A escova de dente elétrica é melhor? Qual o jeito certo de usar?

Estudos indicam que a escova tecnológica é mais eficiente na limpeza dos dentes, mas, com a técnica adequada, a versão manual tende a ser igualmente benéfica

PUBLICIDADE

Por Lindsey Bever (The Washington Post)

A pergunta: É verdade que as escovas de dentes elétricas são melhores do que as manuais?

A resposta da ciência: Seja rodando, girando ou usando vibrações sônicas para varrer restos de comida, as escovas de dentes elétricas são melhores na remoção da placa dentária e na redução da gengivite do que as escovas manuais, mostram estudos. Ainda assim, dizem os especialistas em odontologia, é preciso considerar outros fatores.

Escovas elétricas tendem a ser mais eficazes do que as manuais na limpeza dos dentes, mas tudo depende mesmo da técnica de quem está escovando Foto: serhiilysenko/Adobe Stock

PUBLICIDADE

Uma revisão de estudos de 2014 que contou com mais de 5 mil participantes no total relatou que, depois de usarem escovas de dentes elétricas durante três meses, as pessoas tiveram uma redução de 21% na placa bacteriana, que pode causar cárie dentária e gengivite (inflamação da gengiva). Houve também uma redução de 11% na gengivite, que, se não for tratada, pode levar a doenças gengivais mais graves e à perda de dentes.

A pesquisa também mostrou que as escovas rotativas podem ter uma ligeira vantagem em relação às escovas sônicas de alta frequência.

Publicidade

Mas a escova de dentes nem sempre é a chave da questão.

“O mais importante não é tanto a escova, mas quem usa a escova”, diz Edmond Hewlett, porta-voz da Associação Americana de Odontologia. “E com isso quero dizer que conversamos com nossos pacientes sobre os vários tipos de escova e tentamos ajudá-los a escolher aquela que eles provavelmente vão usar mais e com mais eficácia”.

Com a abordagem adequada, as escovas de dentes manuais podem ser igualmente eficazes, sobretudo para as pessoas que se sentem mais confortáveis com elas, avisa Tien Jiang, professora assistente da Escola de Medicina Dentária de Harvard.

“Tudo se resume à técnica”, independentemente do tipo de escova que as pessoas escolhem, informa Jiang.

Publicidade

Os especialistas dizem que as técnicas de escovação ruins não só não fazem a limpeza adequada dos dentes e gengivas, como também podem danificá-los, com risco de causarem retração gengival, sensibilidade dentária e dentes soltos.

Uma vantagem das escovas de dentes elétricas é que elas fazem boa parte do trabalho para quem as usa: elas giram e vibram para desalojar placas e partículas de alimentos; muitas delas têm temporizadores para informar quanto tempo você deve seguir escovando os dentes; e algumas possuem sensores de pressão para alertar quando você está escovando com força demais.

“Elas não requerem domínio” da técnica certa de escovação manual, comenta Hewlett, professor e reitor associado da Faculdade de Odontologia da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Às vezes, escovas de dentes elétricas também são recomendadas para pessoas com problemas nas mãos, como artrite, porque são mais fáceis de segurar e manobrar dentro da boca.

Publicidade

A principal desvantagem é o preço. As escovas elétricas recarregáveis mais utilizadas podem variar de US$ 30 a US$ 200. (Versões à pilha geralmente custam menos).

Os especialistas enfatizaram que as pessoas devem conversar com um profissional de saúde bucal sobre qual escova de dentes é melhor para elas e, o mais importante, aprender as técnicas de escovação adequadas.

O que mais você precisa saber

Independentemente da escova que você escolher, aprenda a maneira correta de usá-la, dizem os especialistas.

Escovas de dentes manuais

Publicidade

  • Escolha uma escova de cerdas macias. Ela não só é mais suave para as gengivas, como também se espalha pela superfície dos dentes para uma melhor cobertura.
  • Segure as cerdas da escova em um ângulo de 45 graus em relação à linha da gengiva – onde as gengivas encontram os dentes – pois é aqui que a placa tende a se esconder.
  • Usando uma pressão leve, escove em movimentos circulares, afastando a placa da linha da gengiva.
  • Vá com calma. “A gengiva é muito fina e delicada, por isso, se você usar muita força, com o tempo correrá o risco de fazer com que a gengiva se retraia”, explica Sheila Yaghmai, professora clínica assistente de odontologia interdisciplinar na Escola de Odontologia da UCLA. Quando isso acontece, disse ela, a superfície da raiz abaixo da gengiva fica exposta, deixando o dente hipersensível a mudanças de temperatura e mais sujeito à cárie.
  • Comece em um canto dos dentes superiores e use essa técnica para escovar de um lado para o outro na parte frontal dos dentes, antes de passar à parte posterior e à superfície da mordida. Em seguida, vá para os dentes inferiores. Não gaste mais de 2 minutos de escovação no total, ou cerca de 30 segundos por quadrante.

Escovas de dente elétricas

  • Compre uma cabeça de escova com cerdas macias.
  • Segure as cerdas em um ângulo de 45 graus em relação à linha da gengiva.
  • Faça uma pressão leve e mova lentamente as cerdas pelos dentes, utilizando a mesma abordagem – na frente, na parte traseira e depois na superfície da mordida dos dentes superiores, antes de passar aos dentes inferiores. Segure a escova com firmeza. Não há necessidade de mover a cabeça da escova em movimentos circulares.
  • Algumas escovas elétricas alertam quando você deve passar para o próximo quadrante e quando a escovação completa de 2 minutos chega ao fim. Mas, se a sua não tiver esse alerta, preste atenção ao tempo.

Publicidade

Seja usando uma escova de dentes manual ou elétrica, substitua a escova ou a cabeça da escova a cada três ou quatro meses, ou ainda antes se as cerdas ficarem desgastadas, de acordo com a Associação Americana de Odontologia.

Conclusão

As escovas de dentes elétricas demonstraram ser mais eficientes na remoção da placa bacteriana e na redução da gengivite do que as escovas manuais. Mas, se você usar a técnica de escovação adequada, dizem os especialistas, qualquer escova pode ser eficaz.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.