Alopecia: entenda a doença da personagem de Elisa Lucinda na novela ‘Vai na Fé’

Doença é caracterizada pela queda de fios e se divide em diversos subtipos, como areata, androgenética, cicatricial e eflúvio telógeno

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Foto do author Isabel Gomes
Atualização:

A mãe da protagonista Sol (Sheron Menezes), Marlene (Elisa Lucinda), da telenovela Vai na Fé, da Globo, apareceu pela primeira vez sem peruca, revelando o motivo pelo qual utiliza o acessório. A personagem tem alopecia, uma doença que provoca falhas no cabelo e afeta milhões de brasileiros.

De acordo com a médica dermatologista Violeta Tortelly, membro do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a doença se caracteriza pela queda de cabelo e se divide em diversos subtipos, como areata, androgenética, cicatricial e eflúvio telógeno. “É um termo um pouco genérico, porque envolve várias doenças. Há diferentes formas de quedas de cabelo, com causas diversas”, explica.

Atriz Elisa Lucinda interpreta personagem com alopecia. Foto: Reprodução/ TV Globo

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Segundo o Ministério da Saúde, a alopecia do tipo areata é uma doença autoimune caracterizada pela perda dos fios em áreas circulares do couro cabeludo, podendo afetar ainda outras partes do corpo, como sobrancelhas e barba. Esse tipo afeta ambos os sexos, podendo surgir em qualquer idade, inclusive na infância. Não é a forma mais comum, de acordo com a especialista, mas é considerada uma das mais preocupantes pois pode provocar a perda total de fios em todo o corpo.

Já a androgenética, popularmente conhecida como calvície, está associada a fatores hereditários e pode ocorrer em homens e mulheres, tornando-se aparente após algum tempo, por volta dos 40 ou 50 anos. O sintoma mais comum neste tipo é o afinamento dos fios, fazendo com que progressivamente o couro cabeludo fique mais aberto. “No caso da personagem da novela, por ser uma mulher de meia idade, pode ser a alopecia androgenética”, sugere Violeta.

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Há também as alopecias do tipo cicatricial, quando ocorre a destruição dos folículos pilosos em um acidente, por exemplo, e o cabelo deixa de crescer, e eflúvio telógeno, que, de acordo com a dermatologista, é possivelmente a mais comum. Este último tipo é marcado pelo aumento da queda diária de fios de cabelo de forma temporária e está vinculada principalmente a questões emocionais. “Na pandemia teve muitos casos, tanto pelo estresse causado no momento difícil quanto pela própria covid-19, pela lesão direta do vírus no couro cabeludo.”

Diagnóstico e tratamento

Seja por queda excessiva de cabelos, aparecimento de falhas no couro cabeludo ou afinamento dos fios, a recomendação da médica, em todos os casos, é que se busque um especialista o quanto antes, pois se o diagnóstico for precoce há mais chance de reversão do cenário ou facilidade no tratamento.

“O mais importante é ter um diagnóstico o mais precoce possível. A pessoa está tão desanimada que não procura médico e vai em busca de soluções na internet. Nos primeiros sintomas a indicação já é procurar um especialista, porque hoje há muitas medicações que antigamente não existiam e que melhoraram muito a condição do tratamento”, ressalta a médica.

De acordo com Violeta, a detecção da alopecia é clínica, utilizando um aparelho chamado dermatoscópio. O equipamento é uma lupa, que permite o diagnóstico clínico a partir da análise do couro cabeludo. Em casos mais graves, embora raros, a investigação pode exigir que se faça uma biópsia.

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Já o tratamento varia de acordo com o tipo. Em caso de alopecia autoimune, é necessário utilizar remédios como corticoides para realizar o bloqueio dessa ação imune no corpo. No caso da androgenética, é preciso incentivar o cabelo a crescer com o uso de substâncias como minoxidil, que estimula o crescimento dos fios, e o uso de anti-hormônios, bloqueando o derivado de testosterona, responsável pelo afinamento do cabelo.

Alopecia e autoestima

Especialmente no caso de mulheres, a doença pode afetar a autoestima e provocar vergonha. Esse é o motivo que preenche com emoção a cena em que a personagem de Elisa Lucinda retira a peruca e enfrenta a condição de frente para o espelho. A doença também esteve no centro do episódio polêmico da cerimônia de entrega do Oscar em 2022, quando Chris Rock fez uma piada sobre a aparência da mulher de Will Smith, Jada Smith, que sofre com alopecia.

Jada Pinkett Smith, mulher de Will Smith, sofre com a alopecia, condição que provoca queda do cabelo e dos pelos do corpo. Foto: Angela Weiss/AFP

Embora os dois casos envolvam mulheres negras, a especialista explica que raça ou etnia não é um fator que predispõe diretamente à doença, mas hábitos com o cuidado dos cabelos podem ser causadores. “Há doenças causadas pela cultura antiga de alisamento, como alopecia cicatricial central centrífuga, que é causada pela destruição progressiva do folículo piloso, ou condições provocadas pela excesso de tração em alisamento.”

Se houver alguma forma de prejuízo à autoestima, a dermatologista lembra que há recursos para disfarçar os sintomas da doença, como maquiagens capilares, que podem ser utilizadas na região dos cabelos, sobrancelhas e barbas para esconder as falhas de cabelo e pêlos da barba dando a sensação de maior volume de fios. “É importante lembrar que antigamente os tratamentos eram desanimadores, mas hoje o dermatologista tem um arsenal muito interessante para oferecer e reverter o quadro, especialmente em casos de diagnóstico precoce.”

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