Deborah Douglas, de 56 anos, gosta de ir andando para o trabalho, mas geralmente para no meio do caminho para descansar as costas. Como professora universitária, ela está sempre de pé, o que ficou mais desafiador desde o ano passado, quando foi diagnosticada com artrose nas costas, um problema conhecido como espondilose.
“Eu vivo com dor o tempo todo”, diz. A dor irradia para as pernas, fazendo com que ela se sinta péssima no corpo inteiro. Às vezes, dói só de se mexer. “Eu me pego antecipando mentalmente todas as formas de dor que vou sentir quando tiver que me mexer. Não é uma vida normal”.
O problema de Deborah é bastante comum. Cerca de oito em cada dez pessoas terão dor nas costas em algum momento da vida – e isso tende a ficar mais comum após os 45 anos de idade.
Por que minhas costas doem?
A dor nas costas pode ser causada por uma simples tensão muscular ou por algum problema subjacente, como pedras nos rins, endometriose ou câncer. A dor crônica, especialmente na meia-idade, pode se desenvolver por vários motivos, como doença degenerativa do disco, irritação da raiz nervosa, artrose ou escorregamento vertebral, de acordo com Nicholas Beatty, fisiatra especializado em medicina esportiva no Hospital for Special Surgery, em Nova York.
A dor parece ocorrer com um pouco mais de frequência nas mulheres do que nos homens, o que talvez se deva à anatomia, à biologia ou a uma combinação de fatores, como o ambiente ou a função profissional. Muitos adultos de meia-idade também são “guerreiros de fim de semana”: relativamente inativos de segunda a sexta-feira e muito ativos sábado e domingo. Isso aumenta o risco de entorses, distensões e lesões de disco.
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Além disso, há a ergonomia. Colchão muito macio, má postura, cadeira sem apoio, muitas horas diante do laptop ou do celular e um estilo de vida sedentário podem contribuir para a dor contínua. Sofrimentos psicológicos – estresse crônico, ansiedade ou depressão – podem piorar a dor mecânica e ser uma fonte de dor nas costas, acrescenta Beatty.
“As crenças pessoais sobre a dor nas costas e o medo de se movimentar quando se sente dor podem aumentar a intensidade da dor e fazer com que ela dure mais tempo”, diz ele.
Você também corre um risco maior de sofrer com dor crônica nas costas se:
- Não se exercita
- Tem alguma doença, como artrose ou câncer
- Está acima do peso
- Levanta coisas usando as costas, em vez das pernas
- Fuma ou usa outros produtos de tabaco
Outros tipos de estresse oxidativo crônico, como dieta rica em alimentos processados, pré-diabetes, diabetes, síndrome metabólica ou baixo condicionamento cardiorrespiratório, podem criar inflamação dentro do disco, levando a uma degeneração mais rápida, de acordo com Beatty.
Como tratar a dor nas costas em casa
No começo, você pode tratar a maioria das dores crônicas nas costas em casa, com exercícios de baixo impacto, como natação, alongamento suave ou caminhada, combinados com gelo ou calor e medicamentos de venda livre, como o ibuprofeno. Essas técnicas geralmente ajudam a aliviar a dor, romper os nós musculares das costas e facilitar as atividades cotidianas.
O que fazer quando os tratamentos caseiros não funcionam
Se a dor persistir, é melhor procurar avaliação médica. Se você tiver dor aguda, notar alterações no intestino ou na bexiga, sentir fraqueza, febre ou calafrios ou tiver perda de peso inesperada, procure um médico imediatamente. Além disso, “pessoas com doenças cardiovasculares ou renais devem se certificar de que a dor nas costas é apenas mecânica, e não de origem médica. É importante que a dor seja avaliada e diagnosticada por um médico”, diz Beatty.
Sibyl Wilmont, de 54 anos, lidou com dores nas costas durante grande parte da vida. Ela até deixou o emprego de enfermeira de pronto-socorro para assumir uma posição menos extenuante: “Meu corpo estava se deteriorando. Eu tinha espasmos tão terríveis nas costas que não conseguia me levantar do chão”.
Após o diagnóstico de várias hérnias de disco, ela tentou inúmeros tratamentos, como injeções de cortisona e fisioterapia, com pouco sucesso. Outras opções – cirurgia de disco, fusão espinhal, injeções epidurais regulares ou aprender a conviver com a dor crônica – não pareceram animadoras.
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O fisioterapeuta de Sibyl sugeriu um exame para disfunção da articulação sacroilíaca – problema extremamente doloroso que é difícil de diagnosticar e muitas vezes se confunde com hérnia de disco ou dor ciática. Um especialista em articulação sacroilíaca rapidamente confirmou que esta era a principal causa da dor.
Embora esse problema geralmente apareça em gestantes, ele também pode ocorrer por outros motivos. No caso de Wilmont, quedas relacionadas a passeios a cavalo quando ela era criança provavelmente desestabilizaram a articulação. Aos 43 anos, ela optou por uma cirurgia de fusão articular aberta e está livre da dor relacionada à articulação sacroilíaca.
“Ganhei minha vida de volta”, diz ela. A dor decorrente das hérnias de disco é controlada com ibuprofeno e repouso.
Cuide da saúde das suas costas
Uma abordagem multifacetada pode ajudar a evitar a dor nas costas:
- Levante-se e caminhe a cada hora, especialmente se você tiver um trabalho sedentário
- Faça um alongamento suave todos os dias
- Faça algumas caminhadas leves ao redor do quarteirão para manter os músculos flexíveis
- Troque seu colchão se ele tiver mais de dez anos
- Desenvolva uma prática diária de exercícios ou dicas posturais para aprimorar o posicionamento do corpo ao longo do tempo. É possível melhorar a maioria dos problemas de postura
- Converse com o departamento de RH se tiver um trabalho fisicamente exigente ou se precisar de mais ergonomia no escritório. Muitos departamentos de RH fazem parcerias com terapeutas ocupacionais para uma avaliação do ambiente de trabalho. Se a reincidência de lesões for um problema, discuta os requisitos físicos de seu trabalho com seu médico e seu gerente de RH
- Se estiver sentindo dor, evite exercícios intensos ou movimentos de alta velocidade até receber um diagnóstico
- Limite o uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno ou naproxeno, a um máximo de duas semanas; o uso prolongado tem sido associado a problemas gastrointestinais, e você pode se tornar dependente deles
Considere várias opções para o controle da dor. Medicamentos neuropáticos podem tratar a dor de um nervo específico. A fisioterapia e os exercícios podem fortalecer os músculos do core para dar mais suporte à coluna. A manipulação da coluna vertebral pode melhorar a dor e a função. A cirurgia pode ser indicada em certas situações – problemas de disco e estenose, por exemplo – e de fato aumentar a estabilidade da coluna. Se você não tiver certeza sobre a cirurgia, procure uma segunda opinião.
“Obtenha o melhor diagnóstico e, em seguida, use as evidências para tratar o problema, em vez de simplesmente dizer que é dor nas costas”, finaliza Beatty./TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU
Esta matéria foi originalmente publicada em Fortune.com.
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