Creatina traz benefícios importantes com o avançar da idade; veja quais

Suplemento é um dos mais populares entre praticantes de exercícios, mas nem todo mundo conhece o alcance dos seus efeitos

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Por Thais Szegö

A ciência tem apresentado diversas evidências de que combinar o uso de creatina à prática de exercícios é uma ótima opção para o combate da perda acentuada de massa muscular e de força decorrentes principalmente do envelhecimento – principais características de uma doença chamada sarcopenia.

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A patologia, que atinge entre 6 e 12% da população com mais de 60 anos e prejudica a realização de atividades do cotidiano, como caminhar ou levantar-se da cama, ainda desacelera o metabolismo, o que pode levar ao aumento de peso, complicando ainda mais a situação.

Um dos trabalhos que apresentou essa conclusão foi realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele mostrou que a dobradinha fez os voluntários experimentarem ganhos significativos em termos de força muscular, especialmente quando os treinos duraram ao menos 24 semanas.

Já uma revisão de estudos científicos de 2019 a 2023 feita na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) confirmou que a ingestão de creatina feita em paralelo à prática de exercícios de força ajuda no tratamento da sarcopenia. O mesmo não aconteceu quando a suplementação aconteceu isoladamente – ou seja, sem o apoio da atividade física.

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Associação entre creatina e exercícios físicos auxilia na prevenção e no controle da sarcopenia, condição que prejudica a qualidade de vida dos idosos Foto: RHJ/Adobe Stock

Como a creatina funciona

A creatina pode ser ingerida na dieta, principalmente através de variados tipos de carnes, e utilizada na forma de suplemento. “Ela fica estocada nos músculos, no coração e no sistema nervoso central e tem um papel importante no fornecimento de energia para o corpo, pois regenera moléculas conhecidas como ATP, que são fundamentais para que as células consigam realizar suas atividades”, descreve Antonio Herbert Lancha Junior, educador físico e professor titular de nutrição pela Universidade de São Paulo (USP).

Para que o suplemento serve

Como mencionamos, a creatina é aliada de quem deseja (ou precisa) aumentar a força dos músculos. Segundo Serena del Favero, nutricionista do check-up esportivo do Espaço Einstein, unidade de esporte e reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein, é justamente por causa disso que ela tem ação benéfica na prevenção e atenuação da sarcopenia. Ela acrescenta ainda que a substância pode ajudar na recuperação de massa muscular após incidentes, como uma lesão.

Para quem aposta na musculação como treino de força, a creatina permite, na prática, que ocorram contrações mais intensas dos músculos e por um tempo maior. “Com isso, a pessoa consegue aumentar o número de repetições nas séries com uma carga mais alta e, em médio e longo prazo, isso ajuda a preservar o tecido muscular e melhorar sua força e resistência”, explica Lancha Junior.

Como a substância tem ação rápida, também é aliada de quem faz exercícios curtos e de alta intensidade. “Alguns exemplos são tiros de corrida, esportes coletivos e de raquetes [como tênis], que envolvem deslocamentos rápidos”, cita Serena.

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A importância de ter o apoio de um profissional de saúde

É fundamental que a recomendação do uso da substância seja feita por um nutricionista, que será capaz de analisar a alimentação do indivíduo e sua real necessidade de suplementação.

“Existem estudos apontando que vegetarianos e veganos necessitam mais da creatina do que o resto da população. E, em todos os casos, é importante que a pessoa consuma o suplemento todos os dias, mesmo naqueles em que não for treinar”, comenta a nutricionista Desire Coelho, bacharel em educação física com iniciação científica em suplementação de creatina e colunista do Estadão.

Outro ponto importante sobre a creatina é que ela pode levar a um discreto aumento de peso corporal, já que provoca acúmulo de água dentro do tecido muscular – o ganho seria de mais ou menos um quilo. “Esse efeito pode ter impacto ruim para algumas pessoas, como um nadador, que terá mais volume corporal submerso, mudando a mecânica do movimento. Por isso, é crucial que fatores como quantidade e momento de consumo sejam avaliados por um profissional capacitado”, afirma Lancha Junior.

“A suplementação também pode levar a um desconforto no trato gastrointestinal, mais um aspecto que deve ser considerado na hora da recomendação do produto”, acrescenta Serena del Favero.

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Compra segura

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Segundo os especialistas ouvidos na reportagem, não existem evidências de efeitos adversos provocados pelo uso da creatina. “Antigamente se falava muito sobre a relação entre a substância e função renal, mas muitos estudos, inclusive um no qual fui coautora, mostraram que esse é um suplemento seguro. A não ser que a pessoa tenha uma doença nos rins muito importante, o que faz com que seja essencial consultar um médico antes de dar início ao consumo”, diz Desire.

Mas, para que a suplementação de fato não ofereça riscos, é essencial que o produto seja produzido por uma marca confiável e comprado em lojas sérias, já que existem muitos itens adulterados no mercado. O selo Creapure, bastante comentado no meio, foi criado por uma marca alemã e atesta que a substância em questão passou por um processo patenteado de alta qualidade – mas existem marcas que não contam com o selo e são seguras.

Para ter certeza se vale a pena levar para casa determinada creatina, o mais indicado é pedir a indicação de um nutricionista e checar se há número de registro da Anvisa estampado na embalagem, que pode ser conferido no portal da Agência. “Outra dica é optar sempre pela versão monohidratada, que é mais bem absorvida pelo organismo”, indica Desire.

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