Análise: É preciso manter hospital psiquiátrico de qualidade

A lei federal nº 10.216, de 2001, ensejou a passagem do modelo assistencial hospitalocêntrico aos portadores de graves transtornos mentais, sob enfoque quase exclusivamente médico, para o modelo extra-hospitalar e multiprofissional.

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Por Redação

De lá até aqui, os manicômios remanescentes foram, gradualmente, desmontados, devolvendo aos internos a prerrogativa à dignidade e à soberania, a começar pela continuidade do tratamento em livre trânsito, para reintegrar-se à vida familiar e comunitária, para um futuro promissor.

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Louvo a iniciativa e meta, mas por que não exulto de alegria? Porque não devemos confundir manicômios com hospitais psiquiátricos de qualidade.

Aqueles, são depósitos asilares de vidas esquecidas, sem procedimentos eficazes e emancipadores; estes, são institutos que tratam crises ou surtos mentais, de iminente risco à vida, com abordagem multiprofissional, estada breve e vistas à alta. Desmontar estes últimos foi um erro, por motivação menos técnica do que ideológica.

Depressões maiores e surtos esquizofrênicos, por exemplo, condicionam, dentre outros, mortes (evitáveis) por suicídio. Requerem bons hospitais psiquiátricos ou enfermarias afins em hospitais gerais. Prevenção e tratamento em saúde pública exigem redes harmônicas, com referências e contrarreferências solidárias. Continuarmos o caminho, dando-nos as mãos: o imperativo ético que não pode mais esperar. 

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Mauro Aranha É PSIQUIATRA E PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DE SP

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