Especialistas recomendam uso de máscaras contra fumaças: ‘O máximo de tempo possível’

São Paulo e outras regiões estão vivendo a intensificação da poluição do ar nas última semanas. Ministério da Saúde orienta população sobre o tema

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Por Redação
Atualização:

Além das ações de combate aos incêndios que vêm ocorrendo em diversas regiões do País, é preciso que a população entenda a importância de evitar a exposição aos poluentes e à fumaça intensa e à neblina, causadas pelo fogo. Quando isso não for possível, é fundamental colocar em prática algumas medidas de proteção.

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O governo do Estado de São Paulo divulgou na última terça-feira, 10, a recomendação para o uso de máscaras faciais por conta do tempo seco e da piora da qualidade do ar nas cidades paulistas, que vêm sendo cobertas por fumaça de incêndios. A orientação é que as pessoas utilizem máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100, que são modelos respiradores que evitam a entrada das partículas mais finas da fumaça.

A qualidade do ar em São Paulo foi considerada, nesta quarta-feira, 11 uma das piores do mundo pelo terceiro dia consecutivo. O monitoramento foi feito pela empresa suíça de tecnologia IQAir, que acompanha as condições da poluição em grandes cidades.

Moradora de Brasília circula com máscara em razão da fumaça de queimadas na região Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 25/8/2024

O infectologista Jesem Orellana, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), avalia que a situação atual exige o uso dessas máscaras mais sofisticadas, uma vez que, segundo ele, “a qualidade do ar ainda está em patamares insalubres” e “há muitos dias”. “Não estamos falando de exposição a poluição tóxica curta ou esporádica, e sim exaustiva”, afirma.

Para ele, as máscaras cirúrgicas, mais simples, até podem barrar apenas o material em suspensão de tamanho maior das fumaças, mas não filtra as micropartículas (PM 2.5), que são justamente as que estão mais associadas com os problemas de saúde.

“Nessas condições de duradoura exposição à fumaça tóxica, usar máscara doméstica ou de pano ajuda muito pouco e pode dar a falsa sensação de proteção, especialmente em pessoas mais vulneráveis, como aqueles com doença pulmonar crônica ou outras doenças pré-existentes”, diz.

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O especialista afirma que, nas atuais circunstâncias, o melhor a ser feito é usar a máscara “o máximo de tempo possível”. “Considerando São Paulo e o resto do País, talvez seja uma das piores experiências com a má qualidade do ar das últimas décadas”, afirma.

“Infelizmente, nas atuais circunstâncias, é melhor usar o máximo de tempo possível, especialmente em lugares abertos e com grande exposição a outras fontes móveis de poluentes tóxicos, como os liberados pelos veículos em geral”, diz o especialista. “Ambientes com aparelhos de ar-condicionado que filtram micropartículas ou com filtros do tipo HEPA, por exemplo, dispensam uso das máscaras”.

A infectologista Rosana Richtmann, médica do Hospital Emílio Ribas, concorda que as máscaras devem ser usadas e reforça sua importância para evitar a inalação desse material particulado. Ela explica que a inspiração das partículas de fumaça podem provocar uma inflamação das vias aéreas, desde o nariz e a boca (portas de entrada do corpo) até os pulmões.

“A curto prazo, o nosso corpo vai trabalhar para eliminar esse corpo estranho, como parte do nosso mecanismo de defesa. A tosse, por exemplo, é um desses mecanismos. E isso pode provocar um inchaço nas nossas vidas aéreas, uma inflamação”, diz a médica.

A inalação desse tipo de material é mais danoso à saúde de crianças e idosos, além de pessoas com comorbidades.

Rosana explica que pessoas mais velhas tendem a ter um sistema imunológico mais enfraquecido, o que dificulta o trabalho de expulsão das partículas de fumaça. Além disso, uma parcela pode já apresentar alguma doença no pulmão. E, no caso de crianças, a especialista lembra é um grupo de maior risco devido à possibilidade de apresentar quadros de asma e alergia.

Independente da idade, ela reforça a importância da hidratação. “Ingerir água deixa as vias aéreas mais hidratadas, o que fluidifica as secreções e facilita a expulsão desse material particulado”.

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Outras recomendações

Entre as recomendações do governo estadual e do Ministério da Saúde estão o aumento da ingestão de água e de líquidos como medida para manter as membranas respiratórias úmidas, o favorece sua proteção. Além disso, o tempo de exposição à fumaça deve ser reduzido ao máximo, priorizando a permanência em local ventilado dentro de casa, se possível com ar condicionado ou purificadores de ar.

Para reduzir a entrada da poluição externa durante os horários com elevadas concentrações de partículas, as portas e as janelas devem ser mantidas fechadas, e as atividades físicas ao ar livre devem ser evitadas.

  • É recomendável ainda a utilização de máscaras do tipo cirúrgica, pano, lenços ou bandanas para diminuir a exposição às partículas grossas, especialmente para populações que residem próximas às áreas de focos de queimadas. A medida reduz o desconforto das vias aéreas superiores.
  • Já máscaras de modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas.

As recomendações devem ser seguidas por toda a população e a atenção deve ser redobrada em crianças menores de 5 anos, idosos maiores de 60 anos e gestantes.

Ao sinal de sintomas respiratórios ou outras ocorrências de saúde a pasta indica a busca imediata de atendimento médico.

“Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, imunológicos, entre outros, devem buscar atendimento médico para atualizar seu plano de tratamento, manter medicamentos e itens prescritos pelo profissional médico disponíveis para o caso de crises agudas, buscar atendimento médico na ocorrência de sintomas de crises e avaliar a necessidade e segurança de sair temporariamente da área impactada pela sazonalidade das queimadas”, recomenda o Ministério da Saúde.

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/COM AGÊNCIA BRASIL

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