Na última semana, a cantora Adele revelou que desenvolveu uma infecção de pele após o uso contínuo de uma cinta modeladora. Assim como muitas celebridades, a artista compartilhou que recorre ao item durante os shows para “manter tudo no lugar”. Porém, devido ao o suor excessivo na área, acabou desenvolvendo “tinea cruris”, uma infecção fúngica que atinge áreas quentes e úmidas. A cantora comentou que estava com bastante coceira na virilha.

A esteticista e maquiadora Leticia Freitas, de 27 anos, passou por uma situação semelhante à da cantora. “Tive problemas alérgicos de pele e também dores musculares por usar tempo demais, inclusive para dormir. Na época, eu não sabia que tinha um tempo limite de uso”, compartilhou. Depois de ir a uma dermatologista, ela não só soube que a origem dos desconfortos era a cinta como descobriu que o tamanho do acessório estava errado.
De acordo com o Aldo Toschi, coordenador da área de dermatologia do grupo de tumores cutâneos do IBCC Oncologia e especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, as complicações citadas acontecem devido à falta de respiração da pele.
“Materiais sintéticos associados a uso prolongado ou atividade física intensa dificultam a transpiração normal da pele”, descreve o médico. “Quanto mais componentes naturais e semissintéticos, melhor”, recomenda Toschi. Para o dermatologista, o parâmetro a ser perseguido é o conforto. “Qualquer modelador [ortopédico, mamário, abdominal ou até meias compressoras] que provoque incômodo ou dor, deve ser evitado”, alerta.
Há vantagens no pós-parto e depois de cirurgias?
A ginecologista e obstetra Helga Marquezini, do Hospital Sírio-Libanês (SP), lembra que, antigamente, as cintas eram recomendadas depois do parto para a recuperação dos órgãos e da parede abdominal. Porém, hoje em dia, a orientação é outra, e esses acessórios não são mais indicados.
“A musculatura da região abdominal é a nossa cinta natural”, afirma. “Logicamente, ela ficou ali com a pele distendida ao longo de alguns meses na gestação, então a força desse abdômen e a contratação da musculatura não serão recuperadas de imediato. Leva tempo”, explicou a médica.
Ainda segundo a especialista, a recomendação para essa fase do pós-parto é fazer alguns exercícios direcionados para a recuperação da funcionalidade e da força da região abdominal. “Mas eles precisam ser orientados por um profissional que respeite o momento fisiológico da mulher”, pondera.
Em caso de procedimentos cirúrgicos, como a cirurgia plástica, a cinta pode até ser útil para garantir o conforto do paciente, informou Marquezini. “Ao realizar movimentos como caminhar, virar na cama, sentar e levantar, pode dar a sensação de que o abdômen está ali meio solto. Então, nessas situações, o amparo oferecido pela cinta abdominal pode ser interessante”, descreve.
Segundo Aline Centini, fisioterapeuta do Hospital Albert Einstein (SP), é importante ressaltar que, ao utilizar a cinta modeladora, a musculatura da região não é estimulada. “Como o acessório faz o papel dos músculos estabilizadores, principalmente do abdômen, a musculatura fica acomodada, e você acaba perdendo mais força”, avisa.
A especialista diz que muitos médicos acabam indicando a cinta no pós-operatório, por umas duas semanas, apenas para que o paciente não se esqueça de que acabou de passar por uma cirurgia. “Não é para estabilizar nem para comprimir a região”, explica.