Quantas vezes você já foi impactado por promessas de produtos ou estratégias para acelerar o metabolismo, de cápsulas a especiarias, como gengibre e canela? O apelo disso tem a ver com o pressuposto de que, aumentando o gasto calórico, seria possível facilitar o emagrecimento. A má notícia é que não existe nada capaz disso. Já a boa notícia, curiosamente, é que precisamos até agradecer o fato de essas táticas não funcionarem! Para entender por que não é desejável acelerar o metabolismo, precisamos, primeiro, compreender o que ele representa.
O metabolismo engloba todas as reações químicas do organismo, que são essenciais à manutenção da vida. Turbinar o gasto energético implicaria intensificar essas reações. Isso poderia acarretar, veja só, no envelhecimento precoce devido à aceleração dos processos corporais naturais. Dessa maneira, o apelo de aumentar o gasto de energia usando essas estratégias é, no mínimo, um engano.
Mas sinto que meu metabolismo é lento. O que fazer?
Essa queixa é muito comum, especialmente por parte de pessoas na faixa de 30 a 40 anos, que relatam uma maior dificuldade em perder peso – devida a um suposto “metabolismo lento”.
Em um estudo com mais de seis mil participantes, desde recém-nascidos com 8 dias de vida até idosos com 95 anos, pesquisadores usaram o melhor método científico conhecido atualmente para avaliar o gasto calórico: um marcador por isótopos chamado água duplamente marcada. Durante esse estudo, observaram que o gasto energético se mantém estável durante a maior parte da idade adulta e começa diminuir de modo significativo apenas por volta dos 63 anos de idade.
Porém, considero que o dado mais importante revelado por essa pesquisa é que a variação no gasto energético está mais relacionada à quantidade de massa magra do indivíduo do que à idade em si. Quanto mais massa magra, maior o gasto de energia.
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Já ouviu falar em sarcopenia? Trata-se de um processo progressivo de perda de massa magra – e, consequentemente, de perda de força muscular – que, em geral, acomete as pessoas após os 40 anos. Se não tratada, a sarcopenia pode levar a uma redução de até 26% de massa magra perto dos 90 anos.
Os autores comentam que a percepção de um metabolismo mais lento é resultado de uma redução na atividade física diária, e não de uma alteração no funcionamento do organismo. Os adultos têm um comportamento diário mais sedentário do que jovens.
De olho nisso, avalie quantas horas você passa sentado e/ou deitado em comparação com o tempo que se mantém ativo no dia a dia. Os números costumam ser preocupantes, ainda mais para um corpo que, dentro da sua história evolutiva, sempre esteve em movimento.
Para aqueles que desejam “acelerar” o metabolismo, a solução é simples: preserve e, se possível, aumente sua massa magra. Entenda que não é o metabolismo que está lento: lento mesmo é o dono do metabolismo!
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