SÃO PAULO - Uma greve iniciada na segunda-feira pelos garis do ABC espalha lixo e mau cheiro pelas ruas. O problema atinge seis das sete cidades da região. O sindicato que representa os trabalhadores reivindica um reajuste de 15,3%, enquanto as empresas responsáveis pela coleta ofertam 10%. O impasse na negociação levou a prefeitura de São Caetano do Sul a despejar, sem permissão, resíduos domiciliares no terreno onde funcionou as Indústrias Matarazzo, no bairro Fundação.
A decisão fez com que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) advertisse o município, que alega ter decidido despejar o lixo no terreno para evitar riscos à saúde pública. Segundo a prefeitura, a ação tem caráter emergencial, já que a greve também dificulta o acesso dos caminhões de coleta ao aterro sanitário da empresa Lara, que fica em Mauá, mas é utilizado por São Caetano.
Presidente do sindicato que representa os garis, Roberto Alves da Silva afirma que o porcentual de reajuste defendido pelos trabalhadores equivale a um aumento real de R$ 150 na folha de pagamento. "As empresas querem nos dar R$ 100. Então, tudo isso é por causa de R$ 50 a mais para os coletores, que as empresas podem bancar."
Uma reunião marcada para a tarde desta sexta-feira, 4, no Tribunal Regional do Trabalho pode pôr fim à paralisação. Até lá, moradores do ABC aguardam com expectativa pela passagem do caminhão de lixo. Apesar de o sindicato afirmar que ao menos 50% dos garis estão trabalhando, é possível notar a sujeira do centro à periferia das cidades.
Em São Bernardo do Campo, bairros centrais, como o Jardim do Mar, e mais afastados, como o Jardim Alvorada, sofrem com sacos espalhados pelas calçadas. O lixo está acumulado desde terça-feira em boa parte da cidade. "A gente fica sem saber se recolhe ou não o saco que pusemos na rua. Deveriam avisar", reclama Cristina Gomes.
Em algumas regiões de Diadema, a situação é crítica. "Não tivemos coleta nesta semana. Era para ter passado na terça e quarta-feira (ontem). O resultado é esse cheiro forte, que só piora", diz Hilda Almeida, do Jardim Bela Vista.
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