Dieta anti-idade? Estudo mostra que alimentação pode desacelerar o envelhecimento celular

Evidências reforçam a importância de inserir alimentos in natura no cotidiano e de reduzir o consumo de produtos com açúcar adicionado

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Por Bárbara Giovani

Manter uma alimentação saudável, à base de frutas, legumes e grãos pode proteger suas células de danos importantes. Enquanto isso, uma dieta repleta de açúcar adicionado, aquele que costuma ser acrescentado aos produtos ultraprocessados, tem efeito contrário e pode acelerar o envelhecimento celular. A conclusão pode parecer batida, mas as evidências são novas.

Um estudo observacional publicado na renomada revista científica Jama Networks acompanhou dados de 342 mulheres, brancas e negras, ao longo de alguns anos da infância (9 ou 10 anos) e da meia-idade (de 36 a 43 anos). Além de registrar suas três refeições diárias durante alguns dias do período do estudo, elas também tinham dados médicos e genéticos no banco de informações do National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI) Growth and Health Study (NGHS), na Califórnia.

Qualidade da dieta pode interferir no envelhecimento celular, indica pesquisa.  Foto: bit24/Adobe Stock

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A partir desses dados, os pesquisadores determinaram pontuações para a dieta de cada participante. Eles cruzaram essas informações com análises do chamado relógio epigenético, que reflete padrões alterados de expressão de genes e proteínas e indicam, no fim das contas, a idade biológica do indivíduo – é diferente da idade cronológica, calculada a partir da data de nascimento. Fatores como tabagismo, doenças crônicas e uso de medicamentos também foram considerados.

Vale destacar que a idade biológica retrata as condições de envelhecimento do organismo. Portanto, se ela for menor do que a idade cronológica, é um ótimo sinal.

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Segundo o estudo, uma alimentação saudável (baseada em frutas, verduras, grãos integrais, oleaginosas, sementes e legumes) está relacionada a um envelhecimento biológico desacelerado. Ao mesmo tempo, uma dieta com consumo elevado de açúcares adicionados foi associada a uma idade biológica mais avançada. De acordo com os pesquisadores, essa é a primeira vez que um estudo aponta a relação entre alimentação com o envelhecimento celular.

Para Celso Cukier, nutrólogo na Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo, os resultados da pesquisa são extremamente interessantes. “Quando a gente fala em epigenética, trata-se da influência do meio ambiente em nossas características genéticas”, explica.

Ele afirma que as recomendações de redução de açúcar para uma dieta saudável já são conhecidas, mas o que o estudo reforça é que elas são importantes não só para ajudar na prevenção de doenças, mas também para evitar o envelhecimento celular precoce. Para o nutrólogo, o novo estudo abre caminhos para futuras pesquisas.

A dieta antienvelhecimento

Para a pesquisa, os pesquisadores utilizaram como referência a dieta mediterrânea e diretrizes de prevenção de doenças crônicas. “A seleção de nutrientes foi feita com base nas capacidades antioxidantes e/ou anti-inflamatórias, bem como nas funções na manutenção e reparo do DNA documentadas na literatura”, explicam os autores no estudo.

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Baseada nos hábitos alimentares e na disponibilidade de ingredientes de regiões banhadas pelo Mar Mediterrâneo, como Portugal, Espanha e Grécia, a dieta mediterrânea preza o alto consumo de verduras, frutas, leguminosas, gorduras boas (como o azeite) e peixes. Também são consumidos, com menos frequência, laticínios, como iogurtes e queijos e, excepcionalmente, carnes vermelhas.

No entanto, os autores do estudo apontam que esse não é o único modelo válido. “Adotar uma abordagem nutricional sugere que qualquer padrão alimentar rico em vitaminas, minerais e outros bioativos pode ser útil para preservar a saúde epigenética. Isso é útil porque os padrões alimentares são influenciados socioculturalmente, mas um foco em nutrientes em vez de um foco em alimentos pode ajudar a unir culturas, classes e geografia”. Eles apontam que a dieta de Okinawa, por exemplo, é nutricionalmente semelhante à dieta mediterrânea, mas está mais alinhada aos gostos asiáticos.

Também é possível adaptar a dieta mediterrânea aos hábitos brasileiros, como já indicado em reportagem do Estadão. Nesse sentido, indica-se valorizar alimentos como arroz, feijão, sardinha e frutas típicas da nossa biodiversidade.

Outro aspecto importante a ser mencionado é que, atualmente, fala-se em um estilo de vida mediterrâneo, que combina alimentação com atividades físicas frequentes, conexões sociais e preocupação com sustentabilidade.

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