SÃO PAULO - A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) realiza uma campanha para reduzir o consumo de sal no País. Quando ingerido em excesso, o produto agrava o estado de saúde de hipertensos e pode causar complicações, como derrames cerebrais. De acordo com a entidade, a hipertensão atinge cerca de 30% da população. Segundo o diretor de Promoção Social da SBC, Dikran Armaganijan, uma das medidas defendidas é a mudança nos rótulos dos alimentos industrializados, que deveriam substituir o termo cloreto de sódio pelo nome popular: sal. Uma pesquisa da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, promovida com pacientes hipertensos atendidos no Instituto Dante Pazzanese, constatou que 93% deles simplesmente desconhecem a diferença entre sal e cloreto de sódio. Armaganijan destacou ainda que a quantidade de sódio precisa ser multiplicada por 2,5 para corresponder ao total de sal presente no alimento. Para o médico, essa alteração nos rótulos é importante devido à grande quantidade de sal presente nos alimentos industrializados. “A indústria brasileira mantém uma quantidade excessiva de sal nos alimentos. E nós não estamos acostumados a ler a composição dos produtos”, afirma. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceu novas normas para as propagandas dos produtos com grande quantidade de açúcar, sódio e gordura saturada ou trans (gordura vegetal que passa por um processo de hidrogenação natural ou industrial). As empresas têm seis meses para apresentar alertas nas propagandas sobre os riscos do consumo excessivo. A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) reagiu à determinação da Anvisa e prometeu questionar judicialmente a resolução. Segundo a entidade, o consumo excessivo de alimentos possivelmente prejudiciais “é muito mais reflexo de hábitos alimentares da população que da composição dos produtos industrializados”. Além de pressionar a Anvisa sobre a necessidade das mudanças nos rótulos dos alimentos, a SBC vem promovendo várias ações de conscientização. Um exemplo são os dias temáticos de combate à hipertensão, nos quais os médicos medem a pressão da população em locais públicos e alertam sobre os perigos da hipertensão. “Eu acho que essas comunicações constantes devem alertar a população a se interessar um pouquinho mais”, diz Armaganijan.
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