Um tribunal chinês condenou dois homens à morte e submeteu uma empresária do setor de laticínios à prisão perpétua pela participação no escândalo do leite contaminado, que desencadeou a ira do público e rumores de acobertamento. O Tribunal Popular Intermediário de Shijiazhuang passou uma sentença de prisão perpétua a Tian Wenhua, de 66 anos, ex-gerente-geral e presidente do Sanlu Group, a empresa de laticínios no centro da crise. Ela é a figura mais graduada a ser acusada no caso. No julgamento de dezembro, ela havia se declarado culpada das acusações de produzir e vender produtos falsificados ou abaixo do padrão mínimo de qualidade, depois que a morte de pelo menos seis bebês foi atribuída a leite em pó contaminado com a substância química melamina. Pelo menos 300 mil crianças passaram mal durante o surto de contaminação. O tribunal sentenciou ainda Zhang Yujun, de 40 anos, à morte por controlar uma oficina que, supostamente, seria a maior fonte de melamina da China. A substância aparentemente foi acrescentada ao leite para fraudar testes de conteúdo de proteína. Outro réu, Geng Jinping, também foi condenado à morte por produzir e vender alimento contaminado. Um terceiro réu, Gao Junjie, recebeu uma sentença de morte suspensa, o que normalmente se traduz em prisão perpétua. Alguns parentes de vítimas, reunidos do lado de fora do tribunal, disseram que Tian recebeu uma sentença muito leve. "Minha neta morreu. Ela devia morrer também", disse Zheng Shuzhen, que afirma que sua neta de um ano morreu depois de beber leite Sanlu. Das outras 12 sentenças anunciadas, duas foram de prisão perpétua e as demais, de períodos de prisão de cinco a 15 anos. Um advogado disse que as sentenças de morte e de prisão perpétua eram "cruéis e pesadas". "O problema era do sistema, mas eles foram trazidos ao tribunal como bodes expiatórios", disse Li Fangping. "Nenhuma autoridade governamental foi acusada por fracassar no desempenho de suas responsabilidades".
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