Brasil ocupa o 4º lugar em ranking de países onde o estresse mais afeta a rotina

Pesquisa foi realizada pelo Ipsos e divulgada nesta quinta-feira, Dia Mundial da Saúde Mental

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Por Beatriz Bulhões
Atualização:

O Brasil ficou no topo na lista de países com maior nível de estresse no relatório global World Mental Health Day 2024, divulgado nesta quinta-feira, 10, Dia Mundial da Saúde Mental.

Dos 1,5 mil entrevistados brasileiros, apenas 26% relataram não ter sofrido nenhum pico de estresse que atrapalhasse o seu dia em um ano. Outros 32% reportaram um episódio e 42%, mais de uma situação como essa.

Mulheres relataram mais episódios de estresse com impacto na rotina em pesquisa realizada em 33 países Foto: Prostock-studio/Adobe Stock

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À frente do Brasil, ficaram apenas a Suécia (51%), Turquia (45%) e Polônia (45%). Em todo o mundo, a média de pessoas que relataram mais de um dia estressante a ponto de atrapalhar a rotina foi de 33%.

Realizada pelo Ipsos, a pesquisa foi conduzida de forma online em 33 países, entre 26 de julho e 9 de agosto deste ano. No total, 23.667 pessoas responderam ao questionário. No Brasil, a idade dos participantes foi de 16 a 74 anos, tendo sido analisada uma população mais urbana, com maior grau de educação e com alta influência, segundo a empresa.

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‘Vou jogar tudo pra cima’

Os participantes responderam se já haviam sentido algum pico de estresse a ponto de não conseguirem lidar com as coisas. No último ano, 30% dos brasileiros entrevistados relataram esse sentimento uma vez e 41% mais de uma vez, colocando-nos na terceira posição no quesito.

Apesar dos níveis preocupantes, o instituto lembra que o País tem avançado e os resultados são melhores do que os observados em levantamentos anteriores — como as características da amostra são mantidas ao longo de todas as ondas de pesquisa, é possível fazer essa comparação com o passado, diz Amanda Sousa, gerente de pesquisas de saúde da Ipsos no Brasil.

Maior impacto na geração Z

Os “baby boomers”, nascidos entre 1946 e 1964, relataram menos episódios de estresse do que integrantes da “geração Z”, composta por quem nasceu entre 1995 e 2010.

“As pessoas mais velhas apontam isso como se houvesse um crescimento, dizem que é ‘mimimi’, mas tenho para mim que é inveja dos jovens de hoje, que souberam reclamar das situações e não aguentam calados”, afirma o psiquiatra Daniel Martins de Barros, professor colaborador do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo (FMUSP).

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Mulheres

Os dados do estudo apontam também que, no mundo todo, as mulheres têm mais episódios de estresse com impacto na rotina:

Durante o último ano, você se sentiu estressado(a) a ponto de atrapalhar a rotina?

  • Homens: 29%
  • Mulheres: 37%

Durante o último ano, você se sentiu estressado(a) a ponto de achar que não ia mais conseguir lidar com as coisas?

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  • Homens: 27%
  • Mulheres: 34%

Durante o último ano, você se sentiu estressado(a) a ponto de não ir ao trabalho por alguns dias na semana?

  • Homens: 17%
  • Mulheres: 19%

Durante o último ano, você se sentiu deprimido(a) a ponto de se sentir sem esperança por mais de um dia?

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  • Homens: 23%
  • Mulheres: 30%

“O cuidado das mulheres com a saúde mental é perceptível nos atendimentos. É mais difícil encontrar homens e eles sempre dizem estar ali porque alguma mulher — esposa, mãe ou irmã — mandou”, aponta o psiquiatra.

Barros explica que o estresse, em geral, não é ruim — nós é que nos acostumamos a dar esse nome apenas aos casos mais graves.

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“O estresse é uma reação absolutamente normal e necessária para nossa sobrevivência, é um conjunto de reações do organismo diante de uma adaptação ou mudança. O problema é o estresse crônico e frequente, que se torna um quadro patológico”, afirma o médico do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.

Depressão

“Durante o último ano, você esteve deprimido(a) a ponto de se sentir triste ou sem esperança quase todos os dias por algumas semanas?”, perguntava o questionário. Para 29% dos brasileiros, isso aconteceu uma vez e outros 32% disseram que se sentiram assim em mais de um episódio.

Aqui também as taxas ficaram acima da média global. Em todo o mundo, 26% dos entrevistados se sentiram deprimidos uma vez e outros 26% mais de uma vez, segundo o levantamento do Ipsos.

Preocupação com a saúde

Cerca de 54% dos brasileiros relataram que a saúde mental é o problema de saúde mais importante no País, à frente de opções como drogas, abuso de álcool, fumo, câncer, diabetes e obesidade.

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A taxa foi maior até mesmo do que a observada durante a pandemia de covid, quando ficou em torno de 40%, mas foi menor do que a observada em países como Chile (69%), Suécia (68%) e Austrália (60%).

Considerando apenas o ano de 2024, 29% dos brasileiros entrevistados afirmaram que o País trata a saúde mental e a saúde física com a mesma importância; 45% indicaram foco na saúde física e 12%, na mental.

Questionados sobre a própria ordem de prioridade, 75% declararam dar a mesma importância, 17% enfatizaram a parte mental e 5%, a física. Além disso, cerca de 74% do grupo disse pensar com frequência em sua própria saúde mental e 77%, na saúde física.

“Levando em conta o aumento da preocupação com a saúde mental ano a ano, e que quanto mais jovens as gerações, maior a preocupação com as questões ligadas ao tema, podemos esperar que a pauta siga crescendo em importância nas próximas medições”, finaliza Amanda.

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