Dengue avança em todo o País e chega a 200 registros/hora

Segundo boletim, número de mortes teve queda - de 103 para nove - ao considerar as cinco primeiras semanas de 2015 e 2016

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O mosquito 'Aedes aegypti' é transmissor do zika, da dengue e da chikungunya Foto: Luis Robayo/AFP

SÃO PAULO - O número de casos de dengue aumentou 130% em duas semanas e ultrapassa 200 registros por hora no País. Considerando os dados até 6 de fevereiro, foram notificados 170.103 casos da doença no Brasil, ante os 73.872 registros do balanço fechado em 23 de janeiro. Em relação ao ano passado, que teve recorde histórico de notificações, também houve aumento no número de registros: foram 116.452 no mesmo período.

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No primeiro boletim oficial do ano, havia o registro de 2 casos por minuto, 120 por hora. Três semanas depois, esse número já supera 3 por minuto. O número de mortes, no entanto, caiu. Entre 3 de janeiro e 6 de fevereiro, foram 9. No mesmo período de 20015, houve 103.

Enquanto crescem as preocupações com o vírus zika, a dengue, outra doença transmitida pelo Aedes aegypti, apresenta avanço em todas as regiões do País. Desde o primeiro boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, que continha dados das duas primeiras semanas epidemiológicas, o Sudeste lidera em registros: no mais recente, relata 96.664 casos, seguido de Nordeste (25.636), Centro-Oeste (25.246), Sul (13.522) e Norte (9.035).

“Sempre que aumenta a tensão para notificação, costuma ter um aumento maior que o habitual do número de casos. Ter ao mesmo tempo uma epidemia de zika causa um grau de atenção maior”, explica o professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Celso Granato.

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Granato, que também é diretor clínico do Grupo Fleury, diz que o número expressivo de registros não o surpreende. “Estávamos esperando. Sempre que temos relatos no período intercrítico (fora do verão) é um prenúncio de que vai ter um aumento de casos.” No ano passado, por exemplo, houve registros de dengue no Estado de São Paulo até em meses de frio, fora da época de pico da doença.

No entanto, o boletim oficial mostra uma queda nos registros paulistas pela metade – de 65.408 para 32.453, considerando as cinco primeiras semanas do ano. O avanço no Sudeste foi alavancado por Minas, que passou de 6.517 para 48.098 notificações no período analisado. 

Trabalho constante. O infectologista da Unifesp destaca que, para controlar a epidemia, é necessário que os trabalhos de combate ao mosquito Aedes aegypti sejam constantes – não bastando apenas os mutirões. “As pessoas negligenciaram a dengue, baixaram a guarda. Mas ainda tem muita gente que não teve a doença. Entre instituir uma mudança e termos resultados, pode demorar de três a seis meses. É importante que as ações continuem.”

O balanço do Ministério da Saúde traz ainda a lista de municípios mais afetados pela dengue. Ribeirão Preto, no interior paulista, é o líder em registros nas cidades com população entre 500 mil e 999 mil habitantes desde o primeiro levantamento, que considerava as duas primeiras semanas do ano.

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Chikungunya e zika. A transmissão autóctone da febre chikungunya foi registrada em 14 unidades federativas desde 2014, quando o vírus chegou ao País. Não há registros de óbitos neste ano, mas três pessoas morreram por causa da doença na Bahia e em Sergipe em 2015.

O novo boletim relata ainda que casos autóctones de zika foram registrados em 22 unidades da federação. Houve duas mortes, no Maranhão e no Pará, com suspeita de relação com o zika – confirmadas em exames laboratoriais.