão do comércio, a Polícia Civil, agora, também mira as áreas denominadas de minicracolândias e planeja operações.
Com a disseminação de biqueiras, a Polícia Civil tem mirado áreas chamadas de minicracolândias, onde há concentração de usuários fora do centro. Na avaliação de policiais, a fragmentação dos “fluxos” facilita a realização de operações contra o tráfico.
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