Com quarentena, roubos e furtos em São Paulo despencam em abril; homicídios sobem

Abril foi o primeiro mês completo em que vigoraram medidas de distanciamento social no Estado. Redução do fluxo de pessoas explica queda nos índices divulgados nesta terça pela Secretaria da Segurança Pública

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Foto do author Marco Antônio Carvalho

Os registros de roubos e furtos no Estado de São Paulo tiveram queda significativa durante o mês de abril, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira, 26, pela Secretaria da Segurança Pública. Os furtos caíram 53,4% e os roubos, 30,4%. Na contramão dessa redução, os casos de homicídio subiram 3,4%, com 271 vítimas no último mês. 

Policiais militares na Praça da Sé, no centro de São Paulo Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO / 17-4-2020

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Os dados comparam os registros do mês passado com os números de abril de 2019. O Estado está sob medidas de distanciamento oficial desde a última semana de março. Abril foi o primeiro mês completo em que as medidas vigoraram. Análises preliminares do governo já apontavam reduções nos crimes patrimoniais, como roubos a pedestres e comércios, diante da diminuição do fluxo de pessoas nas ruas em comparação ao ano passado.

Do rol de 23 registros criminais divulgados pela Secretaria, 21 deles caíram. No caso dos furtos, os dados passaram de 44,6 mil para 20,7 mil. Sobre os roubos, os números apontam redução de 20,7 mil casos para 14,4 mil. “A quarentena tirou o movimento das ruas, do comércio, onde havia oportunidade para o criminoso. Além disso, há um grande desestímulo pela pronta-resposta pela polícia, que está com efetivo reforçado”, disse o secretário executivo da Polícia Militar, coronel Álvaro Batista Camilo.

Os furtos de veículo também despencaram, passando de 7,7 mil registros para 3,9 mil (-49%), patamar similar aos dos roubos de veículo, de 4 mil para 2,2 mil. A diferença entre roubos e furtos se dá pelo modo como o crime acontece: o primeiro é praticado com violência ou grave ameaça. Acompanharam a queda os crimes de estupro (-35%) e latrocínio (-25%).

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Mesmo com um fluxo reduzido de pessoas nas ruas, os dados apontaram alta nos crimes de homicídio. Foram 271 vítimas no mês passado ante 262 em abril de 2019. Foi o segundo mês seguido de alta de assassinatos no Estado, o que fez com que os números somados de janeiro a abril também apresentassem alta na comparação com o mesmo período do ano passado (4,2%). 

Mas a alta mensal nos assassinatos não aconteceu de maneira uniforme no Estado. Na capital, por exemplo, o número de vítimas caiu, de 59 para 53. Enquanto isso, nas cidades da Grande São Paulo, sem contar a capital, as mortes passaram de 48 para 65, alta de 35%. No interior, a alta mais significativa ocorreu na região de Piracicaba, onde os casos passaram de 16 para 26, 62,5% a mais. 

Na visão de Camilo, uma das explicações para a alta é que “São Paulo começa a enfrentar os próprios números, que estão em queda há 20 anos”. “Chega num ponto que é mais difícil promover a redução”, apontou. Além disso, o oficial vê um aumento de casos interpessoais, praticados entre pessoas conhecidas, o que difere do perfil de homicídio ligado a álcool e drogas. “O confinamento propicia os crimes interpessoais”, acrescentou. 

Os números da capital paulista mostram que a tendência de redução de crimes patrimoniais se confirmou. Caíram os furtos (-59,6%), os roubos (-25,5%), os furtos de veículo (-53%), os roubos de veículo (-48,8%) e os estupros (-44%). 

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Pandemia afasta cerca de 2 mil policiais; todo efetivo da capital será testado

De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública, 1,6% de todo o efetivo do Estado, composto por cerca de 120 mil policiais, foi afastado em razão do coronavírus. O número representa cerca de 2 mil agentes. O aumento no número de infectados, diz a pasta, se deu pelo maior volume de testes aplicados. No mês passado, o patamar de afastados estava em 0,9% da tropa. 

O secretário executivo da Polícia Militar diz que o governo priorizou a proteção dos policiais, até “para não perder capacidade operacional”. “Tivemos uma preocupação muito grande e nos empenhamos para fazer chegar a todos álcool em gel, luvas e máscaras. Adotamos também um procedimento padrão em caso de atendimento a pessoas com suspeita da doença. Todo um protocolo foi montado”, contou. 

Segundo Camilo, todo o efetivo das polícias que atua na capital (cerca de 44 mil agentes) e os seus parentes próximos (96 mil pessoas) terão sido submetidos a testes do coronavírus até o fim desta semana. “Os assintomáticas por precaução são afastados. E quem se recupera da doença, retorna ao trabalho”, explicou.

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