A telemedicina chegou para ficar

Apesar dos avanços, médicos não projetam hospitais 100% digitais

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Por Redação

Quando o cientista inglês Charles Babbage criou o primeiro computador programável, em 1834, talvez ele não imaginasse que a invenção teria grandes desdobramentos mais de um século depois. Hoje, a interatividade entre as pessoas é maior e, em tempo real, quase todos se adaptaram ao mundo online para reuniões, aulas e, também, consultas médicas. “No Brasil, já sabíamos que a saúde digital e a telemedicina iriam crescer, mas ainda não tinha aprovação. Com a pandemia de covid-19, vimos esse processo ser acelerado, por causa de liberação da prática, naquele momento, ainda em caráter de excepcionalidade”, afirma Giuliano Dimarzio, professor de Medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic. Em maio, o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou a telemedicina no Brasil.

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Além de proporcionar a continuidade de um acompanhamento médico, a telemedicina tem assumido um papel fundamental para o diagnóstico precoce de câncer e, também, o acompanhamento da doença. “Hoje, a telemedicina permite que pacientes com diagnóstico de câncer tenham acesso a centros de referência, profissionais especializados na área com maior facilidade, sem a necessidade, por exemplo, de precisar se deslocar de uma cidade mais afastada, com difícil acesso aos grandes centros do País. O paciente pode fazer o processo inicial por meio da telemedicina. E, eventualmente, partes do acompanhamento também”, afirma o médico urologista e coordenador médico de Tecnologia da Informação do A.C. Camargo Cancer Center, Carlos Sacomani.

Outra vantagem, segundo o oncologista clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e membro do Comitê de Ética da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Rafael Aliosha Kaliks Guendelmann, é que a telemedicina pode agilizar processos, o que pode poupar um tempo precioso, especialmente no caso de um câncer. “Em uma situação em que a pessoa apresenta um sintoma suspeito, como um sangramento no intestino, por exemplo, é possível já adiantar o pedido de exames para descartar um diagnóstico mais grave ou indicar o tratamento mais adequado.” Outro impacto positivo tem reflexo no bolso dos pacientes. “Já vemos inclusive planos de saúde oferecendo produtos apenas com teleatendimento, com uma redução de custo para os clientes”, complementa Guendelmann.

A telemedicina, no entanto, não está restrita à relação paciente e médico. Especialmente em casos mais delicados de um diagnóstico de câncer. “Temos hoje também a teleorientação, que seria a discussão de um determinado caso entre profissionais da saúde, ampliando a troca de experiências para benefício do paciente”, diz Dimarzio. “Hoje, a telemedicina tem uma contribuição desde a detecção precoce, mas também na coordenação dos cuidados necessários”, complementa.

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Mesmo com tantos avanços tecnológicos, é pouco provável que, mesmo futuramente, a relação paciente e médico se desenvolva 100% no ambiente virtual. “A telemedicina tem inúmeras vantagens, porém, não atende a todas as necessidades de interação humana; seja por conta de um exame clínico ou até para apoio psicológico, para o paciente se sentir acolhido ao receber um diagnóstico de câncer”, afirma Guendelmann.

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