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Come presunto ou carne todo dia? Hábito é ligado a maior risco de diabetes tipo 2, diz estudo

Cientistas da Universidade de Cambridge avaliaram 31 pesquisas, somando quase 2 milhões de participantes

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Por Bárbara Giovani
Atualização:

Comer carne vermelha ou processada diariamente pode aumentar o risco de desenvolver diabetes tipo 2, segundo uma pesquisa da Universidade de Cambridge publicada na revista científica The Lancet Diabetes and Endocrinology.

No estudo, bastaram duas ou três fatias de presunto ou uma salsicha por dia para que os participantes tivessem 15% mais chance de desenvolver a doença nos dez anos de acompanhamento. No caso das carnes vermelhas não processadas, o risco foi menor, mas ainda significativo: um bife pequeno diariamente resultou em um risco 10% maior de diabetes tipo 2.

Carne vermelha e embutidos estão associados a maior risco de câncer, segundo estudo Foto: monticellllo/Adobe Stock

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A pesquisa avaliou ainda a associação entre o consumo diário de frango e o risco de ter a doença. Apesar de os resultados indicarem um risco 8% maior nesses casos, quando outros fatores associados ao desenvolvimento de diabetes foram levados em consideração, essa relação não se mostrou tão relevante, diferentemente daquela com a carne vermelha.

Os cientistas analisaram dados de 31 estudos, que somam quase dois milhões de participantes. Todos tinham mais de 18 anos e não apresentavam quadro de diabetes tipo 2 no começo do acompanhamento.

“É um estudo com número de pessoas muito grande e temos de considerar, sim, (o consumo de carne vermelha ou processada) como um provável fator de risco”, diz Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Ela pondera, no entanto, o fato de a pesquisa ser feita de maneira retrospectiva, com análise de dados coletados previamente para outros objetivos. Para a endocrinologista, o ideal seria realizar um estudo prospectivo, em que se acompanha os participantes enquanto os dados são coletados. Dessa forma, é possível ter um maior controle da alimentação das pessoas, padronizando a ingestão de nutrientes e isolando como única diferença o consumo ou não de carne.

Ainda assim, a endocrinologista ressalta que o público estudado foi variado, incluindo representantes de países das Américas. “Como ele estudou a população das Américas, conseguimos extrapolar os resultados desse estudo para o nosso País”, afirma.

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Tirar a carne?

Para Tarissa, os resultados evidenciam a necessidade de reduzir o consumo de carne vermelha no cotidiano. Ela ressalta que não há necessidade de excluir o alimento da dieta se essa não for a vontade do paciente, mas que comer embutidos como presunto e salame todos os dias da semana não é uma escolha saudável.

“O que tem na carne, principalmente na carne vermelha, que é diferente dos outros alimentos e que poderia estar levando a esse aumento de risco? A gordura animal e, nos embutidos, uma alta taxa de químicos inseridos”, explica.

Já se sabe que o consumo excessivo de gordura e de alimentos ultraprocessados trazem malefícios à saúde que podem ir além do desenvolvimento de diabetes. Por isso, a endocrinologista sugere diminuir a presença desses produtos no dia a dia.

Ela orienta alternar a carne vermelha com proteínas vegetais ou de outras fontes animais, como peixes e ovos. Além disso, a receita também conta. Usar muitos temperos industrializados e exagerar na gordura no preparo dos alimentos pode exacerbar os riscos à saúde.

Quanto às carnes processadas, das quais fazem parte os embutidos, a orientação é tirá-las da alimentação, especialmente de crianças. “Presunto, salame, salsicha, esses alimentos muitas vezes temos dado para as crianças e são coisas que realmente temos que parar de consumir.”

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