Coinfecção por covid e dengue pode ocorrer, alertam médicos; entenda os riscos

Escalada de casos das duas doenças preocupa especialistas; veja os sinais que acendem o alerta para uma dupla contaminação

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Foto do author Lara Castelo

Desde o início do ano, o Brasil tem registrado um aumento preocupante nos casos de dengue no País. Nas oito primeiras semanas de 2024, o número de casos prováveis passou de 1 milhão — quase cinco vezes o número registrado no mesmo período de 2023 (207.475). Esse cenário levou sete unidades federativas do País (GO, AC, MG, ES, RJ, SC e DF) a decretaram emergência de saúde pública nas últimas semanas.

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Simultaneamente, os casos de covid-19 também estão em alta. De acordo com o Ministério da Saúde, da sétima semana epidemiológica do ano (de 11 a 17 de fevereiro) para a oitava (de 18 a 24 de fevereiro), houve um aumento de mais de 50% do número de casos da doença provocada pelo coronavírus. Nesse período, os registros saltaram de 45 mil para 69 mil.

Cabe destacar que, nas duas situções, a incidência pode ser muito maior, já que nem todo mundo busca a confirmação do diagnóstico. Esse contexto faz com que a possibilidade de coinfecção por ambas as doenças também suba, de acordo com a infectologista Raquel Stucchi, professora na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “Estamos em um momento de grande circulação dos dois vírus. Por isso, apesar de a dengue ser transmitida pelo mosquito (Aedes aegypti) e a covid, pelo contato entre pessoas, há mais chances de coinfecção (atualmente) do que nos meses anteriores”, explica.

Tanto a dengue como a covid-19 podem gerar sintomas como febre, dor no corpo e na cabeça, além de um mal-estar geral.  Foto: inesbazdar/Adobe Stock

A coinfecção aumenta as chances de casos graves?

Sim. Segundo Raquel, trata-se essencialmente de uma questão de probabilidade. “Isso não acontece porque um vírus agrava o outro. A dengue e a covid agem de formas diferentes no organismo e podem, individualmente, provocar casos graves. Quando há coinfecção por ambos os vírus, contudo, há chances não apenas de uma, mas de duas doenças escalarem para quadros mais sérios”, explica.

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Portanto, de acordo com a infectologista, a questão da gravidade está mais relacionada à influência dos fatores de risco do que com a ocorrência da coinfecção.

Os fatores de risco para a dengue, conforme mostrado pelo Estadão, são idade (crianças e idosos), imunodeprimidos (sistema imune fragilizado) e infecção prévia pela doença. Em relação à covid-19, de acordo com o Ministério da Saúde, alguns dos fatores de risco são idade (maiores de 60 anos), imunodepressão, obesidade, tabagismo, entre outros.

Como saber se eu estou com dengue e covid-19?

Ambas as doenças têm sintomas em comum, o que pode gerar dúvidas quanto ao diagnóstico. Tanto a dengue quanto a covid-19 costumam provocar febre, dor no corpo e na cabeça, além de um mal-estar geral, por exemplo.

Apesar disso, de acordo com a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, há sintomas que são mais característicos de cada doença e, por isso, quando concomitantes, podem indicar a coinfecção pelos dois vírus. “Sintomas respiratórios, como tosse, nariz escorrendo e dor de garganta são mais frequentes nos casos de covid; já a dengue é muito marcada pela dor atrás dos olhos e febre alta”, pontua.

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Apesar desses indícios, o infectologista Filipe Piastrelli, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, destaca a importância de buscar um médico para confirmar o diagnóstico. “Além da análise clínica, o especialista pode pedir exames laboratoriais para obter o diagnóstico com mais precisão”, explica.

O profissional da saúde também pode orientar quais os cuidados necessários. No caso da dengue, por exemplo, é sempre importante lembrar que há medicamentos que não devem ser usados, já que elevam o risco de complicações, como hemorragias.

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