BRASÍLIA - O governo brasileiro pediu ajuda aos Estados Unidos para tentar socorrer a rede de saúde do Amazonas após o estoque de oxigênio acabar em vários hospitais da capital, Manaus, nesta quinta-feira, 14. A situação levou pacientes internados à morte por asfixia, segundo relatos de médicos.
O pedido é que um avião da US Air Force - a força aérea americana - auxilie no transporte de cilindros de oxigênio para a cidade. “Tem lugar que tem oxigênio, mas não tem uma aeronave que transporte oxigênio em cilindro", afirmou o deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM). Ele diz que conversou com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre o assunto.
“Estamos tentando, junto à embaixada dos EUA, a liberação de um avião da Força Aérea norte-americana, um Galaxy, para levar o oxigênio”, afirmou Ramos, em referência ao cargueiro C-5 Galaxy, o maior avião de carga da frota da US Air Force. A aeronave é considerada estratégica na logística mundial e um dos modelos de maior porte no mundo. Opera desde 1969, nos tempos de Guerra Fria, e é capaz de transportar entre continentes tanques blindados e helicópteros.
O Estadão confirmou com o Ministério das Relações Exteriores que o pedido já foi realizado à embaixada para que o avião norte-americano dê suporte na logística de distribuição de oxigênio no Amazonas. O gabinete do chanceler acompanha as tratativas. Procurada, a embaixada dos Estados Unidos em Brasília disse, por meio de sua assessoria, que "está ciente da solicitação e que está em contato com as autoridades brasileiras para tratar do assunto".
A Força Aérea Brasileira também tem atuado para tentar socorrer a rede de saúde do Amazonas. Na quarta-feira, 13, uma aeronave levou 8 toneladas de equipamentos hospitalares para a cidade - incluindo cilindros de oxigênios - , que sofre com a explosão de casos de covid-19. A FAB informou ainda que outros dois aviões de carga modelo Hercules C-130 partirão ainda nesta quinta-feira, 14, de Guarulhos (SP) em direção a Manaus com mais cilindros.
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), disse ao Estadão/Broadcast que conversou hoje com representantes da embaixada dos Estados Unidos e ainda aguarda resposta. Ele afirmou que o avião da FAB que chegou na madrugada de ontem a Manaus transportava cerca de 5 mil metros cubos de oxigênio, enquanto a demanda diária do Estado está na casa dos 70 mil metros cúbicos. Segundo ele, mesmo com as outras duas entregas previstas, a quantidade é insuficiente, por isso foi necessário recorrer aos Estados Unidos.
Com o colapso da rede de atendimento, o Amazonas deve transferir os seus pacientes a outros Estados. A ideia é que ao menos 750 pessoas recebam tratamento em diversas outras cidades. / COLABORARAM FELIPE FRAZÃO, TÂNIA MONTEIRO e MATEUS VARGAS
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