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Doenças respiratórias em crianças enchem hospitais de São Paulo e causam longas filas de espera

Durante estações como outono e inverno, há maior disseminação de vírus e bactérias; além disso, País enfrenta uma epidemia de dengue, que também contribui para uma maior procura por atendimento

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Foto do author Victória  Ribeiro
Atualização:

A maior incidência de doenças respiratórias durante o outono, aliada à atual epidemia de dengue vivenciada pelo Brasil, têm colaborado com o aumento dos atendimentos e de internações pediátricas na cidade de São Paulo, gerando lotação e prolongamento do tempo de espera nos serviços de saúde. A situação agravante é observada em hospitais da rede privada e do sistema público.

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De acordo com Thales Oliveira, gerente médico do Pronto-Socorro e Centro de Excelência do Hospital Infantil Sabará, a instituição registrou um aumento de 30% no volume diário de atendimentos entre fevereiro e março. Este cenário, segundo ele, pode ser atribuído ao crescimento dos casos de gripe e dengue, com um aumento de 18% e 60%, respectivamente, entre as duas últimas semanas epidemiológicas.

Além do aumento na demanda por atendimentos, a instituição também observou um acréscimo de 28% no número de internações através do Pronto-Socorro, bem como um aumento de 196% nas internações relacionadas ao diagnóstico de bronquiolite, ao comparar os meses de fevereiro e março.

Chegada do outono, com aumento na incidência de doenças respiratórias, e epidemia de dengue causam alta procura por hospitais pediátricos em São Paulo. Foto: Rawpixel.com/Adobe Stock

A tendência não é exclusiva do Sabará. Nos últimos 15 dias (entre 21 de março e 4 de abril), o Hospital Santa Catarina Paulista, também localizado na região central de São Paulo, registrou um aumento de 36,87% nos atendimentos de pacientes pediátricos com casos respiratórios, como bronquiolite e pneumonia, associados à gripe. Além disso, também houve um aumento nos diagnósticos de covid-19 e de dengue.

Já o Hospital da Criança, situado no bairro Jabaquara, região sul de São Paulo, realizou 4.280 atendimentos no pronto-socorro em fevereiro, o que representa um aumento de 55% em relação ao mês de janeiro, quando foram registradas 2.762 consultas. Em março, início do outono, o número saltou para 5.759, um acréscimo de 34,6%.

Para abril, a previsão é de cerca de 6.500 atendimentos. “A situação reflete, principalmente, a prevalência dos vírus respiratórios, comuns nesta época do ano, o que é corroborado pelo aumento de 20% na taxa de positividade nos testes laboratoriais realizados na unidade”, afirmou a instituição em nota ao Estadão.

Apesar de não ter divulgado dados específicos, o Hospital Sírio-Libanês afirmou que “houve aumento significativo de atendimentos no setor infantil, o que impacta em tempo de espera, especialmente por doenças respiratórias.”

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Conforme explicou Mauro Gomes, pneumologista da Comissão Científica de Infecções da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), o clima frio e seco do outono pode irritar a mucosa respiratória, agravando a inflamação das vias aéreas. “Durante este período, é comum observar sintomas como coceira nos olhos e vermelhidão. Nos brônquios, é a mesma coisa. A diferença é que não conseguimos ver”, disse Gomes.

Outro fator relevante, segundo o médico, é que durante estações como outono e inverno, as pessoas tendem a passar mais tempo em ambientes fechados, favorecendo a aglomeração e a disseminação de vírus e bactérias. Essas condições, aliadas à maior concentração de poluentes atmosféricos, aumentam a suscetibilidade a doenças respiratórias, especialmente em indivíduos com condições crônicas como asma, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e fibrose pulmonar.

Justamente por isso, o médico Thales Oliveira, do Sabará, afirma que o aumento dos atendimentos e internações já é esperado pelos hospitais pediátricos. O diferencial, desta vez, é a combinação com a alta prevalência de dengue. No município de São Paulo, a doença já foi registrada 133.602 vezes desde janeiro, sendo que crianças de 0 a 14 anos representam 21,19% dos casos.

Maior tempo de espera

Entre abertura de ficha, triagem e atendimento médico, o tempo de espera pode atingir mais de quatro horas.

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Segundo os hospitais consultados, as longas filas são resultado da predominância das doenças respiratórias nesta temporada do ano. De acordo com Oliveira, o pico de movimento geralmente ocorre por volta das 18h, momento em que muitos cuidadores encerram o expediente de trabalho.

No Hospital Sabará, a abordagem adotada tem sido priorizar os casos de urgência, especialmente aqueles relacionados a condições como a bronquiolite em crianças. “Quando o caso não é classificado como urgente, é comum que haja um prolongamento no tempo de espera. Por isso, aconselhamos que, antes de recorrer ao pronto-socorro, os pais consultem o pediatra da criança ou até mesmo entrem em contato com a operadora de saúde para considerar a possibilidade de uma avaliação prévia por meio de telemedicina”, aconselha o médico.

Segundo o Hospital Santa Catarina Paulista, durante o período de sazonalidade pediátrica é implementado um planejamento estratégico para expandir tanto o número de profissionais especializados quanto de leitos pediátricos em unidades de terapia intensiva e internação.

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Sistema público de saúde

Na rede pública de saúde da cidade de São Paulo, também foi observado um aumento no número de atendimentos pediátricos em razão de quadros respiratórios.

Desde o início de 2024, foram realizados 13.287 atendimentos no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, referência para atendimento de doenças respiratórias pediátricas na capital paulista, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Houve um aumento gradual de atendimentos no decorrer dos meses: janeiro (2.507), fevereiro (3.589), março (6.280) e abril (911), considerando somente até o dia 4.

“No mês de março de 2024, as doenças respiratórias representaram 43,4% do total de atendimentos”, afirmou a secretaria.

A secretaria destaca que é preciso investir em cuidados de higiene para a prevenção da transmissão de doenças respiratórias. É preciso manter as mãos limpas, deixar a casa limpa e arejada, evitar o compartilhamento de itens de uso pessoal e ter a caderneta de vacinação atualizada. / COM COLABORAÇÃO DE RENATA OKUMURA

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