Dor no quadril: o que pode ser? Quando se preocupar?

Incômodo pode ter relação com diferentes fatores, como desgaste, inflamação e exercícios; entenda

PUBLICIDADE

Por Beatriz Bulhões

Um belo dia, ao abaixar para amarrar os sapatos, você percebe um desconforto estranho na virilha. Como não é uma dor forte e atinge apenas um dos lados da perna, ignora. Mas a dor volta a aparecer e fica mais intensa: você pode estar diante de um quadro de artrose, artrite ou outra doença reumática.

Um estudo publicado na revista científica The Lancet Reumatology estima que 14,8% das pessoas acima de 30 anos convivem com a artrite atualmente e, em 2050, até 1 bilhão de pessoas sofrerão com alguma forma da doença, que costuma afetar principalmente as articulações das mãos, dos joelhos e dos quadris.

Dor no quadril pode ter diferentes origens e merece atenção Foto: New Africa/Adobe Stock

PUBLICIDADE

“Em termos médicos, quadril é a articulação da cabeça do fêmur com a bacia, por isso temos dois quadris, direito e esquerdo”, diz Leandro Ejnisman, ortopedista especialista em quadril do Hospital Israelita Albert Einstein.

Ele conta que as dores mais comuns na região ocorrem na parte superior frontal da coxa, próximo à virilha, ou na parte lateral, também conhecida como culote. “De modo geral, a dor costuma ser causada por um processo de desgaste da articulação ou por alterações do tendão”, afirma.

Publicidade

Doenças reumáticas

Esse desgaste da articulação é chamado de artrose ou osteoartrite. Apesar de ser mais frequente em pessoas idosas, a doença pode acometer indivíduos de diversas idades: Ejnisman conta que tem recebido cada vez mais pacientes na faixa de 50 anos.

Daniel Daniachi, ortopedista especialista em quadril do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, acrescenta que a maioria das pessoas percebe a dor ou desconforto durante movimentos simples, como amarrar os cadarços ou sair de um carro.

“De repente, você começa a perceber que está com uma dificuldade maior para calçar a meia”, exemplifica. “Isso não é o tipo de coisa que costuma acontecer do dia para a noite. Você sente aos pouquinhos.”

Por isso, Daniachi destaca a importância de procurar um médico. É normal sentir dor por conta de uma atividade específica fora da rotina, contudo, se o incômodo persiste por dias, ainda que fraco, é hora de buscar ajuda.

Publicidade

Exercícios

Pessoas que costumam se exercitar com frequência podem sentir dor no quadril após um impulso maior. Um jogador de futebol, por exemplo, que acelera ao limite para fazer o gol, pode ter dor no quadril relacionada a esse esforço.

Atletas também podem sofrer com o chamado impacto femoro-acetabular, uma condição em que o contato inadequado do fêmur com a bacia provoca dor na região da virilha.

Há ainda a lesão do lábio acetabular, como ocorreu com Guga. “No final da década de 1990, quando Guga fez a cirurgia, retirávamos esse lábio acetabular e isso costumava prejudicar o desempenho. Hoje é possível cuidar sem precisar retirar”, compara Ejnisman.

Outra fonte do incômodo pode ser uma inflamação decorrente do desequilíbrio entre os músculos da região. Nesses casos, alguns músculos são mais exercitados e ficam mais fortes do que outros. Veja aqui alguns sinais desse problema e como equilibrar a musculatura.

Publicidade

Tendinite

Outra causa de dor no quadril é a tendinite, uma inflamação nos tendões. Conforme Daniachi, essa doença acomete mais mulheres, principalmente acima dos 50 anos, e é sentida na lateral da coxa.

“Normalmente, essa dor está relacionada a problemas hormonais, na fase na menopausa, e também pode ocorrer em pessoas com endometriose”, explica.

A tendinite também pode estar relacionada a uma “fraqueza muscular generalizada”, como num caso de obesidade.

Tratamento

O tratamento varia de acordo com a doença e, principalmente, com a situação e a resposta do paciente.

Publicidade

De acordo com os médicos, quando a pessoa é tratada desde o início, pode ter melhora dos sintomas com remédios e a possibilidade de cirurgia é afastada. Porém quando o desgaste ou a inflamação é muito grande, pode ser necessária a colocação de uma prótese.

Por isso, enfatizam, é importante não ignorar os sintomas — mesmo que ocorram apenas ao amarrar os sapatos — e iniciar o tratamento o quanto antes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.