Dor no corpo pode ser culpa de ‘músculos desequilibrados’; veja como reverter isso

Diferenças na musculatura também favorecem lesões, afirmam especialistas

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Por Hilary Achauer (The New York Times)

Quando você sai para sua corrida diária, a cada passada você fortalece os quadríceps, os isquiotibiais e os músculos superiores da panturrilha. Os músculos nas laterais dos quadris, no entanto, não crescem muito.

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Se você pratica algum esporte regularmente, como corrida, ciclismo ou tênis, mas raras vezes pratica algum outro, corre o risco do que é conhecido como desequilíbrio muscular.

Os desequilíbrios ocorrem quando um músculo fica significativamente mais forte do que outro. Os dois músculos podem estar em lados opostos de uma articulação ou osso, ou até mesmo em lados opostos do corpo. Por exemplo, se uma pessoa que levanta pesos treina demais os bíceps e ignora os tríceps, ou se um funcionário de escritório passa dez horas por dia olhando para a tela do computador, o que resulta em músculos dos ombros fracos, podem surgir desequilíbrios. E isso pode causar dor, má postura e até mesmo lesões.

Dores nas costas, pés, joelhos ou quadris podem ter origem no desequilíbrio muscular Foto: BigBlueStudio/Adobe Sto

Ann Crowe, fisioterapeuta em Clayton, Missouri, que trabalha principalmente com corredores e ciclistas, diz que a maioria das dores nos pés, joelhos, quadris e costas de seus pacientes pode ser atribuída a esses desequilíbrios.

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Corredores e ciclistas geralmente se concentram nos benefícios cardiovasculares de seus esportes, mas negligenciam o treinamento de força, afirma Ann. Como resultado, geralmente têm glúteos fracos e quadríceps fortes.

Estudos sugerem que o desequilíbrio muscular pode contribuir especialmente para lesões nos ombros, na região lombar, no cotovelo e no punho de atletas que praticam esportes com movimentos acima da cabeça, como polo aquático, tênis e basquete.

Outro estudo constatou que jogadores de futebol profissional com desequilíbrios de força tinham de quatro a cinco vezes mais probabilidade de sofrer uma lesão no tendão da coxa, em comparação com aqueles sem desequilíbrio muscular.

O desequilíbrio muscular também surge quando se fica sentado por horas a fio. Quando os especialistas estudaram trabalhadores de escritório, descobriram que o desequilíbrio muscular estava ligado à dor no pescoço em até 70% dos indivíduos.

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Embora o desequilíbrio muscular nem sempre cause dor no curto prazo, os especialistas afirmam que é importante se concentrar no fortalecimento de todos os principais grupos musculares do corpo, o que, com o tempo, pode ajudar a evitar dores e lesões, melhorando a mecânica corporal.

Quando o desequilíbrio muscular é um problema?

Músculos opostos ao redor de uma articulação ou osso precisam trabalhar juntos para funcionar, mas, às vezes, um dos músculos fica muito fraco, muito forte, muito rígido ou até muito frouxo. Isso nem sempre é motivo de preocupação, e todo mundo tem algum grau de desequilíbrio muscular no corpo, diz Darren Calley, fisioterapeuta da Mayo Clinic especializado em fisioterapia ortopédica.

Por exemplo, os especialistas normalmente não se preocupam tanto com o desequilíbrio muscular entre o lado esquerdo e o direito do corpo, comenta Aimee Diaz, diretora clínica de Fisioterapia da Universidade do Sul da Califórnia. Um arremessador de beisebol pode ter um braço direito extremamente forte, mas o contraste com o lado esquerdo não é um problema, a menos que ele sinta dor.

No entanto, o desequilíbrio entre a frente e as costas, como flexores de quadril tensos combinados com abdominais e glúteos fracos (o que geralmente acontece quando passamos muito tempo sentados), pode gerar dor lombar.

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Embora possamos isolar alguns músculos e treiná-los independentemente, nossos músculos precisam trabalhar juntos para os movimentos diários, diz Jessica Curran, fisioterapeuta do Shirley Ryan AbilityLab, hospital de pesquisa em reabilitação sem fins lucrativos com sede em Chicago. “Eles precisam ser igualmente fortes e flexíveis.”

Quais são os sinais?

Os sintomas do desequilíbrio muscular diferem de pessoa para pessoa (e de músculo para músculo), mas Jessica afirma que um dos sinais são dores que parecem não se dissipar – ou se você sente dor na mesma área geral mesmo quando não está trabalhando esses músculos. A única maneira de ter certeza, acrescenta ela, é consultar um médico ou fisioterapeuta para uma avaliação.

A dor também pode se manifestar de forma diferente em cada região do corpo. Uma pessoa com músculos peitorais mais fortes e costas mais fracas pode sentir uma sensação de beliscão no ombro, já um desequilíbrio muscular na parte inferior do corpo pode se manifestar como dor lombar, segundo Aimee.

Como você pode evitar isso?

Tanto a prevenção quanto o tratamento do desequilíbrio muscular geralmente requerem treinamento de força, especialmente se você se concentrar em uma só atividade ou esporte.

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“Todos os corredores devem fazer treinamento de força, quer sejam iniciantes na corrida ou estejam fazendo uma quilometragem muito alta”, ressalta Ann.

Para os corredores, ela recomenda agachamentos de uma perna só com uma perna elevada – segurando uma mesa, se necessário – porque eles têm como alvo os músculos nas laterais dos quadris, que geralmente ficam fracos nos corredores. Já para os ciclistas, que em geral têm glúteos fracos, ela recomenda afundos reversos ou step-ups, com ou sem peso.

As pessoas que desenvolvem desequilíbrios musculares por passarem muitas horas sentadas à mesa do escritório devem trabalhar o fortalecimento da parte superior das costas, que pode ficar fraca quando se fica curvado. Alguns exercícios que você pode tentar são remadas curvadas, balanços com kettlebell ou levantamento terra romeno.

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Em última análise, quer você levante pesos, faça esporte de resistência ou passe horas no computador, deve variar seus movimentos pelo menos algumas vezes por semana. Os ciclistas de longa distância podem tentar nadar ou fazer caminhadas e os funcionários de escritório devem fazer intervalos durante o dia para mudar de posição e se movimentar.

Felizmente, não leva muito tempo para resolver o problema, afirma Calley, se você se concentrar no treinamento de força e variar regularmente seus movimentos./ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Este artigo foi originalmente publicado no The New York Times.

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