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Estado de São Paulo tem nova alta de mortes por covid-19 e interrompe sequência de queda

Redução de óbitos era registrada havia cinco semanas; Centro de Contingência contra a Covid-19 do governo estadual diz que ainda é cedo para relacionar subida às aglomerações no último feriado

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Após cinco semanas de queda consecutiva na média diária de mortes por covid-19, o Estado de São Paulo viu esse cenário ser interrompido. Conforme dados apurados pelo Estadão, a média diária de óbitos na última semana epidemiológica no Estado de São Paulo foi de 194, aumento de 8% em relação à semana anterior.  Mas, na comparação com os últimos 14 dias, ainda há ligeira queda, de 1%. Cientistas do governo dizem que ainda é cedo para relacionar alta com aglomerações do feriado, mas médicos apontam efeito direto da flexibilização do isolamento social. 

Esses dados se referem à última semana epidemiológica, encerrada no sabado, 19. Ainda é necessário observar os próximos dados para apontar se existe nova uma tendência de aceleração da doença.  Nas últimas semanas, a gestão João Doria (PSDB) vinha divulgando os dados e o cenário mostrava redução na média diária de mortes nas semanas epidemiológicas: 252 óbitos na semana 33, depois 230 (semana 34), 222 (semana 35), 196 (semana 36) e 179 (semana 37). O dado da semana 38 não foi divulgado na entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes nesta segunda-feira, 21.  

João Gabbardo dos Reis, membro do Centro de Contingência contra a Covid-19 do Estado de São Paulo, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP

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Membros do Centro de Contingência contra o Coronavírus, ligado ao governo estadual, demonstraram preocupação, mas disseram ainda avaliar teria relação com aglomerações vistas no último feriado, de 7 de setembro, em que praias paulistas ficaram cheias. "É claro que preocupa. Mas ainda não há possibilidade de fazer relação direta dessa aglomeração com a piora que ocorreu. Temos de olhar com mais tempo. Nessa próxima semana ficaremos atentos ao monitoramento dos dados pra ver se há causa e efeito", afirmou João Gabbardo dos Reis, membro do Centro de Contingência.

Segundo o infectologista Marcos Boulos, que também integra o Centro de Contingência, a alta de casos e mortes já era prevista desde que foram observadas grandes aglomerações em praias no fim de agosto e início de setembro."No fim de semana anterior ao feriado de 7 de setembro, já vimos praias cheias, além de restaurantes e bares. As aglomerações do feriado em si não explicam a alta de mortes porque são mais recentes, mas as de três semanas atrás podem ter contribuído para esse cenário", disse ele, professor da Faculdade de Medicina da USP.

Ele diz que a tendência geral no Estado segue de queda nas mortes, mas que são esperados alguns repiques de alta nessa trajetória. "A tendência é de queda, mas não necessariamente vai ser uma curva o tempo todo descendente. Sempre que se flexibiliza alguma restrição de atividade, pode haver novo aumento", afirmou.

Algumas regiões do Estado apresentaram tendência de alta. São os casos de Presidente Prudente, Barretos e Baixada Santista. Apesar disso, ainda não é possível saber se esse será um comportamento de longo prazo nos dados e até se essas regiões podem vir a ser reclassificadas - todo o Estado chegou à está na fase amarela (terceiro nível do plano de flexibilização da quarentena, de cinco etapas) em 11 de setembro, com melhoras nos índices.

Em setembro, a Baixada Santista teve salto no total de óbitos entre os dias 16 e 19 (36 óbitos nos mesmos quatro dias da semana anterior, de 9 a 12/9, para 65 óbitos no total na seguinte), contrastando com os dias anteriores. Isso também ocorreu com Barretos nas mesmas datas - 32 mortes em cinco dias (15 a 19/9), contra 19 dos cinco dias da semana anterior (8 a 12/9). Já Presidente Prudente teve pequeno acréscimo nos dias 18 e 19 deste mês (17 óbitos, a maior média em dois dias de setembro).

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O secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, afirmou que a pasta continua cobrando dos municípios o combate à pandemia. Segundo ele, cerca de 200 cidades aderiram ao sistema de rastreamento de contatos, que monitora quem esteve próximo de infectados. "É importante registrar que tivemos queda nas internações e pra que a gente possa seguir com essa melhora temos mobilizado os municípios, e sobretudo as regiões que tem tido esses números não tão bons". No total, o Estado de São Paulo contabiliza 937.332 casos confirmados da doença e 33.984 óbitos.

Taxa de ocupação de leitos de UTI tem menor nível

Mesmo diante desses números, o governo destacou que o Estado tem nesta segunda-feira, 21, a taxa mais baixa de ocupação de leitos de UTI. O índice é de 47,7% no Estado e de 47% na Grande São Paulo. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, estão internados nesses leitos 3.945 pacientes, entre casos confirmados e suspeitos. Em enfermaria, são 5.127 pessoas. Já se recuperaram da covid-19, segundo o balanço, 803.994 e foram 103.141 altas hospitalares.

"Essa é a nona semana consecutiva de queda em internações, com índices similares a maio. Mas ainda não podemos esquecer que estamos em quarentena. A vigilância nas regras deve ser mantida e devemos evitar aglomerações e respeitar o distanciamento social", afirmou o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.

Todo o Estado de São Paulo está na fase amarela da quarentena desde o dia 11 de setembro. Na ocasião, foram alteradas as regras de classificação pelo Plano São Paulo. Com isso, as regiões só devem ser reclassificadas mensalmente. A próxima reclassificação se dará no dia 9 de outubro mas, caso algum lugar apresente piora, pode ser rebaixado excepcionalmente para a fase vermelha, a mais restritiva da quarentena. /COLABORARAM FABIANA CAMBRICOLI, PAULO FAVERO E RENATO VIEIRA

 

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