Alimentos podem ser aliados contra a inflamação; confira quais se destacam em pesquisas

Níveis elevados de inflamação aumentam o risco de diversas doenças; embora não exista uma dieta específica que resolva a situação por si só, o padrão alimentar tem papel importante na prevenção do problema

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Por Jillian Pretzel (The New York Times)

Especialistas às vezes descrevem a inflamação como um mal necessário. Por um lado, essa resposta essencial do sistema imunológico protege você e ajuda seu corpo a se curar de doenças, embora nem sempre seja agradável: geralmente causa sintomas como vermelhidão, inchaço e dor.

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Mas quando os níveis de inflamação permanecem altos por meses ou anos seguidos – mesmo na ausência de ameaças – isso pode prejudicar a saúde. A inflamação crônica não tratada pode aumentar o risco de problemas sérios, como câncer, doenças cardiovasculares, artrite e problemas metabólicos como diabetes tipo 2.

A inflamação crônica é difícil de diagnosticar, em parte porque os sintomas podem variar muito e não há um teste que possa diagnosticá-la de forma confiável.

Dietas ricas em alimentos altamente processados e açucarados estão conectadas à inflamação crônica, enquanto o consumo de certos alimentos saudáveis – frutas frescas, vegetais, fibras e certas gorduras – demonstrou ajudar a contê-la. Aqui estão os alimentos com benefícios anti-inflamatórios comprovados.

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Para ajudar a evitar inflamação exacerbada no corpo, é possível contar com o apoio da alimentação, dando prioridade a uma dieta rica em frutas, verduras e legumes. Foto: New Africa/Adobe Stock

Vegetais, especialmente as folhas verdes

Sean Spencer, gastroenterologista e médico-cientista da Universidade de Stanford, diz que a fibra nos vegetais é essencial para alimentar o microbioma intestinal, que sinaliza ao sistema imunológico para manter a inflamação baixa. Os antioxidantes nos vegetais também podem ajudar a reduzir a inflamação.

Tami Best, nutricionista em Rochester, Nova York, recomenda vegetais de folhas verdes como espinafre, couve, brócolis, acelga e rúcula, que são ricos em antioxidantes.

E vegetais ricos em apigenina – um tipo de composto vegetal chamado flavonoide que tem propriedades anti-inflamatórias — também são úteis, afirma Tami. Entre eles estão aipo, cenoura e salsa.

Barbara Olendzki, professora associada de medicina na UMass Chan Medical School que desenvolveu uma dieta anti-inflamatória, informa que a maioria das pessoas não consome vegetais suficientes, mas há maneiras fáceis de incorporá-los ao dia a dia.

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Ela recomenda misturar cebolas, espinafre e tomates nos ovos ou adicionar cenouras raladas ou folhas verdes no molho de macarrão.

Frutas, principalmente as silvestres

Frutas são outro grupo de alimentos anti-inflamatórios ricos em fibras e antioxidantes, informa Tami. Ela observa que cerejas e frutas silvestres, particularmente mirtilos, são ricas em flavonoides que combatem a inflamação.

Ela também aconselha comer frutas cítricas porque são ricas em vitamina C, um antioxidante que protege as células contra a oxidação, o que pode levar à inflamação.

Leguminosas

Nate Wood, médico e diretor de medicina culinária na Escola de Medicina de Yale, avisa que feijões, lentilhas, edamame, tofu e outros alimentos à base de leguminosas podem ser poderosos combatentes da inflamação porque são ricos em fibras e antioxidantes.

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Leona West Fox, nutricionista funcional em Santa Monica, Califórnia, conta que as leguminosas não são apenas benéficas para o microbioma intestinal, mas também são ricas em vitaminas e minerais como folato e magnésio, que alguns sugerem estar associados à redução da inflamação.

As leguminosas são versáteis, lembra Tami. Adicione-as a uma sopa ou salada, aprecie-as sozinhas ou faça um homus ou pasta de feijão preto para combinar com vegetais. Ou asse grãos-de-bico com um pouco de azeite de oliva e temperos de sua escolha para um lanche saudável, acrescentou ela.

Cúrcuma e outras especiarias

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Especiarias podem ser outro combatente da inflamação, embora a maioria das pessoas normalmente não consuma grandes volumes delas.

A curcumina, composto encontrado na cúrcuma, tem sido associada à redução da inflamação em animais. Estudos ainda mostraram que especiarias como gengibre, cardamomo e alho também podem ajudar com a inflamação.

Alimentos fermentados

Itens fermentados, como iogurte, parecem ter papel contra a inflamação. Vale evitar tipos adoçados.  Foto: Igor Dudchak/Adobe Stock

Alguns estudos sugerem que consumir uma variedade de alimentos fermentados, como iogurte, kimchi, chucrute e kombucha também pode ajudar a reduzir a inflamação.

Em um pequeno estudo, publicado em 2021, pesquisadores dividiram 36 adultos saudáveis em dois grupos: um que foi instruído a comer uma dieta rica em alimentos fermentados, enquanto o outro tinha uma dieta rica em fibras. No final do estudo, o grupo que comeu mais alimentos fermentados viu níveis consistentemente reduzidos de inflamação, enquanto o outro grupo viu resultados variados, dependendo do estado do microbioma intestinal no início do estudo.

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Ainda assim, Wood ressalta que mais pesquisas são necessárias para saber se comer alimentos fermentados pode reduzir significativamente a inflamação. Apenas evite alimentos fermentados como certos iogurtes e kombuchas que contêm açúcares adicionados, orienta Spencer.

Ácidos graxos ômega-3

Estudos sugerem que os ácidos graxos ômega-3 também podem combater a inflamação. Wood diz que essas gorduras saudáveis podem ajudar a produzir moléculas chamadas resolvinas e protectinas, que “parecem reduzir os níveis de inflamação’, explica, “embora os pesquisadores ainda estejam investigando como”.

Alguns dos alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3 são peixes gordurosos (salmão, arenque, cavala, atum), ovos, castanhas (principalmente nozes) e sementes (como linhaça e cânhamo). West Fox recomenda espalhar uma colher de sopa de manteiga de nozes em fatias de maçã ou polvilhar sementes de linhaça moídas em iogurte, aveia ou salada.

Café e chá

Café e chá são ricos em antioxidantes, então consumi-los com moderação pode ajudar a reduzir a inflamação, afirma Wood.

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Em um estudo de 2015 com cerca de 1.700 adultos brancos mais velhos, descobriu-se que bebedores regulares de café tinham níveis mais baixos de certos marcadores inflamatórios do que aqueles que não bebiam café regularmente.

Só tome cuidado com a adição de açúcar, aconselha Olendzki.

Conclusão

Como vários nutrientes podem ajudar a reduzir a inflamação de diferentes maneiras, quem quer combatê-la deve se concentrar em consumir uma grande variedade de frutas, vegetais, fibras, ômega-3 e outros alimentos anti-inflamatórios, resume Wood. Ele recomenda comer pelo menos 30 alimentos diferentes por semana.

De fato, não existe um alimento ou produto mágico que acabe com a inflamação por si só, mas Spencer garante que há muitas opções de menu saudáveis e deliciosas que podem ajudar – e incentiva as pessoas a encontrarem as opções de que mais gostam. Há todo um universo de sabores além dos alimentos processados, acrescenta ele. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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