‘Doença do beijo’ tem alta taxa de transmissão; conheça os sintomas

Vírus causador da mononucleose infecciosa atinge cerca de 90% da população mundial

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Por Layla Shasta

A mononucleose infecciosa é uma doença causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV) que pode provocar sintomas como dor de garganta intensa e febre. Contagiosa, ela é comum em épocas de festa, como o fim de ano e o carnaval. Além disso, sua principal forma de transmissão é pela saliva — o que lhe rendeu o nome popular de “doença do beijo”.

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Mas esses carinhos não são a única forma de se contaminar. Espirros, tosse e até conversas próximas também podem espalhar o vírus, o que explica sua alta prevalência. De acordo com o Ministério da Saúde, até 90% da população mundial já foi infectada pelo EBV em algum momento da vida.

“Trata-se de uma infecção bastante comum, especialmente durante a adolescência”, afirma o infectologista Rodrigo Molina, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Mononucleose infecciosa causa dor de garganta e sintomas semelhantes aos de amigdalite  Foto: KMPZZZ/Adobe Stock

Como ocorre a transmissão?

O EBV pertence à mesma família do vírus que causa a herpes simples e é transmitido por meio de gotículas de saliva e respiratórias. Apesar de ser mais frequente entre jovens de 15 a 25 anos, a infecção pode ocorrer em qualquer fase da vida.

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Uma vez no organismo, ele invade as células que revestem o nariz e a garganta, e provoca a proliferação de um tipo específico de glóbulos brancos, as células mononucleares — daí a doença ser chamada de mononucleose.

Após infectar um novo hospedeiro, o vírus tem um período de incubação que pode variar de três a oito semanas até o aparecimento dos sintomas. Muitas vezes, porém, os quadros são assintomáticos.

Quais são os sintomas?

Os sintomas comuns incluem dor de garganta, febre, mal-estar, aumento dos linfonodos (as chamadas “ínguas”) e inflamação das amígdalas. Por isso, os sinais podem ser confundidos com uma amigdalite bacteriana, porém sem resposta ao tratamento com antibióticos.

A pessoa infectada também pode sentir inchaço em volta dos olhos e ter manchas pelo corpo. Em alguns casos, o vírus pode se espalhar da garganta para o baço e o fígado. Uma vez instaurado, ele pode levar ao aumento desses órgãos e causar dor abdominal. Isso ocorre porque o fígado, ao se expandir, distende sua cápsula protetora, provocando desconforto.

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Quadros graves, com repercussões como a morte, são raros. Eles representam menos de 1% das ocorrências, segundo Molina. “Mas acontecem entre pessoas que têm complicações como comprometimento do sistema nervoso central ou o rompimento do baço devido ao crescimento rápido do órgão”, diz.

É uma IST?

A doença não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). Inclusive, o compartilhamento de copos, canudos, talheres e demais utensílios de alimentação ou pessoais também é uma forma de contrair o EBV.

Após o primeiro contato, o organismo desenvolve imunidade, embora o vírus possa permanecer latente, isto é, “adormecido” nas células.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é realizado de forma clínica, com base nos sintomas apresentados pelo paciente, complementado por exames laboratoriais. Entre os testes solicitados, o exame de sangue pode indicar a presença de anticorpos contra o EBV, confirmando o vírus no organismo.

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Como os sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças, é importante buscar orientação médica ao perceber os sinais.

Qual o tratamento?

Não existe um tratamento específico para a doença. A boa notícia é que ela geralmente se resolve sozinha em até duas semanas. Durante esse período, o objetivo é cuidar dos sintomas, proporcionando alívio e conforto ao paciente.

Para casos mais graves, a intervenção médica pode incluir o uso de corticoides, que ajudam a controlar a inflamação.

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“Em cerca de duas semanas, a maioria das pessoas já está de volta à rotina, seja no trabalho ou na escola. O que pode permanecer nas semanas seguintes, em alguns casos, é uma leve sensação de cansaço”, afirma Molina.

Prevenção

A prevenção é um desafio, já que o vírus é transmitido mesmo quando a pessoa infectada não apresenta sintomas. Além disso, não há vacinas disponíveis. No entanto, adotar alguns hábitos pode reduzir os riscos:

  • Evitar o contato direto com pessoas infectadas;
  • Não compartilhar talheres, copos, batom ou outros objetos pessoais;
  • Reforçar a imunidade com alimentação saudável;
  • Lavar as mãos regularmente;
  • Cobrir a boca ao tossir ou espirrar.
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