Cirurgia de próstata: por que a glândula cresce e como funciona o procedimento feito por Raul Gil?

O apresentador foi diagnosticado com hiperplasia prostática benigna, realizou o procedimento e teve alta neste domingo, 4; condição é comum em homens com mais de 60 anos

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Foto do author Giovanna Castro

O apresentador Raul Gil, de 85 anos, precisou passar por uma cirurgia de próstata nas últimas semanas após ser diagnosticado com hiperplasia prostática benigna. O procedimento, comumente realizado em homens com mais de 60 anos, é diferente da cirurgia para retirada de tumor cancerígeno na região.

A hiperplasia prostática benigna é quando a glândula da próstata cresce a ponto de comprimir o canal uretral, fazendo com que a pessoa sinta dor ou dificuldade para urinar. Os principais motivos são alterações hormonais e predisposições genéticas.

Crescimento da próstata pode gerar problemas no canal urinário. Foto: Freepik

Por que a próstata cresce?

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Segundo Raphael Rocha, urologista do Hospital Samaritano, da rede Americas, no Rio de Janeiro, é comum que a próstata cresça ao longo da vida do homem – em especial após os 60 anos.

Isso acontece por fatores genéticos (quem tem caso na família e/ou é negro tem predisposição) e hormonais, pelo acúmulo de testosterona. “Pacientes obesos também podem apresentar um crescimento prostático acima do normal”, completa.

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Quando é indicada a cirurgia?

Não necessariamente um homem com crescimento da próstata precisa se submeter a uma cirurgia. De acordo com o médico, o aumento da glândula não é, por si só, um problema. O quadro só deve ser tratado se o homem apresentar efeitos colaterais, como comprometimento urinário.

“Quando a próstata cresce, ela pode comprimir o canal uretral, fazendo com que o homem tenha dificuldade para urinar”, diz o especialista. “Ele pode ficar com um jato urinário muito fraco e por isso precisar fazer muita força, ter gotejamento após a micção, acordar muitas vezes durante a noite para ir ao banheiro e ter uma urgência muito grande para urinar”, afirma.

A partir desses sintomas, são feitos exames e, se constatada a hiperplasia prostática benigna, é possível fazer tratamentos com medicamentos que desaceleram o crescimento da glândula e melhoram o fluxo urinário.

Em casos mais graves, quando o crescimento já está muito avançado e o paciente já tem uma retenção urinária considerável, a cirurgia de próstata é indicada. Assim como quando o tratamento medicamentoso não surte o efeito desejado.

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Como é feito o diagnóstico?

Para diagnosticar se o homem está com hiperplasia prostática benigna ou câncer de próstata, primeiro é preciso fazer exames de ultrassonografia e sangue, com medição do nível de Antígeno Prostático Específico (conhecido pela sigla em inglês PSA).

A ultrassonografia mostra de forma mais precisa o tamanho da próstata e o PSA é uma enzima com características de marcador tumoral ideal, por isso, se o seu nível estiver alto, há grandes chances de ser câncer.

Avaliados esses dois exames e levantada a suspeita sobre o diagnóstico, é preciso fazer uma biópsia – seja para avaliar o nível do tumor cancerígeno, seja para confirmar que é um crescimento benigno. “A gente só tem como dizer que é benigno com uma biópsia”, afirma Rocha.

Como é feita a cirurgia de próstata em casos benignos?

“Imagine que a próstata é uma tangerina. Nos quadros benignos, os gomos da fruta que crescem, comprimindo o canal central, que seria a uretra. Já no câncer de próstata, o tumor se desenvolve na casca da fruta”, diz Rocha, fazendo uma analogia.

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Segundo o médico, a cirurgia de câncer de próstata pega a parte exterior da glândula, onde estão uma série de nervos. Por isso, é mais complexa e pode afetar inclusive a ereção do paciente.

Já na cirurgia de quadros de hiperplasia prostática benigna, apenas a parte interna é operada, mantendo os nervos intactos. “O risco é bem menor”, garante.

Existem diversos tipos cirurgia de próstata em casos benignos. Os mais comuns são:

  • Via uretral, com uma sonda que faz com que o médico alcance a próstata e corte o miolo da estrutura para então retirá-la. Não tem cortes, mas pode haver sangramentos leves;
  • À laser, em que o raio aplicado via uretral para retirar o tecido prostático que está em excesso. Sem cortes e sem sangramentos;
  • Robótica, em que um aparelho minimamente invasivo é utilizado para fazer a cirurgia por dentro da bexiga. Deixa uma cicatriz pequena na linha do umbigo, mas tem maior eficácia em casos de próstatas muito grandes, acima de 100 gramas;
  • Aberta, em que o médico realiza o procedimento manualmente, com acesso direto pela próstata ou pela bexiga. Deixa cortes pequenos na linha do umbigo, tem mais riscos e é menos utilizada atualmente.

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“Todas as cirurgias têm uma eficácia boa”, garante o médico. No caso da cirurgia aberta, é importante que o médico tenha longa experiência com o procedimento para garantir menos intercorrências.

Quais são os riscos?

Além dos riscos comuns de qualquer procedimento cirúrgico, como infecção, a cirurgia de próstata pode causar ejaculação retrógrada. “Na hora de ejacular, ao invés de a pessoa fazer uma emissão de esperma para fora, aquele esperma fica ali dentro da bexiga e depois é urinado”, explica Rocha.

Na prática, o homem não vê o jato de sêmen ao atingir o orgasmo, mas também não sente dor alguma. A vida sexual não é impactada, mas a fertilidade sim.

“Não é algo que acontece em todos os casos e geralmente são homens mais velhos que são atingidos. Mas, se ele manifesta que deseja ser pai ainda, nós indicamos fazer o congelamento de esperma antes da cirurgia”, diz o especialista.

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Em alguns casos, é possível também que o homem tenha um quadro temporário de incontinência urinária após a cirurgia. A situação geralmente se regulariza sozinha depois de algumas semanas.

Pós-operatório

A cirurgia de próstata é simples e demora cerca de duas horas. Depois do procedimento, o paciente geralmente permanece internado por 24 a 48 horas. Em dois ou três dias, já pode realizar atividades diárias. Para ter relação sexual, é recomendado aguardar 15 dias.

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