A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta quinta-feira, 27, aumentar o prazo máximo de armazenamento da vacina da Pfizer de cinco para até 31 dias em geladeira comum, entre 2ºC a 8ºC. Como a medida facilita a logística de distribuição do imunizante, o Ministério da Saúde agora planeja levá-lo para todos os municípios do Brasil.
A vacina da Pfizer é feita com base em extração de RNA, tem alta eficácia contra a covid-19, mas também recomendação para ficar armazenada em ultracongeladores, a cerca de - 75°C. Nessas condições, seu prazo de validade é de seis meses.
O prazo de cinco dias fora de temperaturas ultrabaixas era um dos empecilhos para o imunizante chegar a locais mais distantes, sem infraestrutura necessária de armazenamento. Por isso, a vacina começou a ser aplicada nas capitais e o Ministério da Saúde só tinha perspectiva de distribui-la para cerca de 1,4 mil cidades.
"Hoje a Anvisa se pronunciou oficialmente sobre estabilidade da Pfizer por até 31 dias, de 2ºC a 8ºC. É uma notícia muito boa porque nos permite concluir a possibilidade de interiorização", afirmou o secretário executivo do ministério, Rodrigo Otávio da Cruz.
O mesmo aval já havia sido dado pela agência regulatória dos Estados Unidos FDA (Food and Drug Administration) e pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
Dentro do prazo de validade, é também possível fazer o armazenamento por um período único de até duas semanas a aproximadamente - 20ºC. Já as vacinas Coronavac e de Oxford/AstraZeneca, feitas com o vírus atenuado, são normalmente armazenadas em geladeiras.
Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fontana, "o País ganha muito" com o estudo de estabilidade da Anvisa. "Vamos conseguir capilarizar para os 5.570 municípios. É claro que vai precisar de capacitações, além do nosso apoio para a implantação em algumas regiões do País."
Francieli afirma que há processos em andamento para compra de freezers, de - 20ºC e de - 80ºC, que devem ser distribuídos pelo ministério para "pontos estratégicos". "Estamos reforçando a rede de frio", disse. "O que vai dificultar são locais de difícil acesso mesmo. Mas temos outros produtos para nos auxiliar e fazer a vacina chegar."
Mesmo com a mudança do prazo de armazenamento, o ministério vai continuar recomendando intervalo de 12 semanas da primeira para a segunda dose. O período é o do dobro do praticado nos Estados Unidos, mas semelhante ao que é adotado por Canadá e Reino Unido.
Diretora médica da Pfizer Brasil, Márjori Dulcine também comemorou a decisão da Anvisa. "Abre portas para ampliar a imunização contra a covid-19 com a vacina da Pfizer/BioNTech. É muito gratificante saber que os mais de 5,5 mil municípios brasileiros terão a possibilidade de receber a nossa vacina”, disse em nota.
Até o momento, o Ministério da Saúde recebeu 3,5 milhões de vacinas da Pfizer e distribuiu 2,8 milhões delas para os Estados. A expectativa da pasta é de chegaram mais 2,3 milhões de doses em junho.