7 coisas que você precisa saber sobre dor nas costas

Problema na coluna é a principal causa de afastamento do trabalho no Brasil

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Por Rone Carvalho

Todos os dias, cerca de 562 trabalhadores no Brasil são afastados de suas atividades por dor nas costas. De acordo com o Ministério da Previdência Social, foram 205.142 afastamentos em 2024, contra 121.450 em 2023 — um aumento de 69%.

Má postura e estresse estão entre as causas mais frequentes de dor nas costas Foto: Africa Studio/Adobe Stock

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Nos dois anos, o quadro ficou com a primeira posição entre as causas dos pedidos de benefício por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença), quando o trabalhador precisa ficar mais de 15 dias afastado. Ele responde também por grande parte das ausências de funcionários em outros lugares do mundo.

Mas por que tantos casos?

A dor nas costas normalmente é causada por má postura, falta de exercício físico, estresse ou sobrecarga repetitiva.

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“O distúrbio mais comum é a dor muscular derivada da fadiga da musculatura das costas, que ocorre quando ficamos muito tempo em uma mesma posição, tronco curvado para frente. Em segundo lugar, vêm as torções lombares e, em terceiro, distúrbios de discos intervertebrais”, diz Francisco Cortes Fernandes, presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT).

A fadiga da musculatura, por sua vez, está bastante associada ao uso do celular. “Passamos de duas a três horas por dia de cabeça baixa”, lembra Renato Ueta, diretor na Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). “Isso já explica muito do aumento de casos de dorsalgia nos últimos anos”.

Existe mais de um tipo de dor nas costas?

Sim. A dor é categorizada a partir da região que afeta. “Cientificamente, separamos a nossa coluna em três segmentos principais: cervical (região do pescoço), torácica (região dorsal) e lombar”, explica Ueta.

Assim, as dores nas costas são classificadas em:

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a) Cervicalgia: quando acomete a área do pescoço;

b) Dorsalgia: se a região que dói fica no meio da coluna;

c) Lombalgia: quando a dor atinge a parte inferior das costas.

O tipo de dor que gerou os mais de 205 mil afastamentos no ano passado foi a dorsalgia.

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Quando a dor deve gerar preocupação?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população já teve ou terá dor na coluna. Desconfortos momentâneos podem acontecer, mas dores intensas e/ou prolongadas merecem atenção.

Uma dor que permanece durante dias, fraqueza muscular, formigamento e alteração na marcha são sinais de alerta e merecem ser avaliados por um especialista, diz Ueta. Perda de peso de forma inexplicada, falta de ar, febre noturna e dor que não melhora com analgésicos também são um indicativo de que é hora de procurar ajuda.

Como a dor é classificada?

Ricardo Meirelles, chefe do Centro de Doenças da Coluna Vertebral do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), explica que a dorsalgia pode ser classificada de duas formas. Primeiro, quanto à sua duração:

  • Dorsalgia aguda – dura até 6 semanas e geralmente está associada a esforços repentinos, má postura ou traumas;
  • Dorsalgia crônica – dura mais de 12 semanas e pode estar ligada a problemas estruturais da coluna, como hérnia de disco, artrose ou escoliose.

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Já a segunda classificação leva em consideração a causa da dor:

  • Mecânica – relacionada a esforço físico, postura inadequada, fraqueza muscular ou sedentarismo;
  • Inflamatória – associada a doenças inflamatórias como espondilite anquilosante ou artrite reumatoide;
  • Neuropática – ocorre quando há compressão ou irritação dos nervos, como em casos de hérnia de disco ou estenose espinhal;
  • Psicogênica – relacionada a fatores emocionais, como estresse e ansiedade, que podem causar tensão muscular.

A forma como a dor é encarada influencia sua intensidade?

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Sim, já que frequentemente a dor nas costas é fruto de hábitos de vida e, para enfrentá-la, é preciso fazer mudanças na rotina.

“Não são apenas os hábitos no sentido de atividade física, mas a nossa postura, qualidade do sono e os próprios aspectos psicológicos, como depressão e ansiedade, têm muita influência em relação à intensidade das dores”, diz Ueta.

O peso pode influenciar a dor nas costas?

O peso é considerado um dos principais agravadores da dor nas costas (em conjunto com a postura) e seu controle é extremamente importante para o tratamento.

Segundo Meirelles, isso ocorre porque o ganho de peso aumenta a sobrecarga na coluna, potencializando a dor. “Ao mesmo tempo, a ausência de fortalecimento muscular e alongamento levam à fraqueza nos músculos que sustentam a coluna, favorecendo as dores”, acrescenta.

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É recomendado praticar atividade física depois de sentir dor nas costas?

A atividade física é uma aliada de quem tem dor nas costas, dizem os especialistas. A dúvida é: quando fazer exercícios?

“Quando você está com dor, pode e até deve realizar movimentos, conforme a dor permitir. É obvio que aquele paciente que está com muita dor e não consegue sair da cama deve manter-se imobilizado, mas, assim que possível, é importante começar a se mexer”, afirma Ueta.

“O que pedimos ao paciente é para respeitar seu limite, sua dor e seu corpo. A atividade física é importantíssima para o tratamento no médio e longo prazo”, complementa.

Como evitar a dor na coluna?

O primeiro passo é manter uma boa postura ao sentar, ficar em pé e ao carregar objetos, evitando sobrecarga na coluna. Adotar hábitos ergonômicos, como usar cadeiras adequadas, regular a altura da tela do computador e usar colchões firmes, também é uma medida importante.

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Além disso, quando se trabalha muito tempo sentado, é importante fazer pausas durante o dia para movimentar o corpo e reduzir a tensão na região lombar, ressalta Meirelles.

Praticar atividade física regularmente, com alongamentos, exercícios de fortalecimento muscular e aeróbicos, também ajuda a prevenir a dor. “Recomendamos atividades físicas que fortaleçam muito o tronco, a região que chamamos de core. Elas são importantes para estabilização do tronco e para tirar a sobrecarga da coluna vertebral”, diz Ueta.