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Como funciona a cirurgia de catarata, feita por Ary Fontoura

Condição é a maior causa de cegueira tratável nos países em desenvolvimento; entenda o que é a catarata e o que acontece com a visão depois da cirurgia

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Por Layla Shasta
Atualização:

O ator Ary Fontoura, de 91 anos, passou por uma cirurgia de catarata no último sábado, 8. Nas redes sociais, ele compartilhou a experiência com os fãs e brincou sobre o objetivo do procedimento: “Para ficar com os olhos muito mais lindos e poder observar todos vocês”, disse aos seus seguidores. Brincadeiras à parte, o assunto merece atenção: segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), há 45 milhões de cegos no mundo, sendo que 40% não enxergam mais devido justamente à catarata. Felizmente, a ida ao centro cirúrgico permite o tratamento e a recuperação da visão.

Entenda a condição e como é feito esse procedimento.

Cirurgia é a única forma de tratar a catarata, maior causa de cegueira evitável em países em desenvolvimento Foto: Vadim/Adobe Stock

O que é catarata?

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A catarata, de acordo com o Ministério da Saúde, é a doença dos olhos em que a visão fica opaca. É o nome que se dá a um processo natural, normalmente relacionado ao envelhecimento, que afeta uma área dos olhos chamada de cristalino. Segundo Ricardo Paletta Guedes, presidente da SBO, o cristalino é como uma lente que todas as pessoas têm dentro de seus olhos. Ela é responsável pelo foco e, normalmente, é transparente – ou “cristalina”, como o seu nome sugere. Quando essa lente vai perdendo a sua função e sofrendo alterações, a visão fica opaca, desfocada ou nublada.

É como se o olho fosse uma câmera fotográfica. O cristalino, similar à lente da câmera, é uma estrutura transparente que ajusta o foco da luz que entra no olho, permitindo que você veja imagens nítidas em diferentes distâncias. Com a catarata, é como se uma névoa se formasse nessa lente. A doença faz com que a visão embace gradativamente e, se nada for feito, progride até cobri-la completamente. Por isso, é a maior causa de cegueira tratável nos países em desenvolvimento.

Existem diferentes tipos de catarata, mas a mais comum é a senil, que ocorre em pessoas idosas. “Normalmente, a partir dos 60 ou 65 anos, o cristalino começa a ter algumas opacidades”, explica Guedes.

Como medidas de prevenção, Ivan Corso Teixeira, oftalmologista e diretor técnico do Hospital de Olhos, de São Paulo, explica que hábitos saudáveis, uso de óculos para proteção solar e o acompanhamento regular com um oftalmologista podem diminuir o risco de uma redução grave da visão. Apesar disso, os médicos destacam que não há formas diretas de prevenir a catarata senil, já que o envelhecimento é um fator imutável.

As outras formas da condição, segundo o Ministério da Saúde, são:

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  • Congênita: quando a criança já nasce com catarata. É causada por doenças desenvolvidas pela mãe durante a gravidez, como a rubéola e a toxoplasmose. A prevenção pode ser feita com o pré-natal;
  • Traumática: ocorre após acidentes com o olho, mas geralmente é unilateral. Mesmo que não haja perfuração dos olhos, o trauma pode provocar a opacificação do cristalino;
  • Relacionada ao diabetes: em pessoas com a doença, o processo de envelhecimento do cristalino se inicia, geralmente, mais cedo e com perda visual mais rápida do que na senil;
  • Secundária a medicamentos: é causada, principalmente, pelo uso de corticoides por longos períodos.

Como é feita a cirurgia de catarata?

A cirurgia é a única forma de tratar a catarata. “Não tem outra opção”, enfatiza Guedes. Mas isso não é um problema, pois o procedimento é bastante seguro. O médico destaca: “A gente fala que é uma cirurgia complexa, mas segura. Normalmente, é rápida e pode ser feita com anestesia tópica e local”.

A principal técnica usada para a cirurgia é a chamada facoemulsificação. Na operação, o cristalino opaco é substituído por uma prótese, conhecida como lente intraocular. A primeira etapa do procedimento consiste na aplicação de anestesia local, que pode ser feita com injeção periorbitária (ao redor dos olhos), sedação leve ou aplicação de colírio anestésico, o mais comum. Então, retira-se o material opaco do interior do cristalino e a lente artificial é implantada no lugar.

Logo em seguida, a não ser em casos específicos em que se apresente algum sinal de complicação, o paciente já recebe alta.

O que acontece com a visão depois da operação?

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Depois do procedimento, não demora muito para que o mundo volte a ser visto com nitidez. “Eu tenho pacientes que já saem da cirurgia com a visão restabelecida, alguns depois de alguns dias já estão com a visão restaurada”, diz o presidente da SBO. Na rotina de pós-operatório, é recomendada a utilização de antibiótico e, em alguns casos, um tampão de acrílico com um curativo pode ser usado no olho operado nos primeiros dias.

Segundo o Ministério da Saúde, a recuperação é rápida e o paciente está liberado para retomar suas atividades normais em apenas uma semana. De acordo com Teixeira, alguns cuidados indicados após o procedimento são:

  • Utilizar os colírios e/ou medicações prescritas;
  • Evitar esforços e atividades físicas;
  • Não coçar os olhos.

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O médico do Hospital de Olhos destaca que a operação pode melhorar não apenas a capacidade de se ver detalhes, mas também a visão de cores e contraste. Em alguns casos específicos, pode ser que o paciente não precise mais dos óculos.

Ainda de acordo com Teixeira, em idosos, a catarata e a baixa visão estão relacionadas ao aumento do risco de queda e a piora de quadros cognitivos, como a demência e o Alzheimer. Por isso, ele afirma: “Em alguns casos, após a cirurgia é até possível notar uma melhora em funções como deambulação [caminhada], reconhecimento de pessoas e até mesmo a memória como um todo”.

No Brasil, pacientes que precisam passar por uma cirurgia de catarata podem realizá-la gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O diagnóstico é clínico, realizado durante consulta oftalmológica.

Após a realização do procedimento, Ary Fontoura, por exemplo, voltou às redes para agradecer o carinho recebido pelos fãs e amigos e celebrar o sucesso da operação. “O problema já está sanado; estou olhando como ninguém”, disse, com bom humor característico.

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