BRASÍLIA - O Brasil tem oito casos confirmados do novo coronavírus e já há transmissão local da doença, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira, 5, pelo Ministério da Saúde. São seis em São Paulo, 1 no Rio de Janeiro e outro no Espírito Santo. Uma mulher tem teste positivo no Distrito Federal e aguarda contraprova; a idade dela foi divulgada de formas divergentes ao longo da coletiva de imprensa da pasta e acabou sendo confirmada em 53 anos. O caso diagnosticado no Espírito Santo é de uma mulher de 37 anos que esteve na Itália.
O número de casos suspeitos da doença subiu de 531 para 636 de quarta para esta quinta-feira. Já foram descartadas 378 análises. Os Estados com mais casos suspeitos são: São Paulo (182), Rio Grande do Sul (104), Minas Gerais (80) e Rio de Janeiro (79).
Transmissão local
De acordo com o ministério, já há transmissão local da doença, com dois casos em São Paulo. As pessoas infectadas dentro do País têm relação com o primeiro caso confirmado, de um homem de 61 anos, e são do sexo feminino. A primeira pegou a infecção por contato com o homem durante reunião de cerca de 30 pessoas. Na sequência, ela transmitiu a doença para a outra paciente. Não há detalhes ainda sobre a evolução clínica do primeiro paciente diagnosticada no Brasil. Sabe-se que ele continua com sintomas e está em casa.
Com transmissão interna, o Brasil pode ser inserido em lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) de países em monitoramento para o novo coronavírus, disse o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira. Para uma pessoa ser investigada para o vírus, ela precisa ter passado por um dos países desta lista.
Oliveira disse que o Brasil ainda não tem "transmissão comunitária" do vírus. "O vírus não está produzindo doentes que não conseguimos identificar qual é a fonte", explicou. Apenas China, Itália e Coreia do Sul têm transmissão sustentada da doença, afirmou.
Mesmo com oito casos confirmados no País, o Ministério da Saúde não mudará ainda a estratégia sobre combate à doença. "Não tem o menor sentido fechar escolas neste momento em que não há transmissão comunitária", exemplificou o secretário. A pasta mantém recomendação de fazer higiene simples, como lavar as mãos e usar álcool em gel 70%, se hidratar e buscar atendimento médico em caso de sintomas suspeitos de infecção pelo novo coronavírus, o Covid-19.
Caso confirmado sem sintomas
Mais cedo, o governo confirmou contraprova positiva em uma jovem de 13 anos, de São Paulo, que testou para o vírus na quarta-feira, 4. Ela está sem sintomas, apresenta baixa carga viral no organismo e está em recuperação, segundo Oliveira, sem isolamento. Segundo o secretário, não há risco de transmissão da doença, pois o vírus estaria "fragmentado" e em baixa quantidade no corpo dela. Além disso, os contatos próximos à adolescente não foram diagnosticados após testes.
Oliveira explicou que a reclassificação do caso foi discutida com a secretaria do Estado de São Paulo e decidiu-se que ele cumpre com a definição a partir do resultado laboratorial, mas não foi considerado como tal a princípio porque não houve sinais e sintomas. "Essa pessoa foi submetida a procedimento hospitalar, com medicamentos que suprimem sinais e sintomas", disse.
Possível caso no Distrito Federal
O caso suspeito no Distrito Federal é de uma mulher de 53 anos que esteve na Inglaterra e Suíça entre 25 de fevereiro e 2 de março. Ela testou positivo para o novo coronavírus em exame feito em hospital privado e passará por contraprova no Laboratório Central de Goiás. Por enquanto, ela permanece internada.
Coronavírus no Rio de Janeiro
O primeiro caso de coronavírus no Estado do Rio de Janeiro foi anunciado nesta quinta-feira pelo governo do Estado. Trata-se de uma mulher brasileira de 27 anos que mora em Barra Mansa e esteve na Europa, passando por Itália e Alemanha entre 9 e 23 de fevereiro. Ela apresentou sintomas no dia 17 de fevereiro (tosse, coriza e falta de ar) e buscou atendimento médico no Brasil em 2 de março, segudo o ministério. No Estado do Rio, há 79 suspeitas sendo monitoradas.
A confirmação desse caso foi feita durante entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, no Palácio Guanabara (sede do governo do Estado), em Laranjeiras, pelo secretário estadual de Saúde, Edmar Santos. /COLABOROU FABIO GRELLET e LUDIMILA HONORATO
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