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Câncer colorretal: amputação do reto é necessária em casos específicos e altera rotina do paciente

Cantora Preta Gil revelou que passou pelo procedimento no ano passado, como parte do tratamento contra a doença

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Por Stefhanie Piovezan
Atualização:

A cantora Preta Gil revelou neste domingo, 8, em entrevista ao Fantástico, que amputou o reto no ano passado, durante seu tratamento contra o câncer colorretal. A medida é necessária em alguns casos e muda a rotina dos pacientes.

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Como explica Sidney Klajner, cirurgião do aparelho digestivo e presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, o maior intuito de qualquer tratamento contra o câncer é remover a doença e, na tentativa de alcançar esse objetivo, os médicos adotam uma margem de segurança além da área do tumor.

Quando o tumor no reto tem um tamanho que o aproxima da área do ânus, impossibilitando uma margem mínima de 2 centímetros que não comprometa a musculatura da região, as equipes recorrem a algumas medidas.

Cirurgia de amputação do reto é realizada em casos específicos, dependendo do tamanho e da localização do tumor Foto: Jo Panuwat D/Adobe Stock

A primeira opção é o paciente realizar um tratamento composto por quimioterapia e radioterapia para reduzir o tumor. Dessa forma, mesmo com a margem de segurança, há maior preservação da área e os médicos conseguem unir o intestino saudável à região anal para que o paciente continue tendo a capacidade de controlar a evacuação.

Quando essa medida não regride a doença a ponto de permitir a remoção do tumor — com a margem de segurança e a preservação da musculatura da região anal — o único tratamento eficaz é a amputação do reto.

“Ou seja, a indicação da amputação ocorre depois de um tratamento quimioterápico e radioterápico em que não houve a remissão completa e esse tumor está muito próximo ao ânus, impossibilitando deixar uma margem adequada para a cura. Você é obrigado a fazer a amputação, senão certamente remove o tumor e não há condições de reconstrução de modo que o canal anal funcione”, diz Klajner.

A cirurgia envolve a remoção do reto e, às vezes, da porção inferior do intestino grosso (cólon sigmoide); os linfonodos e a gordura que ficam ao redor do reto; o canal anal e os músculos relacionados à continência.

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O procedimento gera mudanças no dia a dia do paciente. A nádega permanece com aspecto normal, mas há a oclusão da abertura que seria o ânus. “Você fecha essa passagem (ânus) e exterioriza o intestino grosso pela parede abdominal, para que a partir daí as fezes sejam evacuadas através desse procedimento que chamamos de colostomia”, afirma o coloproctologista.

Segundo Klajner, existe um treinamento para que o próprio paciente cuide da bolsa de colostomia. Além disso, há métodos para regular o intestino, incluindo mudanças na alimentação, de forma que a pessoa tenha maior controle da evacuação e esta ocorra apenas uma vez ao dia.

Câncer colorretal

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os principais fatores de risco para o câncer colorretal estão associados ao comportamento, como sedentarismo, obesidade, consumo regular de álcool e tabaco e baixo consumo de fibras.

Outros fatores de risco estão associados a condições genéticas ou hereditárias, como doença inflamatória intestinal crônica e histórico familiar da doença. Há ainda aspectos ocupacionais, como exposição à radiação de raios X e gama.

No Brasil, a estimativa é de 45.630 novos casos da doença por ano, sendo 21.970 casos entre os homens e 23.660 entre as mulheres, correspondendo a um risco estimado de 21,10 casos por 100 mil habitantes.

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