Pelo terceiro dia seguido, o Estado de São Paulo bateu o recorde de internações por covid-19 em UTI desde o início da pandemia, chegando a 6.657 pacientes com suspeita ou confirmação da doença em terapia intensiva nesta quarta-feira, 24. O aumento é visto também na média diária de novas hospitalizações, cuja parcial desta semana é de 1.678, o que representa um aumento de 15,1% em cerca de 10 dias. A situação preocupa o governo João Doria (PSDB), que anunciou uma medida de “restrição de circulação” a partir da sexta-feira, 26, para autuar aglomerações em todos os municípios do Estado. A determinação é válida até 14 de março, mas pode ser estendida, conforme foi destacado em coletiva de imprensa. O coordenador do Centro de Contingência Contra a Covid-19, o médico Paulo Menezes, descreveu o cenário como “bastante preocupante”. Segundo ele, se a tendência atual se mantiver, o Estado poderá ter um esgotamento de leitos de UTI em três semanas.
Menezes acredita que a situação deriva especialmente das aglomerações registradas nos últimos 10 dias, especialmente no carnaval, mas também pode ter sido intensificada por outros fatores, como a circulação de variantes do coronavírus com maior capacidade de contágio, como a de Manaus. Já o coordenador executivo do centro de contingência, João Gabbardo, destacou que é preciso estar atento aos indicadores porque outros Estados que hoje estão com os sistemas de saúde colapsados ou próximos deste cenário tiveram um incremento rápido de internações, a exemplo do Amazonas e do Rio Grande do Sul.“É muito preocupante o que vem ocorrendo (em São Paulo)”, lamentou. A taxa de ocupação de leitos de UTI é de 69% no Estado, média que chega a 69,3% na Grande São Paulo. “Lembrem-se que, nas últimas semanas, a Grande São Paulo tinha margem maior de distanciamento do interior, hoje a Grande São Paulo supera as taxas de ocupação de terapia intensiva”, salientou o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn. Ao todo, o Estado tem 2.002.640 casos e 58.528 óbitos confirmados por coronavírus. Enquanto as internações aumentaram, os registros de óbitos e casos tiveram uma leve queda. Para o secretário, isso se deve ao represamento de testes de covid-19 (os dados de hospitalizações contabilizam tanto pacientes suspeitos quanto confirmados da doença), especialmente no carnaval. "Muito possivelmente, nós tenhamos esse aporte tanto para casos quanto para óbitos nos próximos dias." Na coletiva, Doria também atualizou o cronograma de entrega da Coronavac, vacina contra a covid-19 criada pela farmacêutica chinesa Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan. Segundo ele, nesta quarta-feira, foram enviadas 900 mil doses do imunizante ao Ministério da Saúde. Na quinta-feira, 25, e na sexta-feira, 26, por sua vez, serão entregues 600 mil unidades por dia, mesmo número que será enviado no domingo, 28. Outra remessa de 600 mil doses está prevista para a terça-feira, 2, enquanto mais duas, de 500 mil e 600 mil, estão marcadas para os dias 4 e 5 de março, respectivamente. Para os meses seguintes, a previsão é chegar às 46 milhões de doses até o fim de abril e, ainda, totalizar 100 milhões de vacinas até 30 de agosto. Segundo acrescentou Gorinchteyn, o recebimento de insumos da China está normalizado e, em breve, o Butantan passará a produzir 1 milhão de imunizantes diariamente.
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