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Colesterol alto: veja como identificar, prevenir e tratar

A dislipidemia não tem sintomas, pode ser genética e aumenta o risco de problemas cardiovasculares, como infarto e AVC

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Por Raisa Toledo
Atualização:

O colesterol alto é um dos principais fatores associados ao agravamento de doenças cardiovasculares como a hipertensão, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), cerca de 14 milhões de brasileiros têm alguma doença no coração e aproximadamente 400 mil morrem por ano em decorrência desses problemas, o que corresponde a 30% de todas as mortes no país. Ainda assim, a dislipidemia é uma doença silenciosa e que requer atenção de pacientes e profissionais da saúde para ser identificada.

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O colesterol é uma substância produzida pelo fígado e solúvel em gordura, o que faz com que seja transportada por lipoproteínas. Ele é essencial para a síntese de hormônios, vitamina D, ácidos biliares, reações imunológicas alérgicas ou anti-inflamatórias e é chamado de LDL (do inglês para lipoproteína de baixa densidade), que é carregado para as células, e HDL (lipoproteína de alta densidade), quando transportado para ser eliminado pelo organismo.

“O colesterol alto tem um papel fundamental na aterogênese, ou seja, existe uma deposição de gordura nas células da parede vascular”, ressalta Caroline Reigada, médica especialista em medicina intensivista. Em níveis elevados, o LDL forma placas de gordura que comprometem a saúde e a qualidade de vida. Por isso, ele é considerado o “colesterol ruim”.

Hipertensão, diabetes e hábitos como o sedentarismo e o consumo de álcool podem favorecer o desenvolvimento da dislipidemia, doença causada pelo excesso de colesterol no sangue. Foto: Reuters

O risco principal está na obstrução e aneurisma de artérias (em que o vaso sanguíneo se dilata de forma anormal e pode se romper). “A doença vai obstruindo as artérias e, às vezes, a pessoa só descobre que tinha colesterol alto quando tem um evento cardíaco”, explica Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

Causas da dislipidemia

Assim como doenças como diabete e hipertensão, a dislipidemia está frequentemente relacionada a hábitos como sedentarismo, tabagismo, alimentação não balanceada e uso de bebidas alcoólicas. Frequentemente, a origem do colesterol alto é a genética e, nesse caso, a própria produção do colesterol pelo fígado ocorre de forma diferente das pessoas que não tem essa predisposição hereditária.

Existem ainda outros fatores que podem desencadear a doença, principalmente ligados a lesões no fígado ou alterações no metabolismo de açúcares e gorduras.

Fatores que podem levar à dislipidemia:

  • Hábitos como tabagismo, uso de álcool, sedentarismo e alimentação rica em gorduras e carboidratos;
  • Diabete;
  • Distúrbios na tireoide;
  • Insuficiência renal;
  • Doenças das vias biliares;
  • Síndrome nefrótica que causa a eliminação de proteínas na urina, o que faz com que o fígado produza mais lipoproteínas, enviadas ao sangue;
  • Excesso de corticoides, que afetam o metabolismo de açúcares e gorduras;
  • Alguns anticoncepcionais e tipos de terapia hormonal.

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Segundo Caroline, os sintomas só se tornam visíveis quando o quadro já está muito acentuado. “Quando o paciente está com o LDL muito alto, pode ocorrer a formação de nódulos de gordura nas pele (xantomas), nas pálpebras (xantelasmas), aumento do fígado e do baço e mesmo uma neuropatia; alteração dos nervos periféricos com sensação de queimação e formigamento de mãos e pés”, resume.

Para a maioria dos casos, a identificação da doença passa pela realização de exames de sangue, pedidos pelo médico. Considera-se o diagnóstico quando os níveis de colesterol estão acima de 250 mg/dl; com o LDL que ultrapassa 160 mg/dl e o HDL abaixo de 30 mg/dl.

Gordura animal, frituras, alimentos ricos em açúcar e gordura trans devem ser evitados para combater o colesterol alto. Foto: Mike Mozart/Creative Commons

Opções de tratamento

A partir do diagnóstico, é preciso agir para diminuir as chances de complicações cardiovasculares. Embora a mudança de estilo de vida acompanhada da criação de hábitos mais saudáveis seja indicada, ela não pode operar milagres; afinal, apenas 30% da síntese do colesterol é influenciada por fatores como a alimentação e a prática de atividades físicas — o restante é produzido pelo próprio organismo.

“Quando você tem uma dislipidemia, que é a doença instalada, com níveis muito alterados, tem que tratar com medicamentos. Por outro lado, não adianta continuar comendo errado, porque aí vai precisar de doses maiores, com mais efeitos colaterais”, destaca Marcella Garcez.

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A medicação se faz necessária na maioria dos casos em que há predisposição genética, já que o fator hereditário interfere na produção do colesterol e se torna o principal responsável pelos altos níveis da substância. Um dos medicamentos mais comuns utilizados para tratar e controlar a dislipidemia é o grupo das estatinas, que diminuem a síntese de LDL realizada pelo fígado. Alguns exemplos são a Sinvastatina, a Atorvastatina e a Lovastatina.

Formas de prevenir o colesterol alto:

  • Evitar fumar e consumir bebidas alcoólicas;
  • Procurar praticar cerca de 150 minutos de atividade física por semana;
  • Dar preferência a alimentos integrais;
  • Evitar o consumo de gordura de origem animal, alimentos com gorduras trans e alimentos fritos por imersão, mesmo que com óleo vegetal;
  • Diminuir o consumo de alimentos com açúcar refinado e farinha de trigo. Os carboidratos também podem ser convertidos em gordura, além de estimularem resposta inflamatória do corpo e afetarem as funções hepáticas;
  • Buscar acompanhamento médico, principalmente em caso de histórico familiar de colesterol alto ou problemas cardiovasculares, para a realização de exames periódicos.

Para crianças com fatores de risco, como doença coronariana prematura, histórico familiar de hiperlipidemia grave, diabete ou hipertensão, Caroline Reigada explica que é recomendado o exame do perfil lipídico em jejum uma vez entre dois e oito anos.

Para as crianças que não têm fatores de risco, a análise pode ser feita em jejum ou não, entre os nove e 11 anos e mais uma vez dos 17 aos 21 anos. Para adultos, o acompanhamento deve ser realizado aos 20 anos e, então, a cada cinco anos.

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