Pessoas que precisam passar horas em pé ou sentadas, com pouca mobilidade, devem estar atentas à circulação sanguínea nas pernas. O sangue, ao irrigar as áreas mais inferiores do corpo, pode ter dificuldade para voltar ao coração e ficar acumulado nos pés, por exemplo.
Para assegurar o retorno venoso, o próprio corpo conta com alguns mecanismos, seja dentro das veias, seja utilizando os músculos da panturrilha — apelidada de “segundo coração” por sua contribuição nesse processo. Fora do corpo, o acessório mais indicado para auxiliar no fluxo sanguíneo é a meia de compressão.
Em termos técnicos, a meia elástica funciona como uma órtese, segundo o médico Nostradamus Augusto Coelho, angiologista do Labs a+, do Grupo Fleury. Assim como óculos ou bengalas, esse nome é dado para instrumentos externos que podem ser colocados e retirados, diferentemente de próteses, e que auxiliam em determinadas funções.
“Trata-se de uma estrutura que tenta conter a dilatação das veias de uma forma externa”, diz. A meia comprime a perna, impedindo que o sangue se acumule e mantendo a circulação normal, sem inchaço.
Para quem é indicado?
Coelho diz que não há pesquisas científicas suficientes que determinem um tempo máximo parado a partir do qual é indicada a meia, mas o consenso entre os médicos é de que ela é indispensável após quatro horas na mesma posição, seja em pé ou sentado.
Além disso, como a dilatação dos vasos é uma das causas de varizes, as meias são indicadas para quem tem predisposição genética ou já sofre com o problema. Elas também são indicadas para pacientes que realizarão determinados procedimentos, como longas cirurgias, devido ao risco de trombose.
Nelson Wolosker, cirurgião vascular do Hospital Israelita Albert Einstein, acrescenta que “não há problemas em utilizar meias sem indicação”, ou seja, caso você esteja sentindo algum tipo de dor ou inchaço nas pernas, pode usar mesmo que não se identifique com as especificações acima. A recomendação é a mesma para pessoas obesas e sedentárias.
“O melhor é ir a um profissional competente, angiologista ou clínico vascular, para identificar a causa das dores e o inchaço. Porém, caso isso não seja possível, usar a meia pode já adiantar”, sugere.
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Como escolher
A meia de compressão não é um tratamento: ela serve apenas para amenizar os sintomas. Caso não seja descoberta a causa dos problemas, ao parar de usar o acessório, o inchaço e as dores voltarão, por isso é importante consultar um especialista.
Outro motivo para ir a uma consulta são as medidas da meia. Em alguns casos, ela pode ir até o joelho, enquanto em outros deve ir até a coxa. A compressão também é diferente, variando entre 15 e 20 milímetros de mercúrio (compressão baixa), 20 e 30 mm de mercúrio (média) e 30 e 40 mm de mercúrio (alta).
A compressão depende do estado dos vasos ou, em outras palavras, de quanto é preciso “apertar” para que o sangue do paciente volte normalmente. “Uma compressão muito forte pode causar um garrote na veia”, exemplifica Coelho.
Na impossibilidade de consultar um especialista, a recomendação geral é optar por uma meia de compressão mais baixa. Já para viagens prolongadas, a orientação de Wolosker é utilizar meias baixas, que cubram a panturrilha, de contração média. Embalagens das marcas conhecidas costumam vir com uma tabela no verso, com sugestões de compressão.
Com ou sem a meia, os dois especialistas reforçam a necessidade de movimentar o corpo, evitando passar horas sentado. Se possível, o ideal é fazer pequenas caminhadas — ir ao banheiro, por exemplo, já ajuda bastante.
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