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Casos de dengue devem subir ainda mais com o carnaval, alertam especialistas

Aglomeração, pele exposta e ocorrência de chuva são alguns dos fatores capazes de facilitar a transmissão da doença; veja como se proteger

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Por Lara Castelo
Atualização:

O carnaval promete ser especialmente agitado para o Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus da dengue. De acordo com especialistas consultados pelo Estadão, uma combinação de fatores típicos desse período tendem a favorecer a contaminação e também a maior proliferação do mosquito, contribuindo para o aumento de casos da doença no Brasil.

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O cenário atual já é de escalada da dengue. Nas cinco primeiras semanas de 2024, de acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados quase 400 mil casos prováveis de doença — quatro vezes o número registrado no mesmo período de 2023 (cerca de 93 mil). Essa disparada fez com que os estados do Acre, Minas Gerais, Goiás, além do Distrito Federal e da cidade do Rio de Janeiro decretassem emergência de saúde pública nas últimas semanas.

De acordo com a infectologista Rosana Richtmann, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a aglomeração tradicional observada nas festas deve facilitar a transmissão. “Do ponto de vista epidemiológico, a data é péssima. Quanto mais pessoas com dengue circulando, maior o número de mosquitos infectados transmitindo”.

Cabe destacar que não há transmissão pelo contato direto com um doente ou suas secreções, nem por meio de fontes de água ou alimento, segundo o Ministério da Saúde. O que acontece é o seguinte: quando um mosquito Aedes aegypti pica uma pessoa com dengue, ele acaba se infectando, ou seja, passa a carregar o vírus. Então, depois de aproximadamente 10 dias, o mosquito se torna capaz de transmitir o vírus a outros indivíduos.

Quanto mais pessoas com dengue circulando, maior o risco de mosquitos Aedes aegypti se infectarem com o vírus da dengue e passá-lo adiante.  Foto: New Africa/Adobe Stock

“No Rio de Janeiro, por exemplo, as multidões típicas do período devem estimular a disseminação da doença”, alerta a médica. De acordo com o Ministério da Saúde, nas primeiras cinco semanas de 2024, foram registrados mais de 13 mil casos prováveis da doença na cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de um número 20 vezes maior que o registrado no mesmo período de 2023 (637).

Fatores climáticos também devem contribuir para a piora da situação no carnaval, de acordo com a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo. “Por ser uma época chuvosa, a tendência é que haja aumento no número de locais com água parada, que são focos de proliferação do mosquito transmissor”, diz.

A infectologista ainda comenta que o aumento do número de viagens durante o Carnaval pode ajudar a espalhar a doença pelo País. “Ao viajar para um local com alto nível de incidência da dengue, a pessoa pode voltar contaminada para o seu local de residência e, se houver mosquitos transmissores lá, a doença pode ser espalhada pela vizinhança”, pontua.

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Como se proteger da dengue no carnaval?

Rosana orienta os foliões a usarem fantasias de cor clara (menos atraentes ao mosquito transmissor da dengue) e que cubram o máximo de pele possível, para evitar o contato com o mosquito. “A pele à mostra, comum no carnaval, facilita a transmissão da dengue”, justifica.

O uso de repelente também é imprescindível antes das festas, segundo Emy. “Deve-se aplicar nas áreas expostas (menos nas mucosas do olho, da boca e do nariz, ou seja, na face) e por cima das roupas, sempre após a aplicação do protetor solar. A reaplicação deve ser feita conforme as instruções do fabricante”, descreve.

Além disso, as especialistas destacam que a população precisa se comprometer com a eliminação de locais com água parada em casa e em áreas próximas durante o período. Para isso, o Ministério da Saúde sugere a remoção de recipientes que possam se transformar em criadouros de mosquitos, além da vedação dos reservatórios e caixas e a desobstrução de calhas, lajes e ralos.

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